𝐌𝐢𝐞𝐜𝐳𝐲𝐬𝐥𝐚𝐰 𝐆𝐚𝐧𝐝 𝐙𝐨𝐫-𝐄𝐥 - 𝐓𝐞𝐞𝐧 𝐖𝐨𝐥𝐟

Mieczyslaw?

Sob o silêncio de Beacon Hills todas as criaturas dormiam, desde os humanos até os pequenos animais da floresta, todos menos um adolescente de cachos loiros que zanzava por entre as árvores depois de uma noite repleta de pesadelos. Os primeiros raios de sol iluminavam o horizonte, mas não foi isso que chamou a atenção de Isaac Lahey e sim o barulho de passos não muito distantes. 

Independente de tudo, sempre iria reconhecer aqueles passos desleixados que tropeçavam em uma raiz de árvore a cada instante. Stiles. Correu em disparada naquela direção, algo lhe dizia que precisava vê-lo, que algo mudaria completamente se chegasse a tempo. Mas então, antes mesmo de conseguir se aproximar mais, escutou um barulho semelhante ao de uma rajada de ar, como a dos aviões ao decolarem, e viu ao longe uma silhueta subir na direção das nuvens.

A silhueta se escondeu entre as massas de ar quente mas independente do quão rápida tenha sido nisso, Isaac tinha uma única certeza: acabara de ver Stiles Stilinski voando.

***

Os anos para Kara Danvers nunca foram simples, ainda cedo sofreu com a mudança abrupta de planetas -no sentido literal-, teve de aprender a agir como uma humana em outro planeta e se restringir para não machucar os outros, fora os problemas diários que uma jovem leva desde a adolescência até a vida adulta. 

Com 25 anos as maiores mudanças de sua vida surgiram na forma de um uniforme indestrutível e um bebê de grandes olhos cor de mel. Na época, apesar do sofrimento em nunca mais rever o pai de seu filho, se viu mais feliz do que em muitos anos. As brincadeiras durante o dia, as risadas infantis, as tentativas falhas de falar algo com sentido, cada um desses detalhes trouxeram uma luz que há tempos não via. E então tudo deu errado. Entre lutas e mais lutas quase teve a identidade exposta, quase deixou que o pequeno Mieczyslaw sofresse as consequências disso.

A dor ainda vem como uma ferida nunca cicatrizada, que a cada movimento brusco se abre novamente, mas não se arrependia de o ter entregue às mãos mais capazes. Os anos depois disso foram tão automáticos: as lutas frequentes na sua e nas outras realidades, os sermões de Alex sempre que se afundava demais no trabalho, chegou até mesmo a abandonar por alguns anos o sonho de ser jornalista. Teria continuado assim por sabe-se lá quantos anos se não fosse o discurso de Barry que a fez voltar à realidade e perceber que o sofrimento não iria embora, precisaria lidar com ele, de preferência de uma forma que a deixasse feliz.

Desta forma, quase dez anos depois, se viu de volta à CatCo e as correrias diárias de uma repórter em ascensão. Claro, ainda haviam muitas coisas para serem recuperadas, inclusive uma amizade distante com Lena Luthor, mas aos poucos as peças se encaixavam.

O dia anterior em específico foi revigorante e cheio de nostalgia. Conhecer Nia despertou lembranças muito boas da antiga Kara Danvers, a garota nervosa demais para conhecer uma chefe conhecida pela arrogância e "gênio forte". Sentiu-se enfim como si mesma. 

Talvez tenha sido por isso, pelo relaxamento e felicidade, que só notou o barulho vindo da janela quando pôde ver uma bolsa surrada ser jogada para dentro da sua sala de lazer.

Com um reflexo digno de uma kryptoniana, se levantou da cama e correu como um borrão até a sala, a mão direita cerrada já se preparando para impedir o invasor por meio da força bruta. Não esperava, no entanto, que fosse encontrar um adolescente sorridente com uma camiseta estampada com a logo do Batman. Ainda que surpresa com a visão, sequer pensou em interromper o golpe que foi desviado em uma velocidade igualmente rápida. 

Como um clique as peças começaram a se encaixar. Existem poucos tão rápidos quanto a si, ainda mais levando em consideração o baixo número de kryptonianos restantes. E um adolescente? As opções se tornavam mais restritas a cada instante. 

Se virou lentamente, as sobrancelhas loiras franzidas e a boca ligeiramente aberta em uma expressão de choque. Aquelas várias pintinhas nas bochechas... quantas horas já não tinha se pêgo traçando aqueles pontinhos com a ponta dos dedos. Era ele, tinha que ser ele.

"Mieczyslaw?"

***

Quando pensou em fazer uma surpresa para Kara, da forma mais estúpida possível, nunca cogitou ser recebido por um punho ou um atentado de morte como aquele, mas saber que os reflexos estavam em dia serviu para dar um toque a mais de alegria, tanto que não pôde controlar as bochechas que se curvaram diante ao grande sorriso que surgiu.

— Mãe? — sua voz saiu com um toque de hesitação apesar da alegria sentida, quase como se esperasse por um soco proposital pela idiotice.

Felizmente no lugar de um soco sentiu-se rodeado por um par de braços fortes em um abraço que correspondeu na mesma hora. Mesmo após tantos anos, aquele abraço permanecera igualmente quente e confortável, o cheiro de café e chuva tão característicos ainda frescos como água, igual às memórias de criança. Um suspiro saiu dos lábios do adolescente que pouco ligou em ser devidamente apertado pela força sobre-humana.

E pensar que passou tantos anos longe disso.

"Isso é- isso é incrível!" um passo para trás e ambos se separaram, mas o sorriso permanecia espelhado em ambos os rostos, isso até Kara perceber o que realmente estava acontecendo ali. "Espera, o que você 'tá fazendo aqui?" a kryptoniana apoiou as mãos na cintura no que deveria ser uma pose ameaçadora, mas que pelo roupão usado só deixou a cena cômica.

— Uma surpresa? — a resposta sem credibilidade alguma só bastou para intensificar a expressão questionadora de Kara. É, não havia mais volta, teria de ser sincero se realmente quisesse ficar em National City. — Olha, a culpa não é minha que vocês tenham me mandado para uma cidade infestada de lobisomens!

"Lobisomens?" os olhos azuis de Kara se esbugalharam e foi naquele instante que um detalhe finalmente chegou à mente do jovem kryptoniano.

— Ah... vocês não sabem dos lobisomens? Os druidas? Nemetons? — a cada nova palavra a cabeça da mulher balançava em negativa. — Vai ser uma longa conversa.

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DEMOROU MAS VEIO! Graças à uma nova fanfiqueira amiga minha e aos comentários incríveis (eu leio todos, pode apostar). Desculpem a demora, mas prometo que vai valer a pena. Para quem lê minhas outras fanfics talvez um novo capítulo seja lançado também, mas ai fica no ar. 

Espero que tenham gostado, mandem suas opiniões se quiserem que eu adoro. Bye bye!