Introdução

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Você é uma pessoa hipersensível? Não podemos iniciar esta jornada de autoconhecimento e transformação sem que esta pergunta tenha uma resposta clara. O primeiro passo para mudarmos de vida é reconhecer a existência do "problema", se assim posso dizer.

Quando falamos sobre a sensibilidade emocional, não lido com isso como se fosse totalmente um problema. Veja bem, quem entende e experimenta as mais diversas emoções faz melhor uso da empatia. Uma das coisas mais necessárias nos tempos atuais é, sem dúvida, o altruísmo (habilidade intensamente presente no coração dos hipersensíveis).

Então concluímos que essa sensibilidade não é de todo mau. Precisamos dela principalmente para nutrirmos bons relacionamentos interpessoais. Todavia, jamais podemos desconsiderar os limites saudáveis das manifestações emocionais. Para tudo há um ponto ideal de equilíbrio.

O objetivo desta obra é focalizar esses limites. Além disso, analisaremos detalhes que nos circundam a fim de desmascarar certos sofismas que trabalham contra o equilíbrio emocional.

É válido entendermos a diferença entre emoção e sentimento. A emoção refere-se às reações imediatas, isto é, uma resposta rápida a um estímulo geralmente inesperado. Quando encontramos um leão e sentimos muito medo, por exemplo, estamos tomados por uma emoção. O sentimento refere-se às reações lentamente construídas e alimentadas com o decorrer do tempo. Quando uma pessoa muito próxima se esquece do seu aniversário e isso te entristece por dias, por exemplo, dizemos que você carregou um sentimento.

Complementando: diferenciamos as emoções e os sentimentos de acordo com o tempo de duração de ambas. Os hipersensíveis - público alvo deste livro - reagem de modo desproporcional ao momento enquanto são tomados pelas emoções com muita frequência. Tantos altos e baixos inevitavelmente gerarão fortes sentimentos negativos.

E onde está o problema nisso? Todo o processo é o problema. As emoções descontroladas desencadeiam sentimentos enganosos e gigantescos, que por sua vez, guiam o indivíduo por estados deprimentes. Você é uma pessoa inteligente e bem sabe até que ponto uma depressão pode levar alguém.

Trata-se de um assunto seríssimo e digno de atenção. A sociedade costuma rotular os emocionalmente sensíveis chamando-os de "melindrosos" ou "dodóis" em um ato completamente antipático. Há pouca compreensão sobre o assunto, o que dificulta ainda mais a vida dos hipersensíveis.

Entretanto, não quero alimentar o vitimismo de ninguém. Se, por um lado, aqueles que julgam os hipersensíveis são culpados, por outro, aqueles que não buscam a libertação da sensibilidade emocional também são.

Eu poderia muito bem defender os hipersensíveis em cada página desta obra, mas assim não farei. Aprendi cedo os malefícios do vitimismo. Ele cega doentes, destrói os degraus da evolução humana e motiva atitudes impensadas. Você é responsável pela sua saúde física e mental, seja a sociedade favorável ou não.

Creio que você, querido(a) leitor(a), adquiriu este livro pois acredita - ou, ao menos, suspeita - que a hipersensibilidade emocional faça parte da sua realidade. Este passo mostra o seu interesse em sair dessa infeliz condição. Isso é bom. Na verdade, isso é ótimo! É triste encontrar pessoas que se acostumaram com a hipersensibilidade emocional, e pior, se afeiçoaram a ela.

A primeira pergunta que deve ser feita a alguém fisicamente doente é: você realmente quer ser curado? A questão pode lhe parecer óbvia, mas não é. Existem doentes que usam a invalidez como forma de ganhar atenção e favores. O ser humano tem facilidade em se apegar àquilo que lhe traz vantagens. Perceba que não estou generalizando, pelo contrário, acredito que esta seja a minoria.

Quando o assunto é doenças emocionais, o que eu expressei no parágrafo anterior também se aplica. Este não pode ser o seu caso, ok? Jamais aceite uma condição que lhe roube a alegria plena da vida. Por mais que tal condição te proporcione favores, olhares e mimos, não dê as mãos para algo que age contra o equilíbrio emocional, pois isto terá um custo doloroso - e, talvez, irreversível - no futuro.

Este não é um livro de auto aceitação (creio que você já notou isso), mas sim de transformação no modo de pensar e entender a vida. Espero que você aceite o fato de que ninguém é totalmente vítima diante das responsabilidades do existir.

Você tem o direito de sentir emoções, contudo, tem a responsabilidade de administrá-las com equilíbrio. Sim, eu sei que as emoções são incontroláveis, mas no que elas vão se transformar depende das suas decisões. Uma simples emoção pode se transformar em algo destrutivo se um modo saudável de pensar não entrar em ação. É aí que entra a boa gestão emocional.

Por fim, antes de tudo, precisamos identificar se você realmente é emocionalmente sensível. Pode ser que não seja... veremos. No próximo capítulo compartilharei contigo quem e como eu era. Eu fui um hipersensível. Não deixei de ser uma pessoa sensível, entretanto, não me dobro mais diante das emoções. Não são elas que mandam em mim. Desenvolvi um certo controle e isso me é natural atualmente. Desejo o mesmo para você, leitor(a). Mãos à obra!

Sensibilidade Emocional e Como Superá-la: Os sofismas não devem... (1ª ed.)Onde histórias criam vida. Descubra agora