1º Lugar Romance
Mudar para a casa que um dia foi da minha avó é doloroso e nostálgico, a parte boa é que sentirei que estou perto dela e também é o meu décimo terceiro aniversário! O dia mais esperado por mim desde os meus dez anos, até que enfim irei descobrir qual o presente da minha vó Amélia que está com a minha mãe desde que se foi e poderia ser aberto somente hoje, mas antes preciso guardar as minhas roupas.
Tenho um sobressalto ao notar minha mãe me observando.
— Poxa, mãe! – Coloco a mão sobre o peito e solto o ar devagar para acalmar meu coração.
— Desculpa, Alana! – Mamãe me puxa pelo braço e no instante em que abraça o meu corpo beija o topo dos meus cabelos azuis – Eu também estou ansiosa.
Beijo o seu braço direito onde minha cabeça está apoiada.
— E onde tá? – afasto o seu enlace e posiciono as mãos na cintura esperando o presente com um beicinho, a tática funciona e minha mãe sai do quarto em direção ao corredor.
Ela tem uma caixa em mãos, noto pelas veias aparentes em seus braços que não é tão leve quanto aparenta ser, assim que a pousa na escrivaninha envolve o meu ombro.
— Feliz 13º aniversário meu bem, vou te dar privacidade para explorar seu presente, estarei na cozinha preparando um bolo chocolatudo que você ama. – piscou ao passar pela porta e a fechou.
Consigo controlar o tremor das minhas mãos fechando-as em punho, ao mesmo passo em que estou curiosa estou nervosa, quando levanto a tampa da caixa ela se abre completa revelando a maleta que apesar da aparência macia na verdade é rígida ao toque.
— Obrigada vózinha! – sussurro me aproximando devagar, fecho os olhos, assopro uma vela imaginária e deposito um beijo na maleta fria.
Abro os olhos, sinto as lágrimas se formando conforme vou levantando a tampa, ao ver as teclas amareladas a minha visão turva de vez, fecho os olhos e o soluço irrompe pelos meus lábios.
Devo estar sonhando.
Belisco o meu braço e caio de joelhos quando percebo a realidade. Uma mistura de choro, soluços e agradecimentos repetidos ecoam pelo quarto ao ver a máquina de escrever.
Não sei se choro mais por felicidade ou saudade, queria tanto que ela pudesse ter me entregado isso em mãos para eu poder abraçar ela forte e beijar os seus cabelos brancos.
Sinto o perfume que a vovó adorava usar, o cheiro frutado me invade junto com as lembranças, como se ela estivesse ao meu lado nesse instante; quando cessa o choro, levanto.
Faço uma reverência como se estivesse na presença da realeza, afinal sempre vi páginas que foram escritas, mas nunca a máquina. Observo com atenção, como se não pudesse perder nenhum instante da avaliação, quando toco a folha que está no rolo percebo que há algo escrito, desenrolo a folha e levo minha mão à boca com o choque.
"Minha boneca, queria poder estar com você, ver os seus olhos de jabuticaba brilhando enquanto abre o seu presente.
No quintal, debaixo da amorinha é o melhor lugar para escrever e um segredo nosso: ela é mágica, mas você só verá e entenderá a magia se for até lá!
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Contos que alguém escreveu
Short StoryAntalogia com os contos vencedores do Concurso Escrevível. Aqui você encontra quatro contos que narram uma mesma proposta, mas em gêneros e perspectivas totalmente diferentes uma das outras. Tudo se resume a um criança, uma máquina de escrever que e...