Serpente branca *1*

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*Primeiro capítulo:*

O meu nome é Serpente Branca. Eu sei, é um nome estranho, mas agora irei explicar o porquê de me chamar assim.



O meu verdadeiro nome é Lilian, sou uma bruxa de Salem e tenho vinte e oito anos.



Quando tinha uns quinze anos, caçadores de bruxas invadiram Salem e dizimaram a cidade quase toda e é quase toda só pelo facto de que eu consegui fugir.



Os meus pais eram chamados de língua de serpente, por todo o pessoal da cidade, o porquê eu não sei... Eles decidiram criar um kit de emergência com B.I falso feito com magia e livros de magia, de modo a que pudéssemos viver sozinhos caso houvesse algum problema.



Quando eu fugi vi os meus pais serem mortos, a minha mãe, Branca, foi queimada viva na fogueira e o meu pai, vi-o a ter de assistir a tudo e depois cortarem-lhe a garganta.



Fiquei sozinha no mundo, sem família, sem cidade, a ser perseguida por caçadores, então decidi afastar-me disto tudo e começar uma vida nova num país novo e decidi ir para o Brasil.



No Brasil, comecei uma vida nova, não precisava de trabalhar porque conseguia ter tudo devido à magia, embora tivesse muito cuidado a usá-la, só mesmo em tempos de aflição é que usava mais vezes.



Um dia, estava a passear no parque e vi-o pela primeira vez.



Ele era bonito, entroncado, cabelo encaracolado e loiro, e tatuagens. Eu reparei nele na hora e vi que ele também reparou em mim.



Eu tinha medo de entregar o meu coração, toda eu era drama, sozinha e perdida no mundo e a sensação e o pensamento de ter outra pessoa a entrar na minha vida, outra pessoa para amar que pudesse ser um alvo era demasiada dor para mim.



Todos os dias ia ao jardim e ficava a observá-lo e passado um tempo começamos a falar e a sair juntos, até que começamos a namorar.



Hoje, véspera de Halloween, o único dia de verdade que posso ser eu mesma, em que posso dizer que toda a magia que faço são apenas truques, tomei a decisão de falar com David, o meu namorado, sobre darmos o próximo passo na nossa relação, o passo de viver juntos,uma vez que, faz cinco anos que namoramos.



O meu coração está acelerado, as minhas mãos estão suadas, não sabia como minhas pernas aguentavam o peso do meu corpo pois pareciam que iriam tremer e ceder a tanto nervosismo.



Eu sabia bem onde ele estava e até achava poético que fosse tomar essa decisão no sitio em que o vi pela primeira vez, no parque.



O parque estava tão belo e florido, o frescor do vento agitava meus cabelos, a única coisa que eu queria era que ele me olhasse apaixonadamente e dissesse que aceita ir viver junto comigo.



Saí procurando por entre as árvores com folhas amareladas e alaranjadas do Outono, esperando que ele aceitasse essa minha decisão, mas, ainda assim, com medo da sua reação.



Senti o meu corpo formiga e senti que estava algo extremamente errado, sabia que era com o David, mas não sabia o que era.



Comecei a correr para o nosso sítio favorito e vi-o lá em pé a sorrir, com aquele sorriso que eu amava com as covinha nas bochechas e sorri com o coração mais aliviado, até que me apercebi que, na realidade, ele não estava lá sozinho, havia outra garota.



Quando reparei quem ela era até me veio náuseas à boca, reparei na hora que era a garota que me infernizava a vida sempre que ia ao centro comercial sozinha, ou ao parque, ou a qualquer outro lado que ela me visse.



Comecei a andar devagar em direção a eles a tentar ouvir a conversa mas, o que eu vi foi bem pior do que qualquer palavra ou qualquer outra coisa, o meu namorado de cinco anos, a quem eu entreguei o meu coração, a quem eu confiei, beijou a minha inimiga.



Lágrimas começaram a cair dos meus olhos e ouço um grito mas, quando vejo todos a olharem para mim percebo que fui eu que gritei e um sentimento de raiva começou a percorrer por mim a cima.



Comecei a tremer toda, pensei que ia cair no chão a chorar de raiva, mas, quando olhei para as minhas mãos, comecei a ver faíscas a saírem delas.



Eu sentia-me a perder o controle mas não podia. Comecei a dar passos atrás e corri no sentido inverso ao que tinha feito.



Eu não conseguia acreditar, a única pessoa que eu tinha na minha vida tinha acabado de me trair com alguém que eu odeio e que ele sabia.



Senti o meu coração a partir-se aos bocados e a depressão a atingir-me. Todos os sentimentos que senti ao perder todas as pessoas que já amei um dia, me invadiram e corri sem poder mais.

Assombração Literária: coletânea de contos assombrososOnde histórias criam vida. Descubra agora