Pesadelo

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Eu não sei se acho isso bom ou ruim. Vou poder falar com ela, o problema é que eu não faço a mínima ideia por onde começar. Olho para Marinette, e ela acena para mim, com um sorriso meio triste. Sinto uma leve pontada em meu peito.

Me sento ao seu lado, e espero ela começar a falar. Mas nenhum de nós dois fala nada, e fica aquele silêncio ensurdecedor. Sem aguentar mais, acabo o quebrando.

— Bom....Marinette ... .eu acho que preciso falar com você.

"Acho"? Por que eu sempre escolho as piores palavras?! Merda.

— E-Então..... nos encontramos na minha casa para fazer o trabalho?

Marinette fica surpresa ao perceber que conseguiu falar uma frase inteira ao Adrien sem se embolar toda. Por outro lado, Adrien estava visivelmente magoado ao notar que não importa o que fala, Marinette sempre parece ignorá-lo ou mudar de assunto quando tenta ter uma conversa pessoal com a garota.

— Sim....pode ser na sua casa. Hoje à noite?

Adrien fala, ao se aproximar perigosamente de Marinette, a fim de verificar se ainda continua provocando os mesmos efeitos na garota.

Marinette tenta se afastar, mas seus músculos não a obedecem, e ela permanece ali, parada, admirando os olhos verdes e profundos de Adrien, que se aproximavam cada vez mais aos seus.

Até que, Marinette recupera seus sentidos.

— A-Amanhã.....q-quer dizer.... hoje...horário, aviso....olhos... quer dizer... VOCÊ! E-eu aviso o horário...hoje! Isso, hoje.. – Marinette fala, enquanto se afasta dos olhos viciantes de Adrien Agreste.

Adrien sorri, ao perceber que a deixava envergonhada com sua aproximação repentina, e acha fofo.

Adrien Agreste

Um barulho ensurdecedor ecoou pela sala. Quando olho pela janela, avisto um vulto de uma pessoa voando, enquanto lança vários flashes azuis sobre as pessoas, as fazendo gritar e chorar. Quando olhei para trás, Marinette já tinha sumido.

Marinette

— Tikki, transformar!

Saio da escola e procuro freneticamente o akumatizado, enquanto vejo pessoas gritando e correndo pelas ruas, e me pergunto qual seria o poder que Hawk Moth o ofereceu, fazendo com que as pessoas ficassem tão assustadas assim. Sinto uma presença se aproximando ao meu lado.

—-- Eaí, my lady?

Sinto meu peito se esquentar ao ouvir aquele apelido novamente. Fazia tanto tempo que ele não me chamava assim.

— Eaí, gatinho. Conseguiu achar ele?

— Ainda não, mas se continuarmos correndo do lado oposto das pessoas que estão fugindo, vamos achá-lo logo.

Aceleramos o passo e continuamos a procurá-lo. Sinto uma luz vindo em minha direção, mas sou salva por Chat Noir, que se coloca na minha frente e usa seu bastão como escudo.

— Ladybug e Chat Noir, me entreguem seus miraculous agora! Ou irei revelar seus maiores medos e viverão seus pesadelos como se fossem reais, para sempre – o akumatizado fala, ao se aproximar mais de nós.

— Não sei se entendi muito bem o poder desse cara – o Chat Noir fala, enquanto me olha confuso.

— Acho que quando ele acerta um daqueles flashes de luz, a pessoa fica inconsciente, e acha que está vivendo um pesadelo. É um poder bem cruel - falo, enquanto me questiono qual seria o pesadelo que apareceria para mim.

Eu e Chat Noir ficamos vários minutos tentando acertá-lo, mas ele é muito rápido. Irei ter que usar meu talismã.

— Talismã!

Uma fita adesiva aparece em minha mão, e me pergunto o que isso significaria. Sinto uma forte dor de cabeça repentinamente, e me abaixo, colocando minhas mãos sobre a cabeça. Me lembro de ver um fleche de luz na minha direção. Me lembro de ver Chat Noir correndo tentando alcançá-lo. Me lembro do fleche me atingir. E me lembro de tudo desaparecer.

De repente, estou no meu quarto novamente. Deve ter sido apenas um sonho. Ouço três batidas na janela. Aposto que é o Chat Noir de novo. Reviro os olhos, enquanto me levanto da cama, e vou em direção à janela. Fico paralisada em perceber que não é o Chat Noir. Na verdade, é uma outra versão sua: Chat Blanc.

Pensamentos e cenas me voltam à memória quando o vejo. Lembro de tudo o que aconteceu, em cada detalhe. Sinto minha garganta seca, e meu corpo pesado. Ouço a janela se abrir.

— Está feliz? Está satisfeita? Foi por culpa SUA que virei isso, e você sabe disso.

— N-Não....E-Eu não.....me desculpa...– falo descontroladamente, não conseguindo raciocinar direito. Sinto o mundo girar.

— Sua irresponsabilidade e incompetência me tornaram assim. Você nunca deveria ter aceitado se tornar Ladybug se não sabe lidar com isso. Eu te odeio, e todos deveriam te odiar.

Ele se aproximava cada vez mais. As palavras dele me atingiam como facas afiadas. O pior de tudo é que ele tem razão. Eu nunca deveria ter me tornado a Ladybug se não consigo nem lidar com meus próprios problemas.

— Eu espero que você se culpe eternamente pelo o que vou fazer agora - Chat Blanc fala, com suas sobrancelhas franzidas.

— Cataclismo.

Antes mesmo de eu poder esboçar alguma reação, Chat Blanc se auto cataclisma, o fazendo desaparecer lentamente. Me aproximo e tento tocá-lo, mas minhas mãos o atravessam. Começo a chorar enquanto peço desculpas repetidamente. Olho para ele, que não tem a mesma expressão de raiva em seu rosto. Agora, enquanto desaparece, ele olha para mim com tristeza. Uma tristeza profunda. Sinto uma lágrima sua cair sobre minha mão. E ele desaparece por completo.

Sinto uma voz de fundo me chamando, mas estou triste demais para me importar. Até que essa voz fica cada vez mais perto, e mais perto.

— Ladybug!! Acorda!! Por favor, eu imploro.

Tudo se clareia e olho para os lados, tentando achar o portador daquela voz. Vejo o rosto de Chat Noir, que demonstra uma tristeza visível. Lembro de Chat Blanc e de tudo que aconteceu. Começo a chorar novamente, e sinto seus braços me envolverem.

—- Me desculpa, Chat Noir....me desculpa....eu..... – Falo, enquanto o abraço fortemente, com medo dele desaparecer novamente na minha frente.

—- Ei, Ei, calma. Tá tudo bem, foi só um pesadelo, eu estou aqui, tá tudo bem - ele fala, enquanto acaricia meus cabelos, tentando me acalmar.

— Q-Que bom que você está bem.....eu me sinto tão aliviada - falo, enquanto acaricio seu rosto, que se avermelha com meu toque.

Ficamos um tempo, aproveitando aquele momento, até que me lembro do que realmente estava acontecendo antes de eu ter tido aquele pesadelo. Vejo o akumatizado em minha frente, e me levanto com raiva, me aproximando do mesmo com sangue nos olhos. A fúria invade meu corpo.

Em menos de um minuto, Chat Noir e eu conseguimos capturar o akuma. Chat Noir se aproxima de mim.

— My Lady.....tá tudo bem? O pesadelo.... foi tão ruim assim?

—- Não se preocupe, gatinho. Eu estou bem. Aquele pesadelo.....realmente conseguiu mexer com meus sentimentos. E-Eu achava que eu tinha te perdido, Chat Noir.....e eu não pude fazer nada, eu.... – meus olhos começam a lacrimejar novamente, e começo a gaguejar.

— My Lady.....Eu nunca vou te deixar. Você não vai escapar de mim assim tão facilmente, você sabe disso, né? Eu vou estar aqui com você, sempre. Se lembra? Somos nós contra o mundo - ele fala, enquanto se aproxima para me abraçar.

Me jogo em seus braços, e aproveito aquele momento entre nós. Queria que o tempo parasse, e eu pudesse viver naquele abraço para sempre. Não consigo viver em um mundo onde o Chat Noir não existe. Não, isso é impossível, não pode acontecer.

Eu não vou deixar isso acontecer. 

Broken HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora