Capítulo 24 - A AMBULÂNCIA SUSPEITA

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Já no início de abril de 1945 na região de Montese, em um dos últimos fronts em que Carlos esteve presente, um fato suspeito instigava todos os brasileiros entrincheirados no local. Lá era um dos melhores postos de observação que Carlos teve o prazer de estar. De lá podia-se ver toda a movimentação dos alemães através de um bosque de pinheiros. Os "tedescos" estavam somente há uns 300 metros de distância ao norte. Mas o que intrigava a todos era o fato de uma inquieta ambulância sempre passar correndo diariamente nos mesmos horários. Era um vai e vem com hora marcada. E todos questionavam que era impossível os mortos e os feridos alemães marcarem hora para morrer. Sabia-se que em outros pontos do front, os nazistas haviam se aproveitado desse recurso utilizando uma viatura pacífica para transportar armas, munições e homens. Haviam reuniões intermináveis entre os oficiais locais para se decidir o que fazer com esse assunto. Uns falavam para acertar o intrépido veículo com morteiros, outros eram mais moderados. Mas o fato é que ainda não se tinha chegado num consenso sobre o assunto.

Em certa manhã, Carlos toma uma atitude. Pede permissão para o sargento Souza para fazer uma vistoria secreta na próxima vez em que a ambulância passasse. O sargento Souza autoriza a ação deste soldado que a guerra deixava cada vez mais destemido.

Eram 11 horas da manhã. Um dos horários marcados para a retirada de feridos do front alemão. E Carlos continua na vigília. E não tarda para surgir na estrada a já conhecida companheira ambulância de todos os dias. Ela passa na estrada e estaciona cerca de 500 metros do local onde Carlos estava escondido.

Carlos, então, vai se aproximando lentamente e com cuidado. Já bem mais perto, ele vê dois soldados alemães saírem do veículo e levar algumas caixas de munição para trincheiras nazistas um pouco mais distantes. A ambulância parecia estar estacionada cuidadosamente em um ângulo para esconder a movimentação de materiais que havia atrás dela. Mas agora Carlos e somente ele estava tão avançado a ponto de enxergar o que realmente estava se passando lá. Ele se aproxima mais e mais do veículo sabendo que a dupla de soldados ainda estava ocupada descarregando a carga lá nas trincheiras inimigas. Ele abre a porta do motorista e percebe que a chave ainda estava na ignição do carro. Ele rapidamente pega a chave e sai correndo de volta para as posições brasileiras. Mas com o barulho da corrida, os tedescos percebem sua presença e começam a atirar. Carlos se joga no chão molhado de lama e cai rolando em um barranco rumo à segurança das linhas aliadas.

Cheio de barro, ele consegue alcançar o primeiro pracinha avançado. De lá ele consegue enviar a mensagem para atacar imediatamente o pseudo veículo médico. Instantes depois, ele e todos os pracinhas próximos escutam a explosão e a posterior fumaça negra. Então ele diz para o colega do lado na trincheira.

- E era uma vez a nossa suspeita. Agora ela não terá mais histórias para contar.

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