Chance.

1K 133 44
                                    

A modelo era uma mulher de vinte e cinco anos, alta, de pernas longas e de largos ombros. Ela tinha um quadril estreito, seios pequenos, olhos grandes e lábios cheios. Além disso, o seu cabelo era preto e a sua pele era pálida como o leite. A jovem moça era uma mulher bonita.

Taehyung a viu desfilar com atenção. Mas não parecia bom. Ele coçou o queixo, acariciando o gatinho laranja sentado em seu colo e desviando o interesse para qualquer coisa sem que fosse a mulher. Por que aquilo parecia tão difícil? Suspirou fundo, cansado e atordoado.

Naquele exato momento, uma equipe de dez pessoas estava posicionada em um galpão no centro daquela pequena cidade do interior. Havia pessoas arrumando a iluminação, outras a música e, por fim, ali estavam Taehyung e Baekhyun, os organizadores daquela reunião com o intuito de prepararem tudo para o desfile que ocorreria no final do mês; para o primeiro desfile que fariam profissionalmente após lançarem a sua primeira coleção de roupa.

Taehyung suspirou outra vez, erguendo a mão e logo vendo todos pararem. Toda a equipe olhou em sua direção, com medo. Menos Baekhyun, que se aproximou e perguntou o que estava acontecendo, já vendo que teriam que refazer algum ajuste, como todas as outras vezes.

— A modelo. Ela não é boa o suficiente.

— O quê? Como assim? Tae, o desfile vai acontecer em menos de dez dias — Baekhyun sussurrou. — Nós não podemos tirá-la, não podemos fazer isso.

— Ela não é boa — disse novamente, mais firme. Taehyung viu como Baekhyun tremeu. — O nosso desfile vai ser uma merda se ela continuar. Ela é bonita, sabe desfilar. Mas não é o que eu quero. Ela não tem... ela não tem emoção, ela é programada, ela pensa, ela busca por olhares. Ela vai fazer algo errado na hora.

— Tae, isso é uma suposição. Como você sabe? Você pode estar falando besteira.

— Você acredita ou não em mim?

— Acredito, mas não tem o que fazer. Como vamos apresentar as nossas peças sem as modelos? Estamos sem tempo. O Hobi está confiando na gente, ele nos indicou muito para estarmos aqui, ele fez de tudo. Não podemos falhar.

— É por isso que eu estou dizendo: ela não entra. — Apontou para a mulher parada, mexendo no celular.

— E agora? Quem vai desfilar?

Taehyung pensou, acariciando a cabeça de seu gatinho, de perninhas enfaixadas e orelhinha cortada. O gatinho miou, buscando por mais carinho do dono.

— Eu.

— O quê!? Você!? Tae, isso é loucura! Você nem sabe desfilar!

— Vai se foder. Quem te disse isso?

— Eu!

— Então, você está errado. Eu vou desfilar.

— Taehyung...

— Confia em mim, Baekhyun.

— Taehyung...

— Eu estou falando sério.

— Tudo bem. Eu vou dispensar a modelo. Mas tem certeza?

— Sim, merda! Eu já disse.

Depois de mais algumas horas de trabalho, Taehyung foi embora.

O caminho para casa foi curto e tranquilo, um pouco mais frio do que o normal. Ele chegou quando não passava das dezesseis horas da noite, indo para o quarto, tomando um banho e descendo para jantar. Antes disso, deixou o seu gatinho na cama e começou a se trocar ao tempo em que observava o pequeno dormir.

Ômega da cidade [FÍSICO].Onde histórias criam vida. Descubra agora