Antes da tempestade

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Kim se encontrava no estacionamento encostado no carro, aguardando Porchay para leva-lo para casa. Estava quase virando uma rotina fazer isso e ele não reclamava nem um pouco, a maioria das vezes que ele conseguiu ter uma conversa digna com o garoto era quando eles estavam no trânsito.

Ele queria passar o máximo de tempo com o mais novo e reconquista-lo, mesmo que pra isso ele tivesse que dar carona para ele todos os dias. Nada o fazia mais feliz do que perceber que os dois tiveram um avanço, não estavam mais tão distantes e Porchay o afastava cada vez menos, seu coração quase para com as pequenas demonstrações do mais novo, como beijar seu rosto, mesmo que tenha sido rápido e ele ter saído correndo logo depois, e se dirigir a ele de forma íntima como fazia na época do não namoro, por mais que sejam de forma inconscientemente, seu coração ainda acelerava com tal ato.

Naquela época, por mais que eles não tivessem intitulado nada, para Kim aquilo era um namoro, ele nunca havia sentido nada tão intenso e verdadeiro, pela primeira vez ele se permitiu sentir, mesmo que por breves momentos, se agarrando a cada memória por medo de ter que se afastar e ele sabia que isso aconteceria, quando ele fecha os olhos ainda consegue sentir o calor do abraço de Chay, fazendo o seu coração se acalmar com as lembranças de quando ele ainda era dele. Hoje ele sabe que a pior decisão que tomou foi se afastar por temer pela segurança do seu amado, acreditando que ao seu lado o garoto se tornaria um alvo, isso não deixa de ser verdade, mas depois de tudo ele percebe que o lugar mais seguro para o seu garoto é ao lado dele, onde ele pode protege-lo, mesmo para isso ele que tenha que dar a sua própria vida.

De longe podia-se avistar uma figura caminhando timidamente em direção a Kim, Porchay caminhava lentamente, tentando adiar a interação com o mais velho, ainda com os acontecimentos de mais cedo na cabeça. Ele quase não conseguiu se concentrar na aulas, relembrando oque havia ocorrido, foi tão bom, naquele momento ele pôde relembrar como eram antes de tudo virar de cabeça para baixo, como era o seu Kim, o Kim que era carinhoso e mesmo que relutante aceitava o seu contato físico, a diferença é que dessa vez era o mais velho que dava início. É impressionante como o mundo dá voltas, antes era ele que corria atrás e dava partida as todas as interações, enquanto o mais velho se esquivava e as vezes sumisse, ato que agora Porchay sabe que era apenas Kim o ignorando na tentativa de faze-lo se afastar, e agora é tudo completamente o oposto.

Porchay se aproxima timidamente de Kim e para a um metro de distância, ação que não passa despercebido pelo outro,  que logo deduz que ele está com vergonha, o que é um bom sinal de que Porchay ainda fica afetado com suas ações. Kim, percebendo que Chay não iria sair do lugar tão cedo, abre a porta do lado do passageiro e faz uma referência.

- Pode entrar no carro senhor, irei leva-lo até em casa – diz ele num tom de brincadeira, olhando nos olhos de Porchay e sorrindo minimamente. Ao perceber que o mais velho estava brincando consigo, apenas revira os olhos e passa por ele entrando no carro, tendo a porta fechada logo em seguida; Kim da a volta e entra do lado do motorista,  para irem pra casa.

- Como foi o seu dia hoje? – Kim pergunta, quebrando o silêncio que durava alguns minutos desde que tinham saído da faculdade.

- Foi... bem produtivo, eu diria, aprendi muitas coisas novas – Chay se faz de sonso, ele quase não prestou atenção nas aulas, pensando em como o cafajeste, que estava ali ao seu lado, estava mexendo com os seus sentimentos, na forma como estar com ele parecia tão natural, como a cena de mais cedo fosse um hábito entre os dois, no jeito que ele parecia finalmente estar demonstrando o que sente por si, isso estava o fazendo se questionar se deveria dar outra  chance a Kim. Enquanto parte do seu cérebro dizia para que ele não arriscasse se machucar de novo, tudo que seu coração fazia era mandar ele pular agora mesmo nos braços de Kim e nunca mais o deixar ir de novo. Eis a questão: quem ele deveria escutar?

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