Capítulo 6

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"Já faz um ano, acho que descobri como te deixar ir e esperar a comunicação morrer. E agora eu sei, você sabe... nós sabemos que não fomos feitos um para o outro e está tudo bem. Mas se o mundo estivesse acabando, você viria, certo? Você me amaria, certo? Se o mundo estivesse acabando, todos os nossos medos seriam irrelevantes. O céu estaria caindo e eu te abraçaria forte, e não haveria nem sequer um motivo pelo qual tivéssemos que dizer adeus."

Julho, 2017

Carrick saiu de mais uma ligação com Christian, daquela vez eles ficaram por uma hora e meia ao telefone, infelizmente Grace estava no hospital trabalhando e não pôde participar. Christian ligava uma vez no mês, era o permitido, e eles falavam de tudo.

Menos de Ana.

Ele nunca perguntava dela, e Carrick e nem Grace julgavam.

Eles até preferiam.

Ainda mais em vista da situação real que viviam com a menina.

O relógio batia 23h55min e Carrick não fazia ideia de onde sua estava, mas havia recebido mais uma ligação mais cedo do diretor da escola avisando que Ana não havia aparecido mais uma vez nas aulas. Ele não sabia mais o que fazer. Estava até mesmo levando a garota agora, ia até o portão da escola, e como uma criança,  observava entrar nas dependências.

Mas ela fugia.

Ou então sequer entrava nas aulas.

E sabe se Deus onde ela ia depois de lá porque Carrick e nem Grace a viam até que ela decidisse voltar para casa.

Uma vez chegou bebada. Uma vez chegou mais do que bebada. Uma vez ela chegou com os olhos tão vermelhos e o corpo parecia em combustão e Carrick preferiu não saber seu estado, apenas a jogando debaixo da água fria, tendo Grace chorando do outro lado do corredor porque no suportava ver sua filha de destruindo daquela forma.

Podia parecer drama para quem visse de fora, mas a verdade era que Ana não estava sofrendo pela perda do namorado, ela estava sofrendo o luto de alguém da sua família, do seu irmão mais velho, só seu melhor amigo.

Era uma tragedia não poder ligar para Christian quando sentia que precisava conversar, era horrível não poder correr para o quarto dele e encontrá-lo lá, para ela era como perder o próprio coração não ter ele.

Eles tentaram levá-la a um psicólogo.

Ana quebrou o consultório todo do homem.

Eles tentaram novamente.

E Ana apenas ficou calada o tempo inteiro.

Grace já estava chegando ao passo de uma clínica. Tinham medo de até onde Ana poderia ir.

Carrick passou a mão pelo rosto de forma exasperada.

Grace logo ligaria novamente, iria perguntar como foi a ligação com Christian, iria perguntar como Ana estava, se ela já havia chegado.

E Carrick não sabia se gostaria de dizer que não havia, ou que havia. Porque o estado de Ana quando chegava em casa depois da meia noite tornava mais positivo quando a resposta era "não".

A porta da casa se abrindo foi com estrondo, e Carrick se levantou rapidamente, logo conseguindo ver sua filha entrar de forma desengonçada.

Ana não tinha um carro porque eles prometeram que só dariam com dezoito anos, mesmo que a garota já tivesse a carteira de motorista desde os dezesseis. Havia sido assim com Christian também. Mas ela não via problema algum em pegar carona, e Carrick observou dessa vez um utilitario preto saindo cantando pneu da sua rua.

50 Tons de EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora