.dores escritas

.brinquedo

Patético, você; um garoto patético. 

Eu me sinto uma tonta sempre que você vem e me dá um pouco de atenção, porque me torno sua criancinha encantada que com os olhos sempre brilhantes te ouve e brinca. Mas logo você vai embora e me quebra com sua ausência. Eu te endeuso demais e você me dá suas esmolas, sabe? cansei. 

Você me dá suas desculpas, sabendo que não preciso delas, sabendo que preciso apenas de você, só um pouco de você. E é difícil pra mim deixar você, por que você sempre fez parte de mim, é assustador não te ver, não te ouvir.

Eu te odeio muito por isso, por fazer com que aqueles dez minutos valessem por horas e horas, não gosto de admitir que preciso de você, mas é verdade que sua notificação me faz sorrir, como se eu fosse única, como se eu fosse a única.

Eu odeio o jeito bonito que seu sorriso se faz, o jeito que você mexe seus cabelos, seu rosto sério encarando o nada enquanto segura a minha mão, todas as suas roupas estilo sad boy (que vergonha admitir isso, tão bobo), aquelas blusas pretas... Suas veias nivelando seus braços, é, talvez eu esteja dopada do modo como você me olha, como me rouba por segundos e me ouve como se eu fosse todo o conhecimento que você precisa.

"-Seus cabelos estão lindos hoje."

Sou a garota boba que não sabe responder suas palavras, essa sou eu e eu sei que você se diverte com isso, mas eu não sou seu brinquedo, o brinquedo que você guarda no baú e tira quando bem quer.

"-Você está bem? Não me deixe preocupado."

Eu sempre digo que não vou mais aceitar suas mensagens, ou até mesmo que vou te ignorar como você faz quando quer, que quando eu quiser eu te darei meu tempo. Mas eu sou um pouquinho viciada em você, isso me quebra, me impede de te deixar pra lá.

Talvez eu que seja muito apegada, e essas lágrimas, não sejam nada, tantos anos com você e todos eles desejando mais do que posso ter.

Talvez eu devesse ser tão livre quanto você, quem sabe assim eu parasse de sofrer.