II.1

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─ Tudo pronto para partir? ─, questionou Scottfield. Seus comandados haviam arrumado os equipamentos. ─ Soube do que aconteceu durante à noite, Alteza. Sente-se bem? ─ Alice estava visivelmente cansada e com olheiras.

─ Eu... é...

─ Receio que foram as acomodações, não?

─ Não, comandante... eu... ─ "Eu prometi que não iria vende-lo... mas ele... ele CRIOU fogo. Ele foi revistado assim como eu, ele não tinha nada além da roupa do corpo, não pode ter sido uma ilusão ou uma miragem. Por um momento eu vi o clarão, senti o calor, vi uma seriedade que a expressão dele não tem... e ainda assim ele não deve ter mais que a minha idade. Tudo bem. Ele é de outro mundo. Mas como chegou aqui? O que aconteceu com ele?" ─ ... eu só estou cansada. A vida da corte nunca me obrigou a longas marchas ou preparou-me fisicamente para as provações de um soldado. Mas agradeço-lhe pela sua preocupação com meu bem-estar e tentarei não lhe ser um estorvo.

─ Surpreende-me, Alteza. Quando soubemos dessa missão, acreditei que iria capturar uma pirralha mimada e pedante.

─ Talvez tivesse capturado a mege... a minha querida e nobre irmã mais velha Dorothea encontrasse alguém à altura de suas expectativas.

─ Expectativas tais que levar-me-iam a decisões mais drásticas?

─ Drásticas e extremadas. Caso fosse eu Vossa Majestade Imperial a senhora Imperatriz e o ilustre Comandante lograsse êxito em sobrelevar e conduzir seus desígnios de missão acordando métodos fleumáticos com a digníssima, pactuaria um armistício. ─ Alice mantinha expressão calma e sorriso desafetado.

─ Compreendo. Penso que seria deveras intrincado executar tais proposições, vossa alteza. Sou grato pelo informe. ─ "Ah! Linguagem de corte. Estou meio enferrujado, mas entendi muito bem. Mas isso quer dizer que ou capturamos a mais valiosa ou a que não vale nada. Capaz da putinha da irmã dela ter mais costas quentes por se meter em política ou dar o rabo." Scottfield virou-se. ─ E você, Volpi. Dormiu bem? ─ Volpi estranhou o comportamento de Scottfield. Parecia que tinha esquecido tudo da noite passada. ─ Perguntar do seu bem-estar é infringir a regra de sem perguntas? ─ Ele não esqueceu.

─ Não, não, comandante. Dormi muito bem até. Faz tanto tempo que não dormia em uma cama que nem me lembrava como era.

─ Sei... ─ "Vindo dele não deve ser mentira, mas eu não sei mais nada." ─ ... muito bem. Hoje vamos marchar até uma base de operações. Se mantermos o passo chegaremos ao anoitecer então, por hoje, peço que não haja reclamações. Entendido?

─ Entendido/Tudo bem ─, disseram os dois.

"Mas se esse plano não der certo acho que eu ganho um mecânico e uma isca. Não foi perda de tempo." ─ Formação! Partir!

Marcharam. Longa e duramente. Os dois jovens prisioneiros chegaram muito perto de amaldiçoar o dia em que nasceram e as desventuras aventurescas que os trouxeram até aquele momento, mas foi a coragem e determinação em seus corações que os mantiveram firmes em seu estoicismo e... eles não reclamaram por medo de levar pipoco, essa é a realidade.

Isso não impediu conversa, em especial depois da autorização de Scottfield.

─ Vocês se importam se eu perguntar algumas coisas? ─, disse Volpi

─ Se forem segredos de Estado, esquece ─, comentou Salemi e riu. ─ Pode falar, garoto, ninguém aqui vai morder.

─ Eu queria saber... como foi que essa guerra começou?

─ Comandante, tudo bem eu dar uma aula de história?

─ ... ─ Scottfield só abanou a mão e continuou avançando com o grupo.

Fantasia: Viagens - VolpiOnde histórias criam vida. Descubra agora