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𝒢𝑎𝑛𝑎.


--- Thomas, por que tem uma mulher com uma vassoura aqui às 05:00 da manhã?

Pergunto, assim que o mesmo atende.

--- Por que você não arruma outra pessoa pra acordar? Olha a hora, cara. Eu estava dormindo.

--- Responde, porra.

--- Você acha o quê? Usa essa inteligência aí, por favor. Eu te falei que a gente estava precisando. Por favor, vá se foder e me deixa em paz.

Única pessoa que fala isso comigo e eu não faço engolir o celular.

--- Idiota!

Eu não treino na frente das pessoas. Não mais. E, ela está aqui atrapalhando. Ótimo!

Me sento em um sofá qualquer aqui e fico observando ela limpando as coisas.

Eu mantenho a ordem dentro da academia, desde bater até auxiliar e ensinar.

Sou um professor, mas não ensino mais ninguém na prática, somente na teoria.

Aquele ringue é uma porcaria pra limpar. Mesmo assim, vejo ela limpar com dificuldade, mas conseguindo.

Ela estava com um fone de ouvido e cantarolando uma música.

--- Droga! – A vejo tentar levantar um peso para colocar no lugar, mas sem sucesso.

Me aproximo dela, na intenção de ajudá-la.

--- Eu sempre peço para colocarem essas droga nos lugares certos, mas nunca fazem nada correto aqui dentro. – Reclamo, pegando o peso e arrumando.

Logo começo a fazer com os outros.

--- Obrigada!

Agradece e vai passar o pano em outro lado, que não estava desorganizado como este.

--- Eu te conheço, não? - pergunto.

Ela já sem fone, ouve minha pergunta.

--- Sim. O conheci dias atrás. Meu nome é Ayana, aliás. – Se apresenta sorrindo.

Lindo nome. Igualmente ao seu sorriso. Igualmente ao seu rosto. Igualmente ao seu corpo. Essa mulher era espetacular, na real.

Ela espera eu me apresentar de volta, mas não faço. Não a conheço. Não faço questão.

Ela me encara um tempo e depois volta a fazer suas coisas.

--- Ayana, bom dia! Como vai? - Thomas grita, passando pela porta de vidro.

Que entusiasmo era esse? Nunca vi tal homem agir dessa forma. Segundos atrás estava reclamando que eu o acordei, e agora está aqui assim.

--- Estou bem, sim. Obrigada!

Eles começam uma conversa animadora, e eu somente afasto antes que Thomas me force a participar, como sempre faz.

Horas depois, todos os garotos estavam aqui, fazendo aquilo que sempre fazem.

Paro para observar Trevor, quase nocauteando seu oponente no ringue. O rapaz era esperto, desviava do que podia, acertava algumas. Trevor, mesmo sendo considerado pequeno, tinha um braço pesado. Então cada soco certeiro, o oponente dele saia perdendo.

Já estava ficando tarde, daqui a pouco eu colocava eles para correr, se não, dormem aqui.

--- Ei! Quem é a gostosa nova? – Um ser aleatório, no qual eu não faço questão de lembrar do nome, se pronuncia ao meu lado.

--- Seu único interesse aqui é a porra da academia.

--- Cara, calma. Eu só te fiz uma pergunta. – Levanta as mãos em forma de rendição.

--- E eu te respondi. Agora vaza.

Sou curto e grosso.

A mulher do outro lado do salão organizava uma mesa com alguns acessórios.

Sua voz as vezes quase não saia. Tudo nela emanava fragilidade. Seu sorriso era muito delicado. Com certeza ela não ficaria muito contente em ouvir alguém se dirigir a ela dessa forma, ainda mais um qualquer que não a conhece.

Passei somente algumas horas próximo a ela para entender que Ayana era muito delicada.

Olha só. O guerreiro Gana, chamando uma mulher de delicada. Palavra que estava fora do meu vocabulário.

--- Já estou indo, irmão. Já vai?

--- Não, vou dar mais um tempo aqui

Vejo Thomas ir embora da academia pontualmente como todos os dias. Ele nunca perdeu um jantar com sua família. Saia daqui sempre no mesmo horário. Admiro isso nele.

Depois de colocar todos para correrem, eu começo a trancar a academia. Enquanto Ayana ainda está aqui.

Depois de um tempo, com o chão já limpo e as coisas organizadas, a vejo pegar sua bolsa.

Limpar isso aqui deve ser uma canseira.

--- Boa noite... – Fala baixinho, antes de sair pela porta.

--- Ei. Hm... Você vai sozinha?

Ela me olha, estranhando a pergunta, mas responde.

--- Não. – Mesmo que eu esteja vendo ela indo sozinha, ela fala que não.

Ela não responde mais nada, se vira e vai embora.

Certamente com medo de mim.

Não a julgo. Eu não aparento ser uma pessoa legal, e nem quero passar essa imagem.

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Guerreiro GanaOnde histórias criam vida. Descubra agora