Lua

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Subo para minha varanda, e descanso meu corpo sobre a grade. Sinto a brisa fria, que faz meu corpo fervilhar. Fecho os olhos, enquanto aproveito a sensação da ventania que percorre meu corpo. Revivo em minha mente cada cena do dia de hoje, foi um dia bem cheio. Ouço um ruído quase inaudível, e abro um dos olhos para conferir qual seria sua origem. Avisto Chat Noir, que se encontra em cima de um teto de uma residência, em frente à minha casa. Por quanto tempo ele está lá me encarando?

Tenho que forçar as vistas para conseguir vê-lo claramente. A tintura preta do uniforme do mesmo se camufla com a escuridão da noite. Seus olhos verdes reluzentes se realçam ainda mais. Faço um sinal com a mão, o convidando a se aproximar. Ele corresponde com um sorriso lateral, e move-se em direção a mim. Fico surpresa ao vê-lo se aproximar, e sentar-se em cima da grade, ao meu lado. Ficamos em silêncio, admirando a serenidade da noite, e a lua radiante que se situa em nossa frente.

— A lua está exageradamente bonita hoje - Chat Noir fala, enquanto continua a admirá-la com ternura.

A sua fala me fez lembrar de um dia, quando alguém me disse que a frase "a lua está bonita hoje" é um sinônimo de "Eu te amo". Prefiro não comentar essa informação com ele, vou guardar apenas para mim.

— Realmente. É uma pena, eu daria tudo para um dia poder tocá-la, e sentir sua textura.

— O que te faz pensar que não consegue? - ele pergunta, com um ar curioso.

— Preciso mesmo explicar? É a lua. Eu nem mesmo sei se é seguro tocá-la, e além disso, ser astronauta não está nos meus planos - dou de ombros.

— É possível tocar o solo lunar mais quente com a mão desprotegida, sem sentir nenhum desconforto térmico - ele fala, direcionando seu olhar para mim.

—- É sério? - pergunto admirada.

— Sim! Mas, se sua mão tocar em uma rocha, a dor deve ser.....considerável.

— Bom....acho que vale a pena arriscar! - abro um sorriso, feliz.

— Mas... como você sabe disso? - pergunto curiosa.

— Eu também tive esse questionamento no passado. Fui pesquisar, e vi que era realmente possível. Talvez possamos tocar a lua juntos algum dia - ele desvia seu olhar de mim, com timidez.

— Por que não? Seria incrível - ele sorri com minha fala.

— Como você está? Tá tudo bem com aquele problema com o....Adrien Agreste? Acho que era esse o nome dele.

— Sim, ele mesmo. Para falar a verdade, sinto que está ficando mais fácil agora, e a cada dia. Por mais que sempre que o vejo os sentimentos vêm à tona, sinto que, em algum momento eles vão desaparecer, sem eu mesmo perceber - respondo, e percebo que ele permanece calado, e resolvo falar algo.

— E a Ladybug? As coisas melhoraram?

— Eu acho que.....por mais que eu tente....muito, meus sentimentos por ela mesmo depois de muito tempo, não vão desaparecer completamente. Sempre vou ser, pelo menos, um por cento apaixonado por ela. Mas alguns acontecimentos anteriores me fizeram perceber que......o melhor é permanecer assim. Não posso forçar uma pessoa a me amar, ninguém pode. O máximo que podemos fazer é trancar esse sentimento em um lugar bem escondido, e continuar ao lado daquela pessoa, respeitando o seu espaço.

Me emociono com suas palavras. Sinto que Chat Noir e eu somos mais conectados do que parece.

— Tem razão, é o certo a se fazer. Um dia você vai acabar achando uma nova pessoa, que vai conseguir despertar os mesmos sentimentos que teve com Ladybug, até mesmo com maior intensidade, e vai perceber que aquele sofrimento era só uma questão de tempo até a pessoa certa para você chegar.

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