Adrenalina

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  "Tem alguém em casa?" uma voz vinha da porta da frente, não me importei achando que seria apenas um bêbado tentando fugir da chuva, então voltei a dormir, mas logo fui acordado pelo barulho da janela quebrando, me fazendo levantar da cama e observar a escada que levava até o 1º andar. Olhei para baixo e avistei uma figura corcunda se esgueirando da sala até a cozinha, com medo da pessoa estar armada decidi ficar ali esperando e se caso subisse o jogaria escada a baixo. Depois de um tempo não avistei a figura novamente e nenhum som da cozinha, continuei esperando, mas nada dele aparecer.

  Depois de uma hora e meia esperando-o aparecer novamente, decidi descer e verificar. Peguei um taco de beisebol do quarto e comecei a descida, meu coração estava acelerado, milhares de pensamentos percorriam minha mente e suor escorria das minhas mãos enquanto segurava com força o taco. Estava na entrada da cozinha e em um movimento rápido me virei para atacar, mas não havia ninguém lá... e o mais estranho era que não havia sinais de furto no lugar, tudo estava intacto, decidi acender as luzes para verificar melhor e realmente não tinha nada, mas consegui perceber uma mensagem em cima do balcão, "Amanhã vai chover de novo" estava em um papel de bloco de notas e a minha caneta preferida ao lado. Já estava muito cansado desse evento e apenas olhei pelo primeiro andar e realmente não tinha nada fora do comum, tirando os cacos da janela do corredor que se espalharam pelo tapete. Agora subindo pelas escadas e indo em direção ao meu quarto, guardo o taco em seu lugar e entro no quarto, de repente um trovão ilumina o quarto e no mesmo instante uma silhueta de uma pessoa aparece na janela com algo pingando de seus pulsos que estavam tocando o vidro. Uma dor de cabeça horrível começa e logo perco a consciência e desmaio por cima da cama.

  O barulho do alarme me desperta dizendo que já são 7:00, ainda meio tonto me levanto e tudo está normal, a chuva parou, meus vizinhos pararam... de discutir? Isso é certamente incomum. Vou ao lavado e me preparo para ir ao trabalho. Ao sair percebo que existe uma multidão na porta ao lado e decido me aproximar para ver o que é. "Abram espaço, não atrapalhem os peritos", um policial de óculos escuros diz para as pessoas ali e com o espaço aberto consigo ver... São 2 sacos pretos grandes e 1 pequeno, eram os vizinhos que sempre ligavam a televisão logo de manhã e a sua filha. "O que é que está acontecendo?" pergunto para as pessoas à minha frente, " Você chegou agora? Os policias dizem que foi um assassinato ocorrido na noite de ontem, é uma pena, mas pelo menos agora eles vão estar à procura desse louco." Uma mulher que mora de frente à minha casa me respondeu e em seguida se virou pra frente. Decido ir embora dali antes que acabe me atrasando pro trabalho, então sigo de volta para a garagem pegar meu carro para sair.

...

  Mas que droga, tinha que estar chovendo logo agora na saída? Que saco, agora vou ter que corre ate chegar ao carro. Depois de finalmente chegar ao carro começo a escutar alguma figura ao longe me chamando, levanto a cabeça para ver por cima do carro e avisto alguém ao longe por debaixo de um poste de luz do estacionamento, "Pare aí mesmo!!" ele disse e em seguida levantou o braço em minha direção. "Mas o que é isso..." de repente um disparo e em seguida o barulho da bala atingindo a lataria do carro, meu coração quase sai pela boca com o susto, rapidamente me abaixo e tento girar a chave da porta, mas minhas mãos estão tremendo muito.

  Mais 2 disparos seguidos, um acerta a porta de trás e o outro acerta a janela do passageiro. "VAMOS, Vamos, GIRA A DROGA DA CHAVE SEU MEDROSO!!!" *Click . Pronto, vamos logo, vamos, vamos. No desespero consegui acertar a chave na ignição e girei, mas o carro não pegou, "AH QUALÉ, SEU CARRO DESGRAÇADO!! PEGA LOGO!!!", depois de gritar e girar diversas vezes a chave ele ligou, engatei a ré e me coloquei de frente a saída do estacionamento, e quando percebo lá estava, a mesma figura na frente da saída bloqueando meu caminho enquanto mantinha a arma apontada em minha direção. Nos encaramos por alguns segundos e logo coloquei na 1ª e acelerei, ele também começou a disparar contra o capo e o vidro do carro, mas logo me abaixei, também troquei pra próxima marcha e acelerei com tudo.

  Meu coração não parava de palpitar, toda aquela adrenalina percorrendo cada célula do meu corpo enquanto buscava apenas me manter vivo até chegar em casa, era tão intenso que quase não conseguia ouvir o barulho dos disparos acertando o vidro. De repente sinto que o carro bateu em algo e que isso passou por cima e caiu em seguida, levanto a cabeça e freio.

  Olho para trás e vejo aquela pessoa caída lá no chão molhado do estacionamento. Respiro fundo e sigo em frente enquanto tentava enxergar algo por aquele vidro todo trincado e perfurado. Depois de alguns minutos na estrada percebo que a chuva está ficando mais e mais forte, e logo agora que estou na rodovia. Começam a cair trovões e a ventania com força de balançar um poste a minha frente.

 "Preciso desacelerar se quero manter as 4 rodas no chão", uma caminhonete passa por mim na faixa que leva até a região do meu trabalho. Depois de alguns segundos ouço uma explosão altíssima, quando olho no retrovisor consigo ver aquela caminhonete em chamas e um poste caído por cima dela. "Por que todo lugar que olho tem morte acontecendo?", me questionei enquanto seguia a rodovia por mais alguns metros até entrar na rua que seguia direto até minha casa.

  Minhas mãos estavam tremendo de novo sobre o volante que estava frio pelo suor que saia das palmas e da água que entrava pelos buracos no vidro, parei o carro sob a calçada em frente à minha casa e quando abri a porta do motorista acabei perdendo o equilíbrio e caindo sobre uma poça do gramado. Estou tremendo todo o corpo enquanto ouço os trovões caindo ao redor do lugar, essa sensação é maravilhosa e assustadora; acabei me levantando e caminhando até a porta, mas estava trancada, então peguei uma pedra ao lado da cerca e arremessei contra a janela, por sorte os trovões cobriram o barulho, e então entrei.

   Acabei me cortando um pouco com os estilhaços, mas logo cheguei a cozinha e aquela caneta ainda estava em cima do balcão... "Será... que eu sinto dor ainda?...." me sentei na cadeira e estiquei o braço e abri a mão sobre a mesa e com a outra peguei a caneta e desci com tudo na palma que estava aberta na mesa 

*Risada*

  "Não doí nada!! Que incrível.... e meu coração não para de acelerar conforme vejo aquele sangue jorrando do buraco em minha mão", então eu escuto passos vindos do andar de cima 

  " Que-quem está aí?" a voz de uma garota perguntava. 

  Se ela me ver aqui vai achar suspeito, que droga... Então consegui ouvir os passos lentos descendo os degraus da escada. " O que é todo esse sangue?! Pa-" eu rapidamente cobri a boca da garota por trás 

  "Shiiiu.... o seu papai vai te encontrar em breve" eu disse enquanto a garota gemia sobre minha mão ensanguentada, então eu levantei a caneta e conforme a descia meu coração ficava mais e mais agitado até que a caneta atingiu o pescoço dela... " Você está sentindo também, não é? Essa descarga por todo o corpo que te faz acelerar os pensamentos e o poderoso coração! Vamos juntos aproveitar toda essa carga de adrenalina em nossos corpos até que a chuva cesse...



Bônus


  "Mas que inferno está acontecendo nessa cidade? Primeiro é uma família na mesma rua, depois é o corpo de um segurança no pátio de uma empresa, em seguida um casal sofre um acidente na rodovia e por fim uma família inteira morta com ataques ao pescoço nessa rua. Eu vou querer uma promoção depois desse caso..." Resmunguei enquanto olhava os relatórios da perícia.

  " Senhor conseguimos analisar os rastros de um carro que estava sobre a calçada em frente à casa das últimas vitimas e encontramos isso perto do gramado coberto de lama" ele levantou um saco com um frasco de remédios cheio de comprimidos " Isso é para diminuir a atividade cardíaca? Por que se for...

  "Mande um pedido pra central, diga para me enviarem a ficha daquele criminoso que tinha se reabilitado no hospício local que tinha um sério problema em controlar os impulsos..."

EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora