Capítulo 7

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Diluc on

    Hoje está se completando três meses desde Kaeya entrou em coma, seu estado piorou e muito, ele tem ficado doente facilmente e eu temo que talvez ele não dure mais nem um mês sequer, recentemente ele começou a tossir sangue, eu tenho ficado com ele, raramente vou a taverna, se ele for morrer quero ao menos estar ao seu lado quando isso acontecer, eu sei que disse que ainda tenho esperança dele acordar, mas no momento, por mais que vá doer, talvez seja melhor que ele finalmente descanse e vá me esperar do outro lado com papai, não quero ficar sozinho, não quero que meu maninho morra, mas com as condições atuais vê-lo sofrer está me matando e saber que eu não posso fazer nada para aliviar sua dor me mata mais ainda.
    Uma facada doeria menos a essa situação, se for para ele ficar que pelo menos ele fique bem. Aqui estou eu mais uma vez cuidando dele essa madrugada, a medida que eu mexia seu corpo sua respiração ofegava, ele provavelmente está com dor, me perdoe por isso Kaeya mas é para o seu bem, uma vez que terminava o que estava fazendo eu o acariciava e lhe pedia mil desculpas por ter te causado dor, eu não podia evitar de chorar, era a única coisa que eu podia fazer por ele nesse momento.

     - Por favor Kae… Não me deixe, não quero perder a única família que me resta…   

    Eu ficava a maior parte da noite com ele, e pela manhã eu tentava descansar um pouco, muitos já vieram até mim e me pediram para abandonar Kaeya e deixar ele morrer, nesse estado ele não duraria um dia inteiro sozinho, mas eu não posso, como eu poderia deixá-lo novamente? Ainda mais nessa situação, eu seria um irmão ainda pior se o fizesse, eu ainda tenho esperança que ele possa acordar, a esperança é a última que morre não é? Então a minha vai existir enquanto eu puder cuidar dele…

Diluc off
Kaeya on

    Eu me senti fraco, meu corpo todo doía e me implorava para desistir, mas eu não quero, não quero deixar Diluc, não agora que talvez finalmente possamos ser uma família de novo, eu quero acordar, quero estar ao seu lado, ser um bom irmão para ele pelo menos uma vez na vida… Ouvir ele me implorar todos os dias para que eu fique com ele me dá forças para continuar lutando contra os braços da morte, saber que ele está triste por minha causa me dói, eu quero trazer alegria para ele e não dor, ele não merece sofrer tanto assim, não mais, eu preciso ser forte eu preciso acordar, por Diluc eu preciso.

     - Você é fraco, não vai conseguir sair daqui, eu vou matá-lo antes que perceba. 

     - Não! Eu vou sair daqui e voltar para casa, eu vou voltar pro meu irmão!

     - Tolinho, ele não é seu irmão, está apenas com pena de um pobre coitado como você, abandonado sem ninguém para te acompanhar em seu leito de morte.

     - Não, isso não é verdade, ele me aceitou de volta e é isso que importa!

    Eu podia sentir meu próprio corpo me prendendo, não importava o quanto eu lutasse eu não conseguia chegar a luz.

     - Me deixa sair, Diluc precisa de mim…

    Eu senti minha própria mente me afogar, eu sentia meu corpo vacilar e isso me desesperava, não, não por favor, eu não quero preocupar meu querido irmão mais velho mais uma vez, eu quero melhorar, eu quero acordar, pela primeira vez em anos eu quero viver e não apenas sobreviver, por favor me deixem viver mais um pouco…

Kaeya off

Diluc on 

    Quatro meses, esse é o tempo que Kaeya está dormindo profundamente sem sinal de acordar, pela segunda vez durante esse tempo ele quase morreu, meu querido irmãozinho simplesmente parou de respirar nessa madrugada, ficou assim por quase 5 minutos inteiros e então voltou a respirar depois de algumas convulsões, sempre que ele as tem elas parecem piores que as anteriores, ele se machucou dessa vez, seu corpo está tão frágil que uma simples batida foi o suficiente para que ele deslocasse o ombro, eu pensei que o pior já tinha passado, mas pelo jeito que as coisas tem se desenrolado ele ainda está lutando com algo para poder se manter vivo.

     - Ei maninho, você deve estar com dor agora não? 

    Digo acariciando seu rosto, seu rosto que antes era sereno agora possui uma expressão sofrida, ver sua face dessa forma me dói, me faz querer trocar de lugar com ele, eu deveria ser punido por toda a dor que eu causei a ele e não o contrário, Kaeya não merece isso, ele merece mais depois de tudo que passou, ele foi abandonado por seu pai e carregou um pesado fardo desde muito cedo e eu ao em vez de ficar ao seu lado fiz o mesmo que aquele homem desprezível, o abandonei, virei as costas para ele no momento que ele mais precisava de apoio, mais uma vez naquele dia me sentei ao seu lado e me pus a chorar.
    Ele merece todo o amor que nunca teve durante esses anos e eu estou disposto a dar isso a ele, mesmo que ele não possa estar acordado, eu vou continuar cuidando dele e o amando mesmo depois de tudo, eu sou o único culpado por abandoná-lo e o único que não merece nem um pingo do amor que ele tenha para me dar, se é que sobrou algo depois de tantos anos em que eu apenas o rejeitei, será que as coisas seriam diferentes agora se eu nunca tivesse te mandado embora Kaeya?
    Conforme os dias passavam suas convulsões pioravam, eu já não sabia mais o que fazer, esse mês está sendo o mais difícil entre todos os outros, papai o senhor não estava cuidando dele? Então por que ele está tão mal? O senhor vai levá-lo para junto de si? Eu realmente vou perdê-lo? Muitas perguntas se passavam em minha cabeça mas nenhuma tinha uma resposta, eu estava ajudando Adeline a cuidar de Kaeya depois de suas convulsões, dessa vez ao em vez de sangue ele tossiu um líquido escuro, eu não sei o que ele é, mas não me parece ser algo bom…

     - Mestre Diluc o senhor deveria descansar, está cuidando do mestre Kaeya noite e dia, assim vai acabar adoecendo…

     - Eu estou bem Adeline, além de que não consigo descansar com ele nessa situação, eu tenho medo de ser acordado pela notícia que ele se foi e eu não estava ao lado dele. 

     - Eu entendo, mas não vai conseguir ficar ao lado dele se adoecer.

     - Está bem, eu irei descansar um pouco, me chame se algo acontecer.

     - Como quiser, jovem mestre Diluc.

    A pedido de Adeline me permiti descansar um pouco, admito que eu estou realmente esgotado, mas minha preocupação me impede de fazer longos intervalos de tempo longe de Kaeya, mesmo com um resquício de esperança dele acordar, pela maneira que as coisas estão se desenrolando temo pelo pior. À medida que o mês passava Kaeya parecia finalmente estar melhorando, ele já não tinha convulsões e raramente tossia sangue, isso foi um alívio, parece que finalmente suas chances de recobrar sua consciência estão aumentando.

Diluc off

Continua...

My last act (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora