capítulo 7

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Gabriel

Acordo mais cedo e vou até o escritório do Don para encontrá-lo concentrado em uma pilha de papéis, ele normalmente está em casa pela manhã e aproveito, porque preciso falar com ele a sós.

- Gabriel, que milagre vê-lo acordado a essa hora. - Don Lorenzo me recebe com sarcasmo, mas autoriza minha entrada e faz sinal para que me sente na cadeira à sua frente. - A que devo a honra?

- Alícia não está bem. - Vou direto ao assunto e isso o faz parar tudo o que estava fazendo e me olhar preocupado.

Só tem uma coisa que faz o Don descer da pose de chefão da máfia para voltar a ser meu amigo: sua família.

- Estou ouvindo. - Ele guarda os papéis em uma pasta e se escora na cadeira de couro, dando-me sua total atenção.

- Os pesadelos voltaram com mais frequência, ela está bebendo novamente e tem fumado maconha para relaxar - relato.

- Ela falou sobre algum problema em específico que possa estar atrapalhando sua rotina?

- Não, mas você sabe como ela fica quando está entediada.

- Sim, eu sei. Matteo comentou que vocês foram na mansão 12 e algo sobre uma corrida este final de semana.

- Ali pediu para organizar uma corrida de motos, talvez seja bom para extravasar e passar um tempo em família - sugiro.

Lorenzo pensa por um tempo, ele sabe como os períodos ansiosos da irmã afetam a família, precisamos intervir antes que ela realmente perca o controle e acabe se machucando.

- Vou limpar minha agenda no domingo, só mantenha ela longe de qualquer bebida ou drogas antes da corrida. Se eu souber que ela tomou algo, cancelo o evento - anuncia seriamente.

- Pode ter certeza de que se ela usar alguma coisa eu mesmo não a deixarei pilotar.

Lorenzo é meu melhor amigo desde que éramos pequenos, meu pai foi o Consigliere do pai dele antes do sequestro e ficou no cargo até que Matteo estivesse pronto para assumir.

Fomos criados juntos e nunca brigamos seriamente, até que Alícia retornou da Inglaterra e virou meu mundo de cabeça para baixo. Depois disso nossa amizade mudou e acabamos nos afastando um pouco.

- Gabriel, à tarde preciso de vocês comigo na negociação com os Russos, o Brigadier estará presente e tenho a sensação de que podemos ter problemas - Lorenzo explica seriamente. - Eu a deixaria de fora depois do que me falou, mas sei que será impossível, então Alícia ficará sobre a sua responsabilidade.

- Que horas?

- Às 19h, no local de descarga de mercadoria.

- Estaremos lá - confirmo e volto para o nosso quarto.

Abro a porta com cuidado para não fazer nenhum barulho, as cortinas que ela sempre quer abrir durante a noite para ver a lua dão passagem à luz do dia que ilumina o corpo da mulher mais linda desse mundo.

Deitada de lado, o lençol embolado no meio das pernas, Alícia está abraçada em seu bicho de pelúcia preferido, um coelho de 50 centímetros que comprei de presente no seu aniversário de vinte anos.

Quando não estou do seu lado é o coelho de pelúcia quem toma meu lugar e preciso sorrir com isso, afinal este é o apelido que ela usa comigo.

Alícia é fascinada pela história de Alice no País das Maravilhas desde que era pequena. Antes de tudo acontecer ela vivia brigando por seu nome não ser o certo, queria ser chamada de Alice, mas com o tempo se contentou com o apelido de Ali. Quando a encontrei no esconderijo do maldito Alejandro Vasquez, a primeira coisa que vi foi a mãe e o pai dela mortos, e Alícia correndo para meus braços e me chamando de Bunny.

Malícia:Um trisal mafioso (Degustação) Onde histórias criam vida. Descubra agora