Engatinhando igual a um bebê

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Boa leitura amores ❤️

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— Então, essa é a sua primeira vez?

— É sim.

— Não precisa ficar nervoso, relaxe.

— Certo, eu não estou.

— Eu acredito. Você não precisa fazer isso se não quiser, Katsuki, podemos apenas ficar aqui calados, ou você pode começar por algo mais prático?!

Às vezes penso que sou mais fácil de ser convencido do que eu gostaria de realmente ser. Relutei por dias e dias em escutar os conselhos do meu irmão — e as ameaças de Ashido — mas no fim acabei cedendo como eles sempre souberam que eu faria. Porra, não estou arrependido de estar aqui, apenas não sei o que estou fazendo aqui.

Nas últimas duas semanas me vi mais perdido do que estive durante toda a minha vida de merda, meu celular mal saia da minha mão e o número de Izuku já estava decorado em meus pensamentos de tanto que eu queria — precisava — ligar para ele.

Mas no fim, talvez por algum lampejo de razão ou só por fraqueza, eu não liguei. Não liguei, não porque não quis muito falar com ele, mas porque ainda não estava bom o bastante para falar com ele.

Talvez seja por tudo isso que estou a meia sentado em frente ao doutor Tokoyami, tentando de alguma forma contar para ele o real motivo de estar aqui.

— Me conte sobre a sua semana Katsuki, você é empresário certo? — Acenei em concordância — Então fale sobre a sua empresa, seus negócios, funcionários, qualquer coisa que lhe deixe confortável.

Suspirei agoniado, pensando apenas que todo e qualquer assunto havia se tornado irritantemente desconfortável para mim.

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Faziam exatas seis semanas desde que falei com aquele ômega pela última vez. A marca no meu pescoço continuava tão vívida quanto esteve desde o primeiro dia, às vezes até queimava e doía como se estivesse se renovando ao invés de estar desaparecendo, e porra, nessas horas só me passava pela cabeça a ideia de arrancar aquela coisa com minhas próprias unhas, pois infernos, como dóia! Me esforcei para ignorar o quanto o fato do cheiro de Izuku ter desaparecido daquela enorme casa, estava me afetando, mas era impossível negar ou esconder — de mim mesmo — as noites que passei em claro procurando algum objeto que tivesse o mínimo resquício do seu cheiro.

Então, esquecendo todo o orgulho e ódio que cultivei por anos, e seguindo meus mais puros instintos, decidi que já estava passando da hora de resolver essa palhaçada de uma vez por todas.

Uma coisa é fato, merda, eu passei anos odiando uma casta inteira porque um cara resolveu ser um merda comigo, e hoje entendo que isso foi apenas a forma que encontrei para me proteger — na época — de mais dor e danos desnecessários. Todavia, esse é um pensamento infantil e mesquinho demais. E foi com tudo isso na cabeça, que fui parar na porta do seu apartamento, às duas e meia da madrugada de uma quarta feira, me sentindo quase que inebriado com o seu cheiro já bem presente ali do lado de fora.

Como eu descobri o seu endereço? Isso é assunto para outra hora, mas espero nunca precisar explicar. Meio hesitante e ainda pensando que foi um tremendo de um erro ir até lá, dei três batidas leves na porta esperando ouvir algum tipo de movimentação do outro lado, mas só ouvi silêncio.

— Merda.

Suspirei frustrado. Izuku não estava em casa, justo no dia que tomei vergonha na cara para finalmente falar com ele, o merdinha resolveu sair de casa! Irritado me virei para ir embora, mas fui impedido quando a porta de repente se abriu, e um arbusto com cara de sono e cheiro de casa me sorriu surpreso ao me ver parado com cara de tacho na porta da sua casa.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2022 ⏰

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