Meus olhos se arregalaram, fecho minhas mãos com força sentindo um sentimento de desespero pelo meu corpo. Matthew alivia a força de sua mão sobre minha boca, facilitando que eu respirasse.
Então o rapaz se coloca a minha frente.
— Não diga nada, não faça nada... — Ele sussurra.
Então eu afirmo com minha cabeça, olhando fixamente para o mesmo.
— Vamos! Apareçam, não me façam escolher! — A voz que vinha de fora parecia agora passar por de frente à porta do quarto em que estávamos.
"O que estava acontecendo ali?"
Como se pudesse ler meus pensamentos, Matthew novamente desvia seu olhar a mim. — Ele é um demônio, ele está atrás de alguém para matar, é assim toda noite...
Eu sei que procurava por respostas, mas aquilo literalmente não me tranquilizou ao saber. Porque um demônio matava pessoas toda noite? Porque elas continuavam aqui sabendo disso?
— Vamos Lilith! Apareça sua vadia! Ou eu irei acabar um por um com todos os seus ratinhos de laboratório! — A voz era grossa, e transparecia todo o ódio que vinha dela.
Meus olhos então se fecharam fortemente, sentindo os mesmos arderem, e uma lágrima então acaba por cair, fazendo meu corpo tremer em um susto, assim que o forte barulho de uma das portas sendo arrombada tomam conta do ambiente, logo em seguida, diversos gritos.
Os gritos eram de desespero, e não vinham só de uma pessoa.
Aquilo me fez querer chorar mais, levando minhas mãos a minha boca para abafar qualquer barulho.
"POR FAVOR NÃO, NÃO!"
Gritavam em meio ao choro. Os barulhos ficaram mais altos, agora pareciam de pessoas se debatendo, junto a corrente sendo arrastada.
"CHRISTOPHER POR FAVOR!"
A voz parecia ser de uma mulher. Meu corpo se arrepiou por inteiro, sentindo um aperto no peito imaginando a situação. Matthew continuava a minha frente, imóvel, olhando fixamente em meus olhos fazendo sinal com os dedos sobre seus lábios para que fizesse silêncio. Os gritos ficaram mais intensos, se misturando com o choro. Era desesperador.
O barulho de correntes sendo arrastadas agora ficou mais intenso.
E em meio de todo ao som de todo sofrimento, por um segundo, foi possível ouvir uma risada.
Uma irônica e maligna risada. A do demônio.
Logo depois, tudo ficou em silêncio novamente, de um segundo ao outro.
— Foi um prazer, estar aqui novamente mais uma noite. — A voz rouca ecoa novamente por todo ambiente, logo depois foi possível ouvir o som de seus passos se distanciando.
Meu olhar vai diretamente a Matthew, desviando para porta, vendo de relance ele balançar a cabeça em negação.
— Não, não faça o que está pensando, você não quer ver isso... — Ele sussurra, dando um passo para trás.
— O que...O que acabou de acontecer? — Minha voz falha, sentindo meus olhos arderem novamente.
O som das portas do corredor serem abertas pode ser ouvido, em seguida alguns gritos, dos quais fizeram meu corpo estremecer novamente. Sem pensar muito, em passos rápidos caminho até a porta, virando a maçaneta e abrindo a mesma.
— Não, não vai... — Matthew apressa seus passos atrás de mim, mas creio que o que ele queria evitar que meus olhos acabassem por ver, já era tarde.
Ao abrir a porta, a visão foi uma das piores que eu já havia presenciado.
Um corpo estava acorrentado e amarrado somente pelo pescoço em meio ao corredor. Completo de sangue e ferimentos do que parecia uma faca afiada, seus olhos, arrancados do corpo e jogados pelo chão.
As pessoas começaram a sair de seus quartos, alguns começaram a gritar aterrorizados com a cena, outros, olhavam de forma totalmente fria e passavam pelo corpo caminhando como se nada estivesse acontecido ali.Meu coração disparou, disparou muito. Meu peito doeu, foi então que ficou mais difícil de respirar. Sinto minhas costas baterem contra a parede atrás de mim, então fecho meus olhos novamente evitando de olhar para aquela cena, mas ela parecia estar gravada em minha mente. O cheiro forte de sangue exalou pelo ambiente, o gritos de algumas pessoas também aterrorizadas com aquilo faziam meu coração bater ainda mais forte, eu estava começando a ter um ataque de pânico.
Meu peito doía, parecia não ter ar para respirar. Sinto alguém me tocar, e em um susto abro meus olhos novamente.
— Olha pra mim, somente para mim. — Matthew se coloca a minha frente, apertando meus ombros.
Tento controlar minha respiração, puxando todo ar que podia pela minha boca, estava difícil.
— Ela está com você? — Meu olhar desvia de Matthew a menina que acaba de se colocar ao seu lado, vindo correndo em passos apressados, era a mesma que estava no quarto anterior, Emily.
— Eu acho que ela está tendo algum tipo de crise não sei... — Matthew responde com as palavras enroladas, tentando explicar a situação.
— É um ataque de pânico. — Responde a garota, colocando uma de suas mãos sobre meu braço. — Me deixe ajudar.
Eu realmente não sei se podia confiar naquelas pessoas, mas eu estava realmente desesperada com o coração palpitando tão forte que parecia querer sair do meu peito, então apenas confirmo com a cabeça olhando a garota.
Ela fecha seus olhos, se concentrando, sussurrando palavras colocando sua outra mão sobre meu peito, então eu senti o mesmo se aquecer, percebendo minha respiração ir voltando ao normal aos poucos.
— Tudo bem? — Matthew questiona, ainda segurando meus ombros. Ele realmente parecia preocupado.
Afirmo com a cabeça, desviando meu olhar novamente para onde o corpo daquele homem estava anteriormente, vendo algumas pessoas se juntando para o tirar dali.
— Eu acho que sim. — Respondo com a voz baixa, percebendo minha respiração já melhor.
— E Cassie? — O moreno questiona.
— Está com o Ethan, nós nos escondemos no refeitório. — Emily responde tirando suas mãos sobre mim. — É melhor tirar ela daqui e voltar para lá, quanto antes saber sobre este lugar melhor.
Matthew concorda com a cabeça.
Eu não tinha muita opção, e eles me ajudaram de alguma forma, então não tentei resistir, afinal eu não queria mesmo ficar ali. Matthew se distancia tirando suas mãos sobre mim, Emily começa a caminhar e eu vou logo em seguida, começando a dar passos um tanto quando apressados naquele longo corredor escuro.
— Ariela certo? — A garota questiona a minha frente enquanto caminha, mas em nenhum momento olhou para trás.
— Isso, mas você sabe como...? — Pergunto confusa, não me lembro de ter mencionado meu nome em nenhum momento na nossa breve "discussão" anterior.
— Ah garota. — Ela diz em um tom irônico. — Sabemos muito sobre muitas pessoas antes mesmo delas entrarem aqui...
Ela da uma breve pausa, abrindo a grande porte enferrujada a sua frente, dando acesso a um lugar bem maior e com mais luminosidade. Pelas grandes mesas e suas cadeiras postas ao lado, logo entendi que se tratava do refeitório em que comentaram antes.
— E você, infelizmente ou felizmente è a última.
A porta e fechada atrás de mim, assim que Matthew entra.
Por alguns segundos meus pensamentos ficam confusos com o que a garota havia acabado de dizer, o que aquilo significava? E ao mesmo tempo, meu olhar observava todo aquele local. Era tudo muito velho, empoeirado, e o cheiro permanecia ainda forte, mas não tanto quanto o daqueles quartos e corredor.
— Eu sei que você tem muitas perguntas, e prometo que se tiver paciência vamos responder todas elas, ou tentar... — Emily diz agora se virando a mim.
Respiro profundamente, balançando com a cabeça. Eu queria respostas, então era melhor ouvir o que ela tinha a dizer.
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SELOS
Mystery / ThrillerEm meados de 1823, Ariela se vê em perigo após perceber que fazia parte de um plano macabro de um demônio. Lilith, havia reunido seres sobrenaturais de diversas espécies, com o plano de libertar Lúcifer do inferno. Para isso, Lilith precisava quebra...