Capítulo Quinze

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Daemon me abraçou naquela noite, beijando minha testa e enxugando as lágrimas que corriam pelos meus olhos. Não queria desistir do que sentia.

— Seria tão ruim assim? Iriamos unir as famílias... 

Murmurei, a voz e os olhos baixos com medo de encara-los. Rhaenyra afagou minhas costas, suspirando de uma forma pesada e preocupada. Meu pai segurou meu rosto com gentileza, me fazendo olha-lo.

— É isso que você quer? Casar com alguém como ele?

Ele havia me perguntado. O nó que se formou na minha garganta me impediu de responder, as palavras não saiam e minha cabeça latejava de dor. Senti vontade de vomitar, uma ansiedade avassaladora acometendo meu coração, meu peito doendo como se tivesse sido perfurado por uma espada. 

— É uma proposta a ser analisada, está bem? — Nyra se manifestou, acariciando meus cabelos e sorrindo para tentar me reconfortar. Eu sabia que essa ideia era quase venenosa para eles, mas a mínima oportunidade de impedir uma guerra era, no mínimo, tentadora. 

O orgulho super protetor de Daemon era a única coisa que impediria a trégua entre os lados, juntamente com o orgulho arrogante de Alicent e dos Hightower. 

— Vá para o Norte, querida. Talvez encontre algo que a faça feliz lá e, se não for o caso, poderemos pensar melhor a respeito.

Meu pai estava em silêncio, encarando a esposa com os olhos em chama. Ele não queria aceitar, mas também não descontaria sua frustração na gente. Eu havia deixado evidente meus sentimentos, e ficava feliz pelo pior não ter acontecido.

— Não precisa se preocupar, talvez eu seja mais feliz no Norte...

Rhaenyra me deu um sorriso triste, ela sabia o que era se casar com quem não amava. Minha cabeça rodopiava com a ideia de que Aemond sempre me veria como a bastarda que sou, e minha mão coçava para não socar seu rosto.

Eu odiava tudo nele, tudo o que ele representava, absolutamente tudo.

Então por que infernos eu não conseguia voltar a odiá-lo? 

Ir para Winterfell resolveria meus problemas, eu esperava que resolvesse.

Esperei que Rickon Stark chegasse em casa para montar em Vermithor e me refugiar na neve congelante do Norte. Passei o caminho com a cabeça apoiada nas escamas bronzeadas do dragão, que reluziam durante o pôr do sol. 

Vermithor fazia as mais belas e divertidas manobras, passando pelos lugares mais bonitos que haviam pelo caminho e eu sabia que ele estava tentando me animar.

— Você é um bom menino, promete que não vai me deixar também? — ele rugiu, tão alto que senti meu corpo estremecer. Meu dragão me respondia mais que meu Marujo, então era mais fácil conversar com ele. 

Saber que ele não me deixaria, que nossa conexão era tão pura e verdadeira quanto qualquer outra que pudesse existir me deixava melhor. Prometemos, naquele momento em Monte Dragão, que voaríamos juntos, que nunca mais estaríamos sozinhos se tivéssemos um ao outro.

Acariciei suas escamas, quando me ergui para ver o trajeto que fazíamos até o Norte. Passar o caminho chorando em cima de Vermithor estava começando a ficar humilhante demais. Respirei fundo, tentando inalar felicidade e confiança. Não seria tão ruim, eu estava visitando apenas um amigo.

Não passaria disso.

Pousamos na entrada de Winterfell, o clima frio me invadindo e deixando meu nariz avermelhado. Eu deveria ter me agasalhado melhor, mas eu não tinha roupas para esse momento. Cregan Stark nos recebeu de braços abertos, e seu filho Rickon também estava lá.

Storm - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora