Cap 2

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Meus olhos se arregalaram, fecho minhas mãos com força sentindo um sentimento de desespero pelo meu corpo. Matthew alivia a força de sua mão sobre minha boca, facilitando que eu respirasse.

Então o rapaz se coloca a minha frente.

— Não diga nada, não faça nada... — Ele sussurra.

Então eu afirmo com minha cabeça, olhando fixamente para o mesmo.

— Vamos! Apareçam, não me façam escolher! — A voz que vinha de fora parecia agora passar por de frente à porta do quarto em que estávamos.

"O que estava acontecendo ali?"

Como se pudesse ler meus pensamentos, Matthew novamente desvia seu olhar a mim. — Ele é um demônio, ele está atrás de alguém para matar, é assim toda noite...

Eu sei que procurava por respostas, mas aquilo literalmente não me tranquilizou ao saber. Porque um demônio matava pessoas toda noite? Porque elas continuavam aqui sabendo disso?

— Vamos Lilith! Apareça sua vadia! Ou eu irei acabar um por um com todos os seus ratinhos de laboratório! — A voz era grossa, e transparecia todo o ódio que vinha dela.

Meus olhos então se fecharam fortemente, sentindo os mesmos arderem, e uma lágrima então acaba por cair, fazendo meu corpo tremer em um susto, assim que o forte barulho de uma das portas sendo arrombada tomam conta do ambiente, logo em seguida, diversos gritos.

Os gritos eram de desespero, e não vinham só de uma pessoa.

Aquilo me fez querer chorar mais, levando minhas mãos a minha boca para abafar qualquer barulho.

"POR FAVOR NÃO, NÃO!"

Gritavam em meio ao choro. Os barulhos ficaram mais altos, agora pareciam de pessoas se debatendo, junto a corrente sendo arrastada.

"CHRISTOPHER POR FAVOR!"

A voz parecia ser de uma mulher. Meu corpo se arrepiou por inteiro, sentindo um aperto no peito imaginando a situação. Matthew continuava a minha frente, imóvel, olhando fixamente em meus olhos fazendo sinal com os dedos sobre seus lábios para que fizesse silêncio. Os gritos ficaram mais intensos, se misturando com o choro. Era desesperador.

O barulho de correntes sendo arrastadas agora ficou mais intenso.

E em meio de todo ao som de todo sofrimento, por um segundo, foi possível ouvir uma risada.

Uma irônica e maligna risada. A do demônio.

Logo depois, tudo ficou em silêncio novamente, de um segundo ao outro.

— Foi um prazer, estar aqui novamente mais uma noite. — A voz rouca ecoa novamente por todo ambiente, logo depois foi possível ouvir o som de seus passos se distanciando.

Meu olhar vai diretamente a Matthew, desviando para porta, vendo de relance ele balançar a cabeça em negação.

— Não, não faça o que está pensando, você não quer ver isso... — Ele sussurra, dando um passo para trás.

— O que...O que acabou de acontecer? — Minha voz falha, sentindo meus olhos arderem novamente.

O som das portas do corredor serem abertas pode ser ouvido, em seguida alguns gritos, dos quais fizeram meu corpo estremecer novamente. Sem pensar muito, em passos rápidos caminho até a porta, virando a maçaneta e abrindo a mesma.

— Não, não vai... — Matthew apressa seus passos atrás de mim, mas creio que o que ele queria evitar que meus olhos acabassem por ver, já era tarde.

Ao abrir a porta, a visão foi uma das piores que eu já havia presenciado.

Um corpo estava acorrentado e amarrado somente pelo pescoço em meio ao corredor. Completo de sangue e ferimentos do que parecia uma faca afiada, seus olhos, arrancados do corpo e jogados pelo chão.
  As pessoas começaram a sair de seus quartos, alguns começaram a gritar aterrorizados com a cena, outros, olhavam de forma totalmente fria e passavam pelo corpo caminhando como se nada estivesse acontecido ali.

Meu coração disparou, disparou muito. Meu peito doeu, foi então que ficou mais difícil de respirar. Sinto minhas costas baterem contra a parede atrás de mim, então fecho meus olhos novamente evitando de olhar para aquela cena, mas ela parecia estar gravada em minha mente. O cheiro forte de sangue exalou pelo ambiente, o gritos de algumas pessoas também aterrorizadas com aquilo faziam meu coração bater ainda mais forte, eu estava começando a ter um ataque de pânico.

Meu peito doía, parecia não ter ar para respirar. Sinto alguém me tocar, e em um susto abro meus olhos novamente.

— Olha pra mim, somente para mim. — Matthew se coloca a minha frente, apertando meus ombros.

Tento controlar minha respiração, puxando todo ar que podia pela minha boca, estava difícil.

— Ela está com você? — Meu olhar desvia de Matthew a menina que acaba de se colocar ao seu lado, vindo correndo em passos apressados, era a mesma que estava no quarto anterior, Emily.

— Eu acho que ela está tendo algum tipo de crise não sei... — Matthew responde com as palavras enroladas, tentando explicar a situação.

— É um ataque de pânico. — Responde a garota, colocando uma de suas mãos sobre meu braço. — Me deixe ajudar.

Eu realmente não sei se podia confiar naquelas pessoas, mas eu estava realmente desesperada com o coração palpitando tão forte que parecia querer sair do meu peito, então apenas confirmo com a cabeça olhando a garota.

Ela fecha seus olhos, se concentrando, sussurrando palavras colocando sua outra mão sobre meu peito, então eu senti o mesmo se aquecer, percebendo minha respiração ir voltando ao normal aos poucos.

— Tudo bem? — Matthew questiona, ainda segurando meus ombros. Ele realmente parecia preocupado.

Afirmo com a cabeça, desviando meu olhar novamente para onde o corpo daquele homem estava anteriormente, vendo algumas pessoas se juntando para o tirar dali.

— Eu acho que sim. — Respondo com a voz baixa, percebendo minha respiração já melhor.

— E Cassie? — O moreno questiona.

— Está com o Ethan, nós nos escondemos no refeitório. — Emily responde tirando suas mãos sobre mim. — É melhor tirar ela daqui e voltar para lá, quanto antes saber sobre este lugar melhor.

Matthew concorda com a cabeça.

Eu não tinha muita opção, e eles me ajudaram de alguma forma, então não tentei resistir, afinal eu não queria mesmo ficar ali. Matthew se distancia tirando suas mãos sobre mim, Emily começa a caminhar e eu vou logo em seguida, começando a dar passos um tanto quando apressados naquele longo corredor escuro.

— Ariela certo? — A garota questiona a minha frente enquanto caminha, mas em nenhum momento olhou para trás.

— Isso, mas você sabe como...? — Pergunto confusa, não me lembro de ter mencionado meu nome em nenhum momento na nossa breve "discussão" anterior.

— Ah garota. — Ela diz em um tom irônico. — Sabemos muito sobre muitas pessoas antes mesmo delas entrarem aqui...

Ela da uma breve pausa, abrindo a grande porte enferrujada a sua frente, dando acesso a um lugar bem maior e com mais luminosidade. Pelas grandes mesas e suas cadeiras postas ao lado, logo entendi que se tratava do refeitório em que comentaram antes.

— E você, infelizmente ou felizmente è a última.

A porta e fechada atrás de mim, assim que Matthew entra.

Por alguns segundos meus pensamentos ficam confusos com o que a garota havia acabado de dizer, o que aquilo significava? E ao mesmo tempo, meu olhar observava todo aquele local. Era tudo muito velho, empoeirado, e o cheiro permanecia ainda forte, mas não tanto quanto o daqueles quartos e corredor.

— Eu sei que você tem muitas perguntas, e prometo que se tiver paciência vamos responder todas elas, ou tentar... — Emily diz agora se virando a mim.

Respiro profundamente, balançando com a cabeça. Eu queria respostas, então era melhor ouvir o que ela tinha a dizer.

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