Capítulo 02 ~ Início do caos

25 5 1
                                    




*Dois anos antes*

23 de março

O sol brilha por trás de fofas nuvens brancas e finas. Seus raios entram pelas janelas da sala de aula iluminando o ambiente. Hoje não está nem quente nem frio, na verdade o clima está confortavelmente agradável.

Uma atmosfera tranquila domina a paisagem. Tranquila demais, eu diria até meio entediante. Um vento fraco balança levemente as cortinas. Consigo ouvir pássaros cantando, mesmo que a música que está tocando no meu fone abafe um pouco seus piados.

Da sala de química da pra ver o campo gramado pela janela. Deve ter alguma turma na educação física, porque dá pra ouvir gritos e passes de bola.

Eu preferia estar no meu quarto do que em qualquer uma desses dois lugares. Não sou muito fã de esportes e essa aula de química tá muito chata.

Será que eu consigo fugir sem o tiozinho da portaria me ver? Vou ter que esperar a troca de aula pra isso... mas, se bem que é mais difícil passar pela preceptora pra entrar no residencial do que sair do escolar.

Eu mereço, esse colégio não dá um minuto de paz. Tudo culpa dos sem noção que ficam matando aula. Como é possível morar na escola e ainda sim reprovar por faltas? Bom, pergunte pros alunos do internato onde eu estudo.

Desculpa, eu disse internato? Tá mais pra manicômio... opa, manicômio? Tá mais pra inferno! Essa última é brincadeira, mas nada disso vem ao caso agora.

Por causa desses irresponsáveis a monitorização foi dobrada, as punições pioradas e os horários mais apertados do que já eram. Agora não dá mais pra matar aula... eu tenho tão poucas faltas e agora por causa deles não posso ficar dormindo por mais tempo, porque uma monitora vai entrar no meu quarto e puxar minha coberta se eu não sair na hora.

Acho que perdi tempo demais pensando nisso. Olhei para o quadro, que antes estava branquinho, agora já está metade preenchido com o conteúdo daquela aula. O professor escreve e desenha exemplos de seja lá o que "estrutura molecular" signifique. Eu não entendo nada desse conteúdo, e francamente, também não ligo.

Enquanto rabisco algum desenho aleatório no meu caderno ao invés de copiar do quadro, meu celular vibra sobre a mesa e a tela liga. Sem soltar o lápis, olho sem muito interesse. Duas notificações, mensagem da Midary...

Olho para ela, está sentada a duas cadeiras para o lado de mim. Pergunto com o olhar o que foi e ela só mexe a cabeça dizendo que eu tinha que olhar o celular. Ela parecia séria. Apenas li as mensagens pela barra de notificação sem abrir a conversa.

"Midary: amiga você viu o que tá acontecendo?"

"Midary: parece sério..."

Enquanto eu lia mais uma notificação apareceu.

"Midary: https://g1.globo.com"

Um link? Olho novamente para ela confusa. Ela revira os olhos e digita algo em seu celular. Em poucos segundos uma notificação chega pra mim.

"Midary: só lê logo a notícia que eu te mandei!"

Ok, ok entendi... abri a conversa para ver o que ela queria tanto que eu lesse.

Antes de clicar no link reparei em algo que me chamou a atenção. Júlia, a garota mais "certinha" da turma, pegou seu celular. Ela nunca mexe no celular durante a aula... isso é no mínimo estranho, ela a aluna modelo o exemplo de responsabilidade entre as turmas do 3º ano. Estaria mentindo se dissesse que não fiquei curiosa para saber o motivo da "senhorita perfeita" estar quebrando uma regra.

Diário do fim do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora