Capitulo 15

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Alisson

   Ainda não matei ele o que é um porre. Dentro desse elevador está fazendo um calor horrendo.Já retirei o paletó e estou somente com a blusa social com alguns botões abertos. Está ficando insuportável o calor aqui dentro, se eu estivesse sozinha poderia ficar pelada ,mas o senhor nervosinho está aqui ... ainda

  Ele também está impaciente e com calor, já que seu cabelo está grudado em sua testa e a camisa social branca também está aberta igual a minha.

   Limpo o suor que escorre pela lateral de meu rosto e bufo ao ter que passar suor em meu paletó .

- Você não disse que iriam arrumar a droga desse elevador logo?-

  Alex se vira e me olha com um tédio tão grande que tenho vontade de socar sua cara .

- Parece que meus empregados tem a mania de não obedecerem minhas ordens- ele diz irônico e sorrio

- Eles realmente te amam- digo fazendo bico e ele revira os olhos - Me diz... como conseguiu a empresa?-

Ele dá uma risadinha e olha Para mim.

- Tente adivinhar ,tenho certeza que irá acertar-

Coloco minha mão em uma provável pose dramática a onde eu penso o que é óbvio.

- Deixa eu pensar ... você simplesmente nasceu em um berço de ouro foi criado e mimado pelos pais. Cresceu e se tornou um adolescente irresponsável, mas seu pai usou o trabalho na empresa para te punir... Então para a má sorte dele você  acabou herdando ela e a tornou uma das maiores empresas do país...irônico Não?!- digo e nos dois rimos.

- Porque irônico?-

- Porque se eu fosse seu pai acharia que no segundo dia você já teria falido a empresa- digo e ele faz cara feia

-Nossa... bom saber que suas expectativas sobre mim são tão altas- ele sorri ladino.

- Não Tenho expectativas altas sobre ninguém a muito tempo- digo e olho para minhas mãos

  O silêncio pesa novamente,mas parece que me sinto mais relaxada que O normal .

- Como conseguiu a cicatriz?- Alex me pergunta e semicerro os olhos para ele .

- Você é realmente inconveniente- digo e suspiro - Foi um acidente quando eu tinha onze anos-

  Alex agora parece me olhar com mais interesse do que o normal. Ele ajeita sua postura e cruza as mãos sobre seu colo.

  - Temos todo o tempo do mundo- ele diz e mordo os lábios em nervosismo.

  - Foi um acidente com a minha família. Meus pais se conheceram na escola em que estudavam no ensino médio. Ele era um daqueles moleques metidos a besta e minha mãe era uma adolescente normal que trabalhava na lanchonete perto da escola para ter um dinheiro a mais para a faculdade. Quando  se conheceram eles se odiavam, minha mãe já chegou a dar um soco na cara  do meu pai- dou uma risadinha

- Isso parece alguém que eu conheço - Alex da risada e lhe mostro o dedo do meio .

- Com o tempo eles se apaixonaram e não demorou muito para que a minha mãe engravidasse de mim. A vida deles começou a ficar turbulenta ai. Depois que eu nasci eles tinham um ovo ao Qual eles chamavam de apartamento e foi lá que eu cresci. Quando eu era menor tudo era muito bom... Mas com o tempo as coisas começaram a ficar ruim. Em uma noite em que chovia horrores meus pais discutiram muito quando estávamos voltando de um passeio,ele gritou com ela ,ela gritou com ele e o carro deslizou na pista. - engulo em seco - Depois disso só me lembro da minha cabeça doendo muito e de muitas luzes- pisco para afastar uma lágrima - Meus pais morreram nesse dia e eu fui a única sobrevivente.

Olho para cima para tentar fazer com que as lágrimas não escorram por meu rosto. Ver meus pais morrerem naquele dia por um motivo tão idiota igual uma discussão me faz pensar quantos casais estão  condenados ao mesmo destino deles.

- Eu consegui ainda me arrastar para fora do carro, se tivesse ficado lá dentro o carro teria explodido e matado a mim também. Ainda me lembro qual a sensação do fogo queimando minhas mãos- levanto minha mão lembrando dela pegando fogo - A sorte é que eu só tenho uma pequena cicatriz para lembrar disso tudo - aponto para meu rosto.

Quando enfim me recupero e olho para Alex ele está me olhando como se nunca tivesse me conhecido e acabamos de nos conhecer.

- É realmente algo trágico- ele diz

  E por incrível que pareça gargalho,não o xingo e nada do tipo. Eu apenas gargalho ,gargalho tanto até minha barriga começar a doer .

- Do que você está rindo?!- ele pergunta e isso me faz rir ainda mais

Rio tanto que meus olhos se enchem de lágrimas. Limpo uma que escorreu por meu rosto e tento me recuperar novamente. Busco inspirar para que o oxigênio ajude meus pulmões a se recuperarem e enfim me acalmo.

  Olho Alex com olhos alegres e ele me olha com os olhos semicerrados e um sorrisinho de canto.

  Penso em dizer algo idiota o suficiente para acabar com essa tensão que está querendo aparecer, mas um barulho na porta faz isso por mim.

  - Ah sério,morrer agora junto com esse aqui ?!- aponto para Alex- podia ter esperado um momento melhor em meu velho- digo olhando para cima

- Está falando com Deus agora ?!- Alex pergunta se levantando e o olho como se  estivesse bêbada.

- Quem te disse que eu estava conversando com Deus?!- me escoro na parede e me levanto ficando em pé - Séria estúpido pedir algo desse tipo a ele - sorrio e as portas abrem com um soco .

  Com um pequeno aceno de cabeça para agradecer os homens que abriram a porta eu passo pela multidão e vou até as escadas de incêndio. Abro a porta pesada e começo a descer as escadas ,foda-se que são um monte de escadas . Retiro de meu bolso meu maço de cigarros com sabor de menta e acendo tragando a fumaça gelada. Continuo a descer as escadas e encontro com um jovem rapaz de terno azul marinho que me olha meio desaprovando o fato de eu estar fumando aqui dentro

- Não se pode fumar aqui dentro-

  Desço mais um degrau e continuo a descer os outros enquanto mostro meu dedo do meio para  ele que está olhando minhas costas.

   Depois de um bom tempo  chego até a garagem e apago meu segundo cigarro e caminho até meu carro o abrindo e entrando dentro do mesmo saindo em alta velocidade. Perdi um dia de trabalho presa naquele elevador de merda .Olho para o céu através do vidro fumê  e vejo nuvens de chuva começarem a se juntarem no lado oeste da cidade e sorrio. Amo climas chuvosos. Suspiro e olho para frente acelerando até chegar a 150 por hora .

Meu doce pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora