Serpente branca *2*

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Segundo capitulo:*

Agoniada, não parava de me perguntar o porquê de ele me ter feito isto ainda por cima com aquela víbora. O que será que ela tinha de tão especial para ele ter acabado com cinco anos de namoro comigo, com este único ato.



Comecei a sentir meu peito sufocado. Como se minhas pernas sentissem meu desespero, elas continuaram a correr em direção a minha casa, o mais rápido que pudesse antes que perdesse o controle.



Finalmente cheguei a casa e subi as escadas como um foguete, tranquei a porta e me deitei na cama. Senti lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas completamente cheias de sardas.


O travesseiro e meu cabelo ruivo começaram a ficar molhados, devido às lágrimas mas a minha raiva continuava a debater-se para sair em modo de magia e senti meu rosto queimar.



Numa tentativa de limpar meu rosto, fui ao banheiro, o lavar. Quando terminei de lavar meu rosto e ergui minha cabeça, comecei a me encarar no espelho, e não pude deixar de me comparar a ela. Eu sou ruiva de olhos verdes, ela é morena com os olhos escuros, somos muito diferentes.



- Porque fizeste isto comigo?? - gritei eu em desespero.



Será que ele gosta mais dela por causa das tatuagens que ela tem de cobras e dragões no corpo todo dela? Será que é pelos cabelos deles serem parecidos e ele começa a imaginar os filhos com ela?



Levei as mãos à cabeça completamente arrasada e a raiva libertou-se em modo de energia e todo o meu corpo ficou coberto por chamas.



Vi todo o processo no espelho da casa de banho e quando acabou finalmente entendi o porquê de chamarem a toda a gente da minha família línguas de Serpente.



Quando ouvi chamarem-nos assim eu imaginei que fosse porque falávamos mal das pessoas nas costas delas mas, agora, vendo-me ao espelho, entendo perfeitamente.



O meu rosto ficou igual, no entanto, os meus cabelos ruivos tornaram-se brancos, os meus olhos estavam achatados e a sua cor era vermelho vivo.



Também a roupa tinha mudado, em vez de uma camisola de alças que era o que estava a usar na altura, fiquei com uma túnica toda branca a cobrir o meu corpo, colans pretas a cobrir as minhas pernas em vez das calças e sapatos de salto alto pretos.



Esta era a forma como muitas bruxas da minha cidade andavam quando eu era mais nova e eu finalmente via-as em mim. Todos eles estavam em mim. Eu sentia a presença de todos eles na minha mente, como uma simbiose de mentes.



O desgaste da magia foi tão grande que desmaiei, tanto de cansaço como de dor e desespero. Tudo o que eu sentia é queria era vingança contra eles os dois, os culpados de eu me ter transformado e deixado levar pelo meu poder mais sombrio.



Acordei com pancadas desesperadas na porta e ouvi a voz dele, enquanto batia na porta.



- Lilian!! Abre a porta amor!! - gritou David.



Ao ouvi-lo chamar-me de amor raiva invadiu as minhas veias e toda eu era raiva e se eu não me acalmasse acabava a destruir esta casa toda.



- Lilian eu sei que estás aí! Responde! - gritou David de forma mais autoritária. - O que tu viste ali no jardim não é o que imaginas. Ela vai sair da cidade, vai ter com a minha irmã ao estrangeiro só nos estávamos a despedir. - continuou ele a mentir.



- Ao estrangeiro... Pois sim. - disse eu baixinho para apenas os meus ouvidos.



- Lilian eu até já comprei os fatos que me pediste para o Halloween, para a festa. Se não me falares vou ter de ir sozinho ou de dar o fato à outra pessoa e a festa é já amanhã.



Soltei magia elétrica fazendo-os levar choques e ficar com queimadura na mão.



- Mas que merda? Que se passa aqui? - perguntou ele atónito.



Com a minha magia fiz ventos fortes começarem perto da casa para o fazer sair dali e deixar-me em paz. As árvores à volta da casa rugiam com o vento, folhas soltava-se dos seus ramos e eu vi o medo nos olhos de David através da janela.



- Vou-me embora agora Lilian!!! Tu é que perdes! - gritou David dando as costas à casa e a mim.



Sentei-me no chão, acalmei os meus nervos e chorei até as lágrimas ficarem secas. Lembrei-me de todas as vezes que os tinha visto juntos e de todas as mentiras que ele contou sobre eles serem amigos à anos por ela ser melhor amiga da irmã dele.



- Como pude ser tão estúpida?? - chorei chateada comigo mesma.



Quando me acalmei, me levantei lentamente, um pouco tonta e decidi acabar com o nome de Lilian e que já que ele gosta tanto de serpentes, resolvi me dar o nome de "Serpente Branca", Serpente em honra do nome que os meus pais tinham em Salem e Branca, não só por ser o nome da minha mãe mas também pela cor do meu cabelo.



O David ia provar do monstro e da bruxa que tinha acabado de criar. Ia provar o veneno do que significa enganar uma bruxa e tentar fazê-la passar por parva.

Assombração Literária: coletânea de contos assombrososOnde histórias criam vida. Descubra agora