O domingo transcorreu normal e Marília mal podia esperar para contar seu "mico" a uma colega de trabalho que mais se aproximava de uma amiga. Iriam dar boas gargalhadas juntas.
Na segunda-feira, ao chegar ao trabalho, Marília encontrou um monte de tarefas pendentes que ela já havia esquecido que deixara quando findara o expediente . Caiu de cabeça nas tarefas, esquecendo-se de tudo o mais. Só ao chegar em casa, à noite, é que lembrou que havia esquecido de contar à colega o episódio do "vampiro da internet". No dia seguinte, não escaparia.
Mas, no dia seguinte, foi recebida por essa colega com uma notícia: teriam que viajar às pressas, por conta de um trabalho extra. Mal teve tempo de arrumar suas malas e pegar o avião que a empresa já havia deixado agendado, mas não haviam comunicado a elas até àquela hora.
Marília e Juliana partiram e após estarem devidamente instaladas no hotel, Marília disse à Juliana que tinha uma história para contar, mas essa história só pôde ser contada à noite, quando retornaram ao hotel, já que tiveram que sair para resolver os assuntos que as levaram a fazer essa viagem.
Deitadas nas camas, no quarto duplo que dividiam, Marília relatou sua história, mas (não sabia dizer o porquê), não relatou a parte dos seus segredos. Como previsto, deram boas gargalhadas, mas Juliana não achou tão louco assim.
Disse que já havia acontecido com ela uma conversa estranha numa sala de bate-papo e confessou que havia sentido medo também. Riram mais um pouco e Marília sentiu-se mais segura após aquela conversa, chegando à conclusão de que havia sido fantasiosa e que não mais entraria na internet para falar com aquele estranho.
Durante um dos trabalhos naquela cidade onde estavam, Marília e Juliana precisaram se deslocar até uma cidade vizinha. A viagem seria de umas quatro horas e elas precisariam acordar de madrugada.
Marcaram com o motorista do carro alugado, para estar na porta do hotel, precisamente às 03:00h da madrugada, pois assim chegariam ao seu destino às 7:00h, como precisavam.
Tudo transcorreu conforme combinado. Passaram o dia nesta cidade vizinha e retornaram à noite, com o mesmo motorista que havia ficado à disposição.
Na volta, como haviam acordado muito cedo, Marília notou que Juliana já havia caído no sono, no banco de trás. Ela vinha na frente, conversando com o motorista, mas, de repente, não sabendo explicar em qual momento, Marília cochilou. Ou achou que havia cochilado, já que acordou com o seu próprio grito.
Juliana acordou assustada, e o motorista quase perde a direção, devido ao susto.
Resolveu encostar o carro e os dois questionaram o que havia acontecido.
Marília, meio sem graça, disse que parece ter tido um pesadelo.
– Como? – Questionou-lhe o motorista. – Como teve um pesadelo, se a Sra. estava acordada, conversando comigo e de repente deu o maior grito?
– Eu... Eu... Não sei. – gaguejou Marília. – Me pareceu que eu estava dormindo e senti... E senti...
– Sentiu o que, Marília? – perguntou Juliana aflita.
– Nada, nada não, July. Deixa pra lá. Desculpem, vamos embora.
Juliana deu de ombros, pois já conhecia a amiga. Sabia que ela só falaria quando chegasse ao hotel. Não falaria nada com um estranho por perto. Mas Juliana iria querer saber o que houve, ah, se iria!
Mal desceram do carro, Juliana foi atacando:
– Desembucha, minha filha. O que houve?
– O que, July? Do que está falando?
– Não se faça de desentendida. Que grito foi aquele? Sentiu o quê? Foi coisa lá daquela história de vampiro, não foi? Eu sabia que isso ia ficar remoendo sua cabeça!
– Calma, July. Foi... Foi... Bem, não sei. Agora que você falou... Bem... Vou lhe contar: eu estava falando com o motorista, mas foi tão real que, como não poderia ser verdade, achei que tinha cochilado.
– Sim, e daí, o que foi?
– Eu estava conversando e, de repente, foi como se eu não estivesse ali dentro do carro. Me "vi" em outro lugar. Eu estava de pé e junto de mim tinha um homem, mas eu não via o rosto dele. Só sei que era alto, muito alto, porque ele se curvou e... e...
– E...???? E o quê? Quer me matar, mulher? Fala!
– E me beijou!!! Senti seus lábios frios tocarem nos meus.
Um beijo leve, frio, mas que me deu uma sensação de calor pelo corpo todo. Nessa fração de segundo em que eu estava conversando com o motorista, me senti num mundo estranho, num lugar nunca visto e levei o beijo mais ardente que já senti. E olha que só foi um leve tocar de lábios!
– Puxa, que legal! Quero dizer: que estranho... Ah! Sei lá. E daí? Por que você gritou?
– Aí é que está o estranho: gritei quando nossos lábios se separaram e eu vi o rosto dele, mas não me pergunte como é, pois não me lembro. Só sei que senti um medo terrível e, ao mesmo tempo, era como se eu tivesse tomado um susto por ver QUEM era.
– E quem era?
– Não sei! Não lembro!
– Ah! Está bem. Vamos entrar no hotel – disse Juliana, sacudindo a cabeça.
A amiga estava ficando lélé da cuca....
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O Vampiro da Internet
FantasyA solitária Marília parece ter encontrado um meio de trazer mais ânimo à sua vida: a sala de chats da internet. Ao acessar uma delas, Marília o faz como passatempo, sem grandes expectativas. Mas logo percebe um inusitado frequentador de sala de bate...