Let me down (slowly)

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Quem é vivo sempre aparece ne hehehe

Ninguem contava que eu ainda iria postar uma ultima historia supercorp e a verdade é que nem eu tambem kkkkkkkkk

eu comecei essa historia um tempo atrás, bem do nada e acabei largando como várias outras, mas daí me deparei com ela e fiquei: porque nao? 

bom, ca estamos e espero que estejam preparados. Basicamente, essa é uma fanfic onde a Kara descobre que a Lena foi embora depois da crise, ao encontrar o seu apartamento vazio e sobre como ela irá lidar com tal fato. 

não posso prometer nada com o final dessa historia, é isto. 

Boa leitura!

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"If you're leaving, baby, let me down slowly"

Existe algo quase que agridoce sobre a perda.

Algo egoísta sobre ela. Imodesto.

Excruciantemente soberbo, isso é, o sentimento e a ânsia de não querer ser esquecida, de não aceitar a fatalidade de tornar-se naquilo que lhe devora.

De transformar-se no monstro que lhe consome. Veja só, a perda nada mais que explicitamente desnuda a outra face da sua dor. Ela a desmascara e expõe o que de fato a ausência significa em sua totalidade, demonstra o quão perverso pode ser o relacionamento entre a perda e o esquecimento, não para o outro que se foi, que escolheu partir e sim para quem fica, para quem o poder da escolha foi tirada em detrimento de seu erro, ou da falta de um mero acerto e nada, absolutamente nada, é capaz de sufocar mais do que a crua constatação de ter sua inteira existência obliterada.

Kara Danvers gostava de se considerar muitas coisas. Havia feito uma lista sobre elas em ordem de importância, pois sendo uma pessoa estritamente visual, organizar por nome e descrição, acredite ou não, soava como terapia. Em primeiro lugar, era kryptoniana de nascimento e seguido desse fato tão óbvio, Kara era filha; a essência e única prova da existência de seus pais. Era dolorosamente irônico pensar que, agora, eles nada mais eram que partículas de seu próprio DNA, que sua mãe era agora um legado e seu pai o azul de seus olhos. A perda tinha dessa, seu sabor adormece a ponta da língua e por longos anos a heroína sentiu um formigamento apossar-se também de seu coração. Não entendeu bem o que era e demorou a perceber que ali, naquele fatídico momento em que se despediu de seus pais, não era a ausência deles que arrancava o ar de seus pulmões, ou rancor de ser deliberadamente abandonada, e sim a descoberta do que era, pela primeira vez na vida, ser esquecida por aqueles que a amavam.

O luto é, por muitas vezes, egoísta. É o querer não perder, sem ao menos notar que quem se perde somos nós mesmos no processo em que, a pessoa que se foi para sempre será lembrada e, por isso, mantida viva. No entanto, o amargo estava no fato de que o mesmo não poderia lhe retribuir a lembrança e, portanto, quem acaba morrendo é você.

E morrer dói. Morrer, enquanto se está viva, queima. Arde.

Morrer enquanto ainda se está respirando, transforma. Mas Kara ainda não tinha pleno conhecimento disso, mas aos poucos ela foi aprendendo.

Kara Danvers era irmã e neste ponto não existia muito o que falar, ou demorar-se na explicação. Alex era, em sua galáxia particular, como um planeta que orbita ao redor do Sol. Mesmo que ela nem sempre se considerasse tão essencial. Era bom ser amada e, mais do que isso, ser diariamente lembrada. A satisfação estava nos pequenos detalhes, nos pormenores que comumente passam despercebidos, mas que Kara fazia questão de apontar e agradecer diariamente, como, por exemplo, as mensagens constantes que sua irmã enviava de manhã, antes de ir para o trabalho. Ou as ligações no final do dia, as noites regadas a pipoca, filmes de comédia romântica e potes de sorvete divididos de madrugada.

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