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Pierre Gasly adorava algumas coisas do mundo automobilístico. A velocidade com que dirigiam carros, a competição ferrenha que podia ter com os outros dezenove pilotos, a Fórmula 1 em sua existência pura era simplesmente o grande fenômeno que regia seus dias, um atrás do outro. Lhe trazia aquela sensação no peito que fazia com que tudo valesse à pena, nenhum esforço era grande demais ou pesado demais... naquele esporte, a velocidade e a adrenalina que vinha junto desta, faziam com que tudo fosse possível, com que tudo fosse alcançável.

Recentemente, ele havia tido a chance de descobrir um outro fator que tornava tudo ainda mais interessante: Yuki Tsunoda.

Não que, conscientemente, ele já tivesse chegado à conclusão de que adorava o japonês a este ponto, mas a falta de conhecimento dessa especificidade não lhe impedia de se sentir extremamente bem todas as vezes que o mais baixo estava por perto e emanando aquele cheiro deliciosamente único que parecia possuir.

Do lado de lá, a compreensão não era realmente um problema. Tsunoda tinha plena consciência de todo o efeito que o francês lhe causava e precisava admitir, ao menos para si mesmo, que ele havia demorado alguns meses para manter os batimentos cardíacos num nível semelhante ao habitual sempre que Pierre entrava na sala ou quando andavam próximos o suficiente para, quase nunca, roçarem os dedos nas costas da mão um do outro entre um passo e o seguinte numa caminhada qualquer pelo paddock.

Não era necessário entrar em detalhes que assisti-lo trocar de roupa para as campanhas da Alpha Tauri exigiam sempre de toda a concentração que o mais baixo poderia ter. Pierre Gasly era, sem dúvidas, o homem mais gostoso da face da Terra e não havia uma só pessoa que pudesse mudar a opinião do asiático sobre o assunto. Principalmente porque ele já havia visto o suficiente do rapaz para saber que até um bagunçar de cabelo, que era muito frequente, tinha seu charme específico.

E tudo estava bem até o breve momento em que não estava mais.

Yuki beijava garotos com mais frequência do que beijava garotas e isso estava muito bem resolvido em sua vida pessoal. Por questões midiáticas, não era um tópico sobre o qual se mostrava disponível a falar sobre, até porque partia do pressuposto de que não devia satisfações públicas a ninguém sobre um assunto como a própria sexualidade. Boa parte do seu círculo social sabia, ele sentia-se confiante e confortável o suficiente para que apesar de ter suas inseguranças e incertezas, aquela nunca fosse uma.

Ainda assim, por uma coincidência estranha da vida, ele nunca beijara nenhum deles na frente de Pierre. Saíam juntos com frequência, seus treinos estavam sempre misturando as duas agendas e mesmo dessa forma, não havia sequer achado um rapaz num momento que dividisse com o companheiro de equipe. Pensando bem, talvez isso se devesse ao fato de que, normalmente, quando dividiam o mesmo ambiente, Yuki deixava que a queda milenar pelo francês anuviasse sua capacidade crítica e de julgamento o que fosse necessário para somente não ter olhos para mais ninguém.

Quem sabe umas garotas, vez ou outra. Deus sabe que ele entendia bem a diferença de estar com elas... mulheres tinham essa coisa deslumbrante sobre si mesmas que somente não existia quando se tratava de homens.

Portanto, quando no meio de uma festa pública, enquanto fora buscar drinks para todos que estavam em sua mesa — consistindo em Gasly, os preparadores físicos dos dois e mais alguns amigos da equipe — e se viu diante de um moreno bem mais alto, que fazia piadas muito interessantes, não pensou muito antes de retribuir o beijo que lhe fora roubado depois de um flerte cheio de segundas intenções.

Tsunoda não se considerava um cara cheio de esperanças infundadas, de algum jeito, sempre sabia que Pierre nunca era uma possibilidade. Pensava que não fosse, pelo menos. Então não se sentia preso àquela remota chance de que um dia talvez, em algum momento, porventura ou esforço da vida... algo acontecesse. Não, não, complicado demais e irreal demais. E sabendo disso, ele enfiou a mão entre os cachos grandes do cabelo do mais alto, que de repente já tinha as mãos bem posicionadas em sua cintura.

Pierre Gasly então, pelo que foi a primeira vez em sua vida, entrou em pleno estado de confusão mental. Primeiro porque não havia qualquer sentido em ver Yuki distribuindo as mãos pelo corpo de um cara completamente aleatório do lado do balcão de bebidas, depois porque desde quando... e o que era toda aquela velocidade com que seu coração estava batendo de repente e o leve tremor em suas mãos? Ele, inclusive, só se percebeu andando quando Pyry segurou seu braço, com um sorrisinho curto nos lábios e que parecia ter muito mais informações do que ele próprio tinha.

"O que você está fazendo, Pierre?"

"Estou indo lá."

"Fazer o que?"

"Ele tá beijando um cara, Pyry."

"E?"

"Desde quando ele beija homens? Você por acaso sabia disso?"

"Desde sempre, praticamente todo mundo sabe... qual o problema?"

E então a pergunta lhe pegou. Qual era o problema? E por que diabos seu coração não parava de bater desesperado dentro do seu peito? As coisas pareciam confusas demais e quando Yuki surgiu cumprimentando aos dois e segurando uma bandeja de drinks coloridos depois do que pareceu uma vida inteira de Gasly ainda olhando para o preparador físico, não houve muita maturidade em si mesmo para fazer qualquer coisa que não fosse dar as costas e agir como se nada tivesse acontecido.

finalmente decidi investir nessa fic e espero que tenham gostado desse primeiro capítulo e que eu volte logo, logo (: comentem o que acharam!

you ⁕ yukierreOnde histórias criam vida. Descubra agora