666 dias no inferno

Hipotermia, claustrofóbica.

"Me esqueceram dentro do banheiro, trancaram-me , e desligaram o aquecedor;
Inverno na Rússia é tontura de terror, ao meu "não amigo" tenho por ele amor;
Ainda tenho oito anos, não conheço o que é dor;
Mamãe me ama mas não me vê de verdade;
Papai eu não tenho, tenho progenitor,
É bom até ;
vão destrancar-me daqui né?"

Dimitri Poslov.

Disse eu numa vida passada, antes de morrer perto dos nove;

Boca seca ;
Por que todo mundo de mim corre?
Falta de ar;
Porquê faço aniversário e ninguém vêm comemorar?
"Deixa de ser idiota, os teus pais não te querem mais;
Você nasceu com autismo (punição de Satanás?);
Ninguém de você gosta, muito menos do que você faz ;
Sua presença é sufocante, piada dizer que um ser humano é você;
Cria do diabo, se tranca dentro deste espaço e vê se morre!";

Me tranquei e chorei , nada mais fazia além do que já tentei ;
Estava apaixonado pelo garoto que isso me disse;
Ele iria gostar de mim se eu não mais existisse?

Não importa o que eu precise fazer;
Para alguém gostar de mim posso até morrer;
Diferença pra mim não iria fazer;
Não iria fazer diferença para ninguém, foi o útil unido ao meu querer;

Dedos violeta , as pontas estão pretas, não sinto minhas pernas, não consigo respirar;
O espaço só se fecha e se me dá medo e faz chorar , o meu olho se aperta , desce a lágrima discreta;
Comigo veio a congelar ;

Estou dentro de um cubinho de gelo e não quero mais voltar;
Para uma vida tão boa;
Acho que não mereço viver ,ser abraçado, receber um parabéns, (eu não mereço ser amado ) ou amar.