Chiara ToledoEm algum lugar da minha alma, a minha intuição gritava alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir. Talvez fosse só o medo, achar que não merecia. Fazia uma semana desde o encontro com Gael, estávamos a alguns dias do Natal, ele viajaria para estar com a família e eu obviamente estaria com meus pais. Agora em um encontro mais íntimo e familiar, desde um episódio terrível anos atrás.
Estávamos no meio da sala dele, em um beijo profundo e apaixonado. Poderíamos ter alguns impasses ainda, mas nosso encontro era perfeito. O beijo, o sexo, a troca de olhares de quem sempre entendia tudo. Único ponto sobre ele, que talvez eu mudasse um pouco, é que Gael é possessivo e controlador. Nada que eu considerasse ir longe demais, mas ele gostava de dar a palavra final.
Mais cedo, ele havia mandado um buquê enorme de rosas vermelhas, o que deixou mamãe se corroendo de curiosidade, questionando logo se eu não estava indo rápido demais, seja lá com quem fosse. Mas achei melhor não contar ainda. Depois de tudo o que aconteceu, eu não queria ter que pensar no bem estar de Edu. Sem contar que Gael quase conseguia me convencer de que Eduardo era muito mimado e cheio de vontades. Não hesitou em se virar contra mim, no caso com Ravi. Enquanto eu tive que abrir mão da nossa felicidade para não atrapalhar a dele.
Eu fui tão condenada, que às vezes sequer conseguia me entregar ao prazer, mas Gael logo conseguia me incendiar e enlouquecer. Tanto com seus carinhos, quanto com seus fetiches.
Quando acabamos, quando a explosão de prazer foi embora e nos deixou exaustos na cama, ele se levantou para pegar água e eu fiquei deitada, olhando para o lustre no teto.
— Tenho um jantar com um cliente nessa sexta — ele falou ao voltar, estava enrolado numa toalha branca e se sentou na cama, me estendendo a garrafinha de agua. Eu me recostei nos travesseiros e puxei os lençóis antes de pegar e beber um gole curto — não quer vir comigo?
— Não acha cedo? — disparei sem pensar e ele me encarou por um momento — não acha que vão falar?
— Quem se importa? — ele perguntou e eu respirei fundo — se você nunca se libertar dessa culpa, as pessoas nunca vão parar de falar. Já sabe o que eu penso.
— Gael — eu o chamei, porque ele se levantou e ia em direção ao banheiro. Ele só me olhou e seguiu seu caminho. Puxei o ar com força e soltei de uma vez, me levantei e fui atras dele.
Gael estava sob o chuveiro, a água caía e ele tinha os olhos fechados. Um caminho inteiro para a perdição. Fui até ele e o abracei pelo torso, deixei um beijo em seu peito. Ele suspirou, escorregando as mãos pelos meus cabelos, inclinando meu rosto para que nos olhássemos.
— Eu deixei você estragar da outra vez — ele falou, me observando profundamente — deixei tudo como você queria, doeu demais ir embora. Dessa vez, se não for do meu jeito, eu não vou querer.
Fiquei quieta, o encarando, aquela coisa parecida com intuição querendo gritar algo, mas eu não conseguia entender o que.
— Eu sei que vou enfrentar muito pra ficar com você e eu estou disposto, Chiara. Mas pra ficar fugindo e me escondendo de todo mundo por causa do seu irmão, eu não quero.
— Tudo bem — falei sufocada — vamos tentar.
[...]
Jordana quem escolheu meu vestido para o maldito jantar na sexta-feira. Contei superficialmente sobre Gael, tentei fazer parecer casual, embora minha cunhada não estivesse acreditando que era tão despretensioso assim.
— E eu acho bom que você comece a agir como alguém seguindo em frente — ela comentou, enquanto eu terminava a maquiagem.
— Simples assim — eu zombei — você nunca teve que lidar com os olhares que eu lido em noventa e cinco por cento dos lugares que vou. É difícil.
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Imprevisível Tentação
ChickLitEla não era mais a mesma mulher despreocupada. A vida mudou. Ela mudou. Ele mudou. Nada seria como antes. • EM BREVE!