PORCHAY
Por que caralhos justo hoje o trânsito está tão ruim e pra completar esse idiota está a 10 minutos me encarando? Desde que saímos de casa, um silêncio desconfortável se instalou no ambiente, notei que o P'Kim abriu e fechou a boca algumas muitas vezes hesitando em falar, não sei se torço pra ele acabar com esse silêncio ou pra ele continuar calado.Finalmente ele tomou coragem e resolveu tentar iniciar uma conversa comigo:
-Porchay, eu..
- Não quero ouvir você falar- o interrompi, eu realmente acho q ainda n estou preparado para conversar com ele.
- Me dá um chance de te contar a minha versão da história- ele insiste
- Como você tem a audácia de me pedir isso? Eu te dei uma chance antes e tudo que você fez foi dizer que sente muito e me deixar para trás chorando.
- Eu pensei que estaria te protegendo, fazendo você se afastar de mim, mas depois eu percebi que, estando comigo ou não, sempre terá um alvo nas suas costas, infelizmente agora você faz parte do nosso mundo.
- Você deveria ter considerado se eu estava disposto a correr esse risco, antes de sair por aí supondo coisas e me magoando, se é que você realmente já se importou alguma vez.
- É claro que eu...
- Chega, Kim, eu não quero mais falar sobre isso, por favor só continua a dirigir, já é difícil estar no mesmo lugar que você.
Ele apenas confirmou com um olhar triste e voltou a presta atenção no trânsito.
-Olha, eu realmente não sei o que se passa na sua cabeça e nem se devo acreditar em qualquer palavra que fale, mas reconheço que precisamos conversar, EU preciso esclarecer tudo, mas não agora, ainda dói muito.
- Vou esperar até que esteja pronto.
Vejo um pingo de felicidade passar pelo olhos dele e continuamos o caminho inteiro em silêncio, não tão desconfortável quanto antes.Ao chegar na faculdade peço que ele estacione em um lugar pouco movimentado para não sermos vistos juntos e ele apenas obedece.
Logo vou em direção à entrada do campus, avistando de longe Macau que nem deveria estar aqui, pois a curso dele é em outro prédio, ele me vê e vem na minha direção com um sorriso no rosto, com os braços abertos para me abraçar. Ele me sufoca em um abraço apertado, por mais que antes eu não gostasse muito, confesso que a gora eu me acostumei e até passei a gostar.
Nós estudamos junto desde o ensino médio e na época não nos falávamos muito, só nos aproximamos mesmo depois que o irmão dele ficou internado e eu o ajudava a se distrair e se sentir um pouco melhor. Ele é único que sabe o aconteceu entre mim e o primo dele, eu não tinha a intenção de contar, mas acabou acontecendo depois de algumas doses de álcool e karaoke.
- Bom dia baby, por que você está com essa cara de cú logo de manhã cedo?- Ele questiona assim que sai do abraço e olha pra minha cara, a minha situação realmente deve estar terrível.
- Bom dia, hoje infelizmente teve um ótimo café da manhã em família e por acaso o Kim também estava em casa, acabou que o senhor Korn sugeriu que ele me desse carona, ele fez o favor de aceitar e acabamos ficando num clima super tenso e discutimos um pouco, enfim é isso - falo tudo, finalmente soltando a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
- Perai, o morceguinho finalmente decidiu sair da caverna dele, tomou café em família e ainda aceitou de bom grado te trazer pra faculdade? Cara você faz milagres na vida de alguém.
- É, mas eu ainda não quero ter que lidar com ele, preciso focar na faculdade e em mim mesmo agora, depois penso nisso.
- Realmente está precisando cuidar de si mesmo, com todo respeito - ele fala me olhando de cima a baixo - e na minha humilde opinião, vocês precisam é se pegar logo, mas tudo no seu tempo, até porquê meu querido priminho já está de quatro por você.
- Que? Ok, vou fingir que não escutei a última coisa que você falou, chega dessa conversa, precisamos ir pras nossas aulas antes que a gente se atrase, beijos - dou um beijo no rosto dele e sigo em direção a sala de aula deixado Macau para trás.
KIM
Nem sei explicar o quanto estou feliz por Chay estar disposto a conversar comigo, mesmo que demore para ele se sentir pronto, estou a esperar o quanto for preciso.Eu sei o quanto vacilei e fiz mal pro meu garoto, perdi a pessoa mais importante pra mim, por não conseguir falar o quanto eu o amo, eu quis, mas não consegui falar as palavras, saindo apenas um "sinto muito". Meu maior arrependimento é não ter voltado para trás e abraçado ele, não ter conseguido ter dito tudo o que sinto, nunca vou esquecer da dor de ter visto ele aos prantos com o coração partido, dói mais ainda saber que foi minha culpa.
Quando vi ele depois de tanto tempo, minha vontade era de correr e abraça-lo, mas eu sabia que não podia fazer isso na frente de todos e provavelmente seria afastado pelo mesmo. Ele disfarça muito bem, mas eu percebi que ele está tão mal quanto eu, sua voz entrega toda a mágoa que sente por mim.
No início eu só me aproximei para conseguir informações sobre o irmão dele, mas aos poucos aquele solzinho foi iluminando a minha vida e eu me apaixonei, pelo sorriso dele, os olhos puros, a voz que me traz paz, pelos abraços, por ele inteiro. Me vi em uma situação que eu não sabia mais o que fazer, tudo que eu quero é ter ele ao meu lado, mas tinha medo de que isso colocasse a vida dele em perigo, mas agora sei que não adianta manter distância, ele sempre vai estar em perigo e a melhor forma de mante-lo seguro é ao meu lado, onde posso protege-lo.
Após Porchay sair do carro, eu o acompanho de longe, afinal estamos indo para o mesmo lugar. Vejo Macau se aproximando dele o abraçando, tudo que eu quero nesse momento é ir até lá afastar aquele diabinho do Chay, eles continuam conversando até Chay se despede dele com um beijo no rosto e sai em direção as salas de aula, quando caralhos os dois se aproximaram a esse ponto?
Vou em direção ao Macau com uma expressão nada agradável.
- O que diabos vcs estavam fazendo?
- Opa, bom dia pra você também priminho - ele me responde com um sorrisinho no rosto e eu me seguro para não quebrar a cara dele agora mesmo.
- Para de enrolação, projeto de Lúcifer, responde logo.
- Nós estávamos apenas conversando como bons amigos, não pode mais?
- Não, ainda mais tão intimamente assim.
- Desencana Kim, eu e o Chay somos apenas amigos, não tenho a menor intenção de roubar ele de você, embora ele seja um gato e tudo bom, então fica tranquilo, não precisa se preocupar, pelo menos não comigo - ele responde e sai para o prédio do curso dele, sem me dar a chance de questionar mais alguma coisa.
Oque ele quis dizer com "pelo menos não comigo ", será que meu garoto está saindo com alguém?
Esse indivíduo é o único que sabe sobre mim e o Chay, não sei com ele descobriu, provavelmente foi o Chay que contou. Por mais que nós vivêssemos sempre brigando, por conta da nossa família, ele era o meu único "amigo", então crescemos com pequenas disputas infantis e criamos um tipo de amizade no meio de tudo isso. E mesmo implicando comigo, ele me ajudou a saber com o Porchay estava durante esse tempo que não nos vimos, confesso que sinto ciúmes dessa amizade deles, mas de certa forma isso ajuda o Chay, então eu não vou reclamar.
Notas da autora:
Boa noite estrelinhas, voltei com mais um capítulo pra vocês.
Nesse capítulo eu tentei mostrar um pouco o lado do Kim e como cada um está se sentindo.
Me falem o que estão achando e críticas construtivas são bem vindas.
Bjs e até o próximo capítulo.
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After all
FanfictionMeses após a guerra entre as duas famílias, Porchay ainda é assombrado pelo que aconteceu, se vendo obrigado a aguentar tudo sozinho, guardando segredo do seu irmão. Além de lidar com os traumas do sequestro, ele ainda precisa lidar com o que sente...