Capítulo 1

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Sexta-feira, 23:18

É engraçado como as coisas podem mudar em uma noite.

Em uma sala espaçosa, um sofá retrátil está completamente esticado e três jovens estão sentados um de frente para o outro. Minutos antes, naquele mesmo lugar, haviam quatro pessoas.

Já é tarde da noite, mas algo muito maior os reúne ali: um crime, algo terrível.

Alex está tremendo a perna ansiosamente e de forma rápida. Sua pele está pálida como neve e seu rosto carrega uma expressão atordoante.

Núbia sente que vai desmaiar. Isso que está acontecendo é totalmente diferente de tudo o que ela já passou. Suas mãos estão na cabeça e, pensativa, ela tenta colocar as ideias no lugar.

Desesperada, Vitória tenta tirar todo o estresse roendo as unhas, que estão quase sumindo, e mexendo no cabelo. Além de ser a sua casa, os seus pais vão chegar daqui a pouco. Ela vai enlouquecer.

Em um quarto no andar de cima, encontra-se um corpo que ainda sangra devido às facadas recentes. Os olhos de Grazyella estão vidrados e mórbidos. Não há mais nenhuma chance de ela ser salva. Nenhuma. Ela está morta e, abaixo, se encontra o assassino ou a assassina.

- Isso não tá acontecendo... isso não tá acontecendo... isso não tá acontecendo... - diz Vitória se balançando para frente e para trás de forma traumática.

- Gente, vamos... vamos tentar manter a calma...

- Manter a calma, Núbia? Manter a calma? - grita Alex. - Tem a porra de um corpo bem em cima da gente nesse momento! O corpo da Grazy! E você tá me pedindo calma?

- Alex, para de gritar! Os vizinhos podem ouvir! - pede Núbia na tentativa de acalmá-lo.

- Foda-se os vizinhos!

- Isso não tá acontecendo... Isso não tá acontecendo... - continua Vitória incessantemente.

- Se você continuar falando desse jeito, Alex, - diz Núbia enquanto avança o braço para encostar nele. - não vai demorar muito pra polícia chegar aqui.

- Não encosta em mim! Vai saber por onde essas mãos andaram... vai saber por onde vocês estiveram... vai saber se... se não foram vocês que fizeram aquilo...

- Meu Deus, escuta o que você está dizendo! - exclama Núbia.

- O-o que? Espera... você... você não tá querendo dizer que... que foi a gente que matou a Grazy, né? - indaga Vitória despertando do seu transe. - É claro, Vitória. Acorda! Se tava só a gente na casa, significa que foi um de nós. Aliás, uma de vocês! - explica Alex impacientemente.

- Opa, espera aí um pouco... por que você tá jogando a culpa toda em cima de nós? Você também é tão suspeito quanto a gente ou, até mesmo, culpado! - afirma Núbia com indignação.

Todos eles se afastaram um pouco uns dos outros. O clima de amizade que se formava ali foi tomado por medo e repulsa. A calma estava caindo e a agressividade subindo.

- Cala a sua boca! Eu posso muito bem dizer e explicar onde eu estava! - diz Alex.

- Gente, por favor, parem com isso. - implora Vitória, que é ignorada.

- Pois bem, por que não fazemos assim, então? Cada um conta o que tava fazendo e vamos ver se vocês falam a verdade ou não. Um pequeno deslize na história e vocês vão se entregar. Por que você não começa, Alex, já que está tão confiante! - sugeriu Núbia.

- Ótimo, vamos lá então!

* * *

Alex

Preliminares de Uma Noite SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora