_ CAPÍTULO SETE _

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_CAPÍTULO SETE_
Um novo dia...
 

   Hoje é um dia muito especial, era a primeira reunião geral do ano que a escola promovia. Todas as salas são convocadas para se aglomerar no pátio principal, as novas regras são apresentadas, a grade semestral é definida e por último e não menos importante, as novas líderes de turma eram convocadas ou como são costumeiramente conhecidas, as Filleviês. Quem garantisse um nome desse para si, poderia coordenar a sala inteira e ganhar direitos a mais do que as outras, além de ser a nova responsável pela equipe que participaria na interclasse anual da escola.

   Na sala 12, todas as cadeiras tinham sido postas nos cantos, uma sobre a outra, formando um significativo espaço bem no centro do vão. Foi assim, que a professora Maristela, ordenou que tudo fosse organizado. 

   Lecionando no Cunhatã há sete anos, Maristela se parecia muito com as alunas, ela era alegre e gentil, seu modo de se vestir se assemelhava muito ao de uma estudante comum e ela cumpria sua grade orientando na disciplina técnica Ordem do Lar.

   Podemos começar meninas? - exaltou Maristela, que apressou seus passos em direção a sua mesa, abrindo uma gaveta e recolhendo um objeto em sua mão - alguém sabe me dizer o que é isso?

   -É uma seringa! - exclamou uma voz alta e suave, proferida por uma dama provida de longos cabelos negros lisos brilhantes em frente a classe.

   -Isso mesmo Ayres! É uma seringa normal, voltada para aplicações rápidas em casos de emergências! - espalmou Maristela, que logo em seguida arrasta uma cadeira para o centro da sala, sentando-se e dirigindo o intuito da aula de hoje - O que voçês aprenderão agora, é uma técnica simplista de primeiros socorros com crianças em casos de doenças ou surtos momentâneos. 

   Sem mais nem menos, uma grande quantidade de passos vindo em direção a sala puderam ser ouvidos, tão quanto rápidos não fossem, a porta da sala já estaria sendo aberta. 

   –Bom dia professora, sinto muito incomodá-la – proferiu Hilda, que trazia consigo duas alunas carregando um ar de vergonha e ansiedade ao mesmo tempo. 

   –Claro Hilda, mas o que está havendo?  

   –Trago estas alunas que foram convocadas a diretoria mais cedo, espero que isso não atrapalhe a aula – falou Hilda. 

   –De forma alguma! Podem ficar aqui na frente ou lá no fundo da sala – expressou Maristela. 

   Era inevitável. Os olhares cravados em direção a elas, falavam por si só e questionavam incessantemente o porquê delas estarem ali. Querendo ou não, Lisa e Ewellyn foram até o fundo da sala, onde as vistas frontais da professora e de outras alunas não podiam chegar. 

   –Bom, continuando de onde paramos, é muito importante velar pela criança, nunca se sabe quando ela vai contrair uma doença – disse Maristela levantando a seringa – aqui nós temos uma vacina para uma gripe bem leve e toda doméstica deve portar uma dessas ou guardá-las em locais de fácil acesso. 

   –Quantas dessas devemos ter então? – Perguntou Isabela, de mechas loiras e reluzentes, sempre aparecia com uma cara de quem não tinha dormido quase nada. 

   –Depende muito da ocasião e de quantas crianças vão estar no momento – respondeu Maristela – depois de aplicada, ponham a criança em descanso e se piorar, levem-na ao médico urgentemente. 

   Em meio a prosa, uma mão levantara sobre as outras, era Lisa. 

   –Nos meninos, isso não será preciso, porque eles são mais fortes que as meninas. 

   Por um breve momento, a sala inteira estava voltada para aquelas duas e o silêncio tomava conta de falar o que tinha que ser dito. 

   –Qual o seu nome? – questiona Maristela.

   –Elizabeth – retorna Lisa. 

   Mas antes que a professora pudesse falar alguma coisa, o sinal toca, não para a próxima aula, mas sim para a convocação geral das turmas e a primeira reunião geral do ano estava prestes a acontecer. 

   –Certo meninas, formem uma fila e saiam para o pátio principal.

   Ao sair, Lisa não podia deixar de notar que a professora estava a encarando e demonstrando uma preocupação aparente em cima dela. Eu disse algo de errado? Pensou ela. 

 
REUNIÃO GERAL ESCOLAR

 
   Todas as classes estavam presentes e misturadas, parecia um reencontro de anos, mas logo aquele momento seria bruscamente interrompido por uma voz aguda, que ecoou por todo o pátio da escola. 

   –Atenção! Todos escutem! 

   Por um momento, a multidão tinha se posicionado em direção ao palco, e a então mulher que discursava no primeiro momento, era a diretora da escola. 

   –Para aquelas que não me conhecem ainda, meu nome é Demilly, e eu sou a diretora do Cunhatã a 10 anos. Tenho muito prazer em conhecer a todas – pronuncia a mesma pondo em suas mãos uma espécie de documento – isto aqui, é nada mais nada menos que o certificado oficial de lider-de-sala para as turmas fundamentalistas deste ano. 

   A primeira grande reunião tinha o principal intuito de selecionar as próximas filleviês da escola e o método de seleção baseava-se na alta influência das famílias que cada aluna possuía. 

   –Já possuímos todos os 4 nomes de cada uma das 4 turmas que foram escolhidas a dedo pelo nosso conselho de professores – disse Demilly que calmamente prendia seus cabelos para não atrapalhar sua posição – Ayres Layana, 2° D! Ana Louiville, 2° E! Luiza Gomes, 2° A! E por fim, Ewellyn Lasmin, 2° F!

   Os aplausos camuflaram o clima pesado que antes estivera, mas logo tudo seria interrompido.

   -Agora eu quero as escolhidas aqui presentes comigo, já!

   A primeira a subir no palco, foi Ayres, que sempre esbanjava um ar de superioridade para as outras com seus longos cabelos anoitecer.

   Logo em seguida, o restante também havia subido, mas ainda faltava uma - Ewellyn?! Onde está Ewellyn Lasmin? - indagou a diretora.

   Ninguém sabia quem de fato era, todas olharam para diferentes lugares, confusas em tentar encontrá-la.

   -Vai logo Ewellyn! Ela está chamando por você - murmurou Lisa.

   Mas antes que Ewellyn pudesse ao menos falar alguma coisa, ela já tinha sido descoberta.

   -Ela está aqui! - gritou uma voz repentina vinda da multidão.

   Ewellyn ergueu toda coragem que tinha, e caminhou até o palanque, sendo a última, tinha ficado na ponta da fila que as quatro tinham formado ali. Ewellyn só se questionava da causa dela ter sido escolhida dentre tantas outras naquele momento. 

   -Obrigada pela paciência de todas, agora vamos ouvir o que cada uma delas tem a dizer! - concluiu Demilly.
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  

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