Capítulo 10

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Deus costuma usar a solidão

Para nos ensinar sobre a convivência.

Às vezes, usa a raiva para que possamos

Compreender o infinito valor da paz.

Outras vezes usa o tédio, quando quer

nos mostrar a importância da aventura e do abandono.

Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar

sobre a responsabilidade do que dizemos.

Às vezes usa o cansaço, para que possamos

Compreender o valor do despertar.

Outras vezes usa a doença, quando quer

Nos mostrar a importância da saúde.

Deus costuma usar o fogo,

para nos ensinar a andar sobre a água.

Às vezes, usa a terra, para que possamos

Compreender o valor do ar.

Outras vezes usa a morte, quando quer

Nos mostrar a importância da vida.

— Paulo Coelho, Trecho do livro "Manual do Guerreiro da Luz".

Coniffer apreciava demais o simbolismo, e para ele uma das coisas mais simbólicas que ele sempre acreditou veemente é que toda criança deveria ter o direito de brincar, pois para si isso significava liberdade, e nada, absolutamente nada, poderia equivaler o preço de qualquer liberdade, mesmo ela tendo diferentes significados para outras pessoas.

Isso partiu do fato de ele entendia desde bem pequeno que seus pais não eram perfeitos, e nem tentavam o ser, aliás, procuravam sempre ser os piores nessa função. Mas também não havia muito do que se esperar do laço entre uma prostituta e um padre corrupto.

Sua mãe Yumi, com o belo nome que simboliza beleza abundante e que de fato fazia jus a ele, poderia ser bastante rancorosa, e o culpava por toda decadência e extrema pobreza que eles viviam, mas como a poderia culpar? Ele era o retrato perfeito de seu pai desonesto, pelo menos em aparência, por enquanto.

E embora não compreendesse muito bem as expectativas egoístas que sua mãe depositava em si e a própria ignorância e ausência da sua única figura paterna, ele jamais se permitiu não usufruir de sua pequena e momentânea liberdade.

E isso o deixou confiante, talvez fora isso que atraiu a atenção de Enok D' Artagnan.

Enok achava que ele era uma criatura intrigante, mesmo apesar de sua triste e decaída vida, ele fingia que nada disso o afetava, algo espantoso para uma criança, mas no fundo, ele não entendia que isso era apenas uma criança que aprendeu a ser adulto muito cedo, da forma mais horrível.

Entretanto, se recordava muito bem e com devoção quando conheceu o chefe da família D' Artagnan na época e por mais que enquanto o admirava de longe, ele matava sem piedade seus pais, ele jamais conseguiu desviar os olhos daquele ser, era... magnífico.

E sem aviso prévio, aquele menino magro e pálido estava ao lado de uma criatura sanguinária com motivos ainda mais asquerosos, mas, ainda assim... ainda assim ele se permitiu ser acolhido por ele, e não obstante, aquele homem se permitiu acolher aquela criança humana.

O fez membro da sua família e o tornou melhor amigo de seu primogênito, Ezra D' Artagnan.

Devia absolutamente tudo ao seu senhor.

Mas tudo começou a desmoronar quando ele próprio decidiu virar as costas a sua família por causa do egoísmo, e esse egoísmo tinha nome, mas não sobrenome, Cibele, uma jovem que havia sido vendida a máfia D' Artagnan que devido a sua beleza havia não só conquistado Salvatore a fazer um tratado de paz como também atraído Coniffer.

Antes dela ser entregue, ele cedeu á ela, a sua vontade, mas entendia que não viveria muito tempo ao seu lado, até que uma notícia veio para abalar tudo que já havia, Cibele estava esperando um filho, e Coniffer percebeu então que nada seria igual, ele já não era igual.

E quando os seus olhos recaíram na mais bela criatura, muito mais bela que qualquer outro ser já conhecido, muito mais bela que qualquer outra coisa que teve o prazer de conhecer. E com isso, ele sabia em seu coração que precisava a proteger a todo custo.

E por céus... ela era tão bela, tão inocente, seus olhos semelhantes a chocolates derretidos em sintonia com os fios sedosos de seu cabelo de tom castanho igual a um tronco de árvore, a fazia majestosa.

Penélope era simplesmente... tudo.

Poderia parecer ingrato, poderia até ser igual a sua mãe, egoísta, mas nunca permitiria que sua tamanha preciosidade perdesse o brilho por sua causa ou por causa da família D' Artagnan, seria demais.

E então ele fez tudo o que podia, tudo o que estava em seu alcance para que eu não a alcançasse, e quando perdeu sua amada, a responsável pela vida do motivo de toda sua determinação, só o fez mais convicto daquilo que queria.

E Penélope era uma criança tão adorável, era um deleite para si ouvir suas gargalhadas infantis e os pezinhos que se desdobravam entre os esconderijos de sua casa, seu coração se derretia.

Tudo o que ele mais queria era a proteger, era apenas isso... mesmo que seu esforço começasse a se tornar a solidão implantada em seus belos olhos.

Se ela ao menos pudesse compreender...

E quando a obrigou a se afastar e a mandou para bem longe, seu coração sangrou profundamente, mas é isso que os pais fazem, não é? Abdicam da própria felicidade em pró da felicidade de seus próprios filhos.

E após alguns anos, que considerou até muitos, ele apareceu, Ezra, o seu melhor amigo, e Coniffer sabia que a sua hora havia chegado, precisava pagar sua dívida, mas mais valia a sua do que a de Penélope.

E com a arma apontada em sua testa, ele se recordou com carinho de todos os momentos que pode passar com ela, sua filha, o motivo de toda sua determinação.

A sua voz melodiosa de criança, os risinhos, os olhos acastanhados que o olhavam com espanto sempre que recebia um origami diferente a cada amanhecer, as danças engraçadas quando pisava a relva num dia quente de Verão ou quando brincava com as borboletas no primeiro dia de Primavera, ele preferia se recordar do quanto foi feliz em todos os momentos ao lado dela mesmo que nem sempre era assim do lado dela, ele a amava profundamente.

Ele se lembraria com devoção onde quer que estivesse do dia em ela abriu os olhos e quando ele a pegou pela primeira vez após o seu nascimento, e Penélope acalmou o choro, como se soubesse que ele era seu protetor.

Coniffer nunca se importaria de pagar com a sua vida mil vezes contanto que ela estivesse dormindo.

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Boa leitura ❤

O silêncio santoOnde histórias criam vida. Descubra agora