Capítulo 12

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O veículo negro à prova de balas deslizou suavemente pela entrada que conduzia até a solitária mansão, um lugar que ele não via há meses. Esta propriedade havia sido erguida como um refúgio para o primogênito da família D'Artagnan quando ele estava na capital, onde reinava como o soberano do submundo grego.

O seu desembarque na Grécia tinha sido notavelmente discreto e silencioso, embora não pudesse afirmar que isso era necessariamente uma boa notícia. Recentemente, ele havia desencadeado uma guerra contra Salvatore em Nagasaki, na qual a única recompensa que almejava era a elusiva Penélope.

— Permita-me, por gentileza, levá-lo à residência — Ezra interrompeu o som da música, a sua voz cortando o ar de forma suave e polida. — Desejo-lhe sucesso nesta temporada de caça, Salvatore — ele vira a sua cabeça, lançando um sorriso carregado de insinuação na direção do homem. — Pois, certamente, irá precisar.

— Você vai lamentar profundamente essa escolha. — Salvatore proferiu a promessa com um tom sombrio.

Ezra sempre se destacou como um indivíduo de grande orgulho, mas, pior do que o seu orgulho, era seu egoísmo inabalável. Salvatore estava ciente de que tentar tirar Penélope de Ezra só resultaria em um banho de sangue e destruição desenfreada. Ele não era tolo, muito menos ingênuo, a ponto de subestimar a ameaça que Ezra representava; afinal, o homem era muito mais perigoso do que Enok já havia sido.

Porém, tudo está a caminhar lentamente para uma guerra muito sangrenta.

Metade do braço do homem moreno se projetava para fora da janela do carro, os seus dedos longos mantinham um aperto firme no cigarro. Mesmo diante da brisa gélida e dos inúmeros flocos de neve que caíam e manchavam a manga do seu terno de grife, a chama persistia em dançar na extremidade do cigarro, desafiando o frio.

A tensão era visível na sua expressão. Os seus olhos permaneciam fechados, em uma tentativa desesperada de ignorar o incessante zumbido do celular que não parava de vibrar com mensagens e chamadas. Sabia que teria tempo de sobra para lidar com as consequências dos seus atos mais tarde.

Agora só queria ver e degustar da presença da sua protegida.

Os imponentes portões de ferro forjado se abriram conforme o carro se aproximava, e Carter estacionou diante da entrada principal. Ezra jogou o cigarro no chão, e o pequeno cilindro de fumaça foi imediatamente apagado pelo contato com a fina camada de neve que cobria o solo. E sem esperar pela ajuda do motorista, Ezra saiu do veículo.

Os seus passos eram pesados e deliberados enquanto ele se dirigia à porta da mansão. E como se não bastasse, se movia como um predador, farejando o ar como um cão desesperado em busca do cheiro que ansiava intensamente há três longos meses de ausência. Era a busca pelo aroma que o consumira, a promessa de algo que ele ansiava mais do que tudo no mundo.

Sentiu miseravelmente saudades dela.

Isadora, que já estava observando a chegada do seu chefe de dentro da casa, agiu com prontidão, abrindo a porta para recebê-lo com um profundo cumprimento, digno da sua posição.

Entretanto, assim que Ezra adentrou a residência, não foi saudado pela enervante fragrância que a presença da sua protegida costumava espalhar, como se tivesse impregnado cada centímetro da casa. Era uma essência notavelmente doce, com um toque picante.

Os seus olhos vasculharam rapidamente o ambiente, ansiosos por um vislumbre dela. Uma frustração iminente ameaçava romper da sua garganta ao perceber que Penélope não estava presente.

Foi somente naquele momento que ele permitiu a si mesmo notar a diferença no saguão da sua mansão. Uma árvore de Natal de quase dois metros estava posicionada ao lado da escadaria, suas luzes piscantes, embora dolorosamente brilhantes e que começaram a lhe dar dores de cabeça, revelaram a presença de alguns presentes em baixo dela.

O silêncio santoOnde histórias criam vida. Descubra agora