02. party in chicago

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maya d. ★
chicago

— vem amiga, vamos dançar, por favor. - a Julie me diz me puxando para o meio da pista, com muitas pessoas pulando e dançando, o cheiro de suor e bebida só aumenta.

Heartbear do Childish Gambino ecoam pelas caixas de som da festa, os graves e as pessoas cantando. As luzes vermelhas e amarelas.

Sinto o calor do corpo de Julie, grudado com o meu, passamos a mão pelo nosso corpo enquanto nossos quadris se mexem no ritmo da música, entrando no nosso mundo, sem preocupação, decepção e nada de mal.

Esqueço do mundo lá fora, o calor aumenta e uma gota de suor escorre em minha testa para a minha bochecha. Abro os meus olhos, e meu olhar vai para o bar, por que sinto o olhar de alguém, com as luzes piscando, tento achar quem é.

não pode ser, estou em um pesadelo, ou talvez um sonho, não, não não e não, pode ser brincadeira.

Um cara alto, dos olhos claros, com a sua jaqueta de couro preta, cabelo castanho escuro fora do lugar, toma um copo de uísque, vejo ela descendo pela sua garganta. Seus olhos rasgam a minha roupa, os olhos quentes e viciantes.

Levi Mitchell está aqui, me olhando dançar. Depois de quase três anos afastados. Minha respiração e meu coração fica acelerado, mais do que normal.

mesmo com essas luzes, a sua beleza não desaparece. ele ganhou músculos, cresceu mais quatro centímetros, seu olhar está fazendo meu corpo entrar em chamas.

Meu sangue está fervendo e meu rosto deve estar corado, vou até o bar, enquanto mais chego perto, mais ele me observa, de cima a baixo, de baixo pra cima.

Se sento no banco do open bar e peço um martini, sinto o cheiro de uísque e seu perfume limpo ao meu lado. Fico arrepiada. Minha bebida chega em seguida, e pego o palito que contém duas azeitonas, como uma delas.

— d'aureville... - ele diz com a sua voz grossa e rouca, que me fez morder o meu lábio inferior

— mitchell... - eu digo sem olhar pra ele, observando as garrafas atrás do balcão.

— o que a grande blogueira faz em uma festa em chicago, sozinha? - ele diz e sinto o seu olhar em meu rosto.

— e o que o grande rockstar faz em uma festa dessa? - eu digo o olho pra ele, seu olhar relaxado me enlouquece.

— fui convidado, mas isso não vem a nossa conversa de hoje, nem de amanhã e nem daqui outros dias, eu quero ter outro tipo de conversa com você Maya. - ele diz, mas ainda não estou pronta pra essa "nossa" conversa.

— talvez outro dia, Levi. - eu digo encarando os seus olhos, que brilham, assim como o meu. Suas mãos deslizam por minha coxa descoberta. Minha pele se arrepia novamente. Ele acaricia com o seu dedo, deslizando para cima e para baixo em pequenos movimentos.

— uma hora você vai ter que me entender, isso está me matando por dentro Maya, não ter você na minha vida tá sendo difícil demais. - ele diz, e sinto uma agulhada em meu coração.

— melhor eu ir, tchau levi mitchell. - eu digo desviando o meu olhar e saindo do local.

Não consegui nem ficar mais dois minutos no local sem chorar, é bem isso, minha vida se resume em ficar chorando.

A Julie disse que vai ficar mais um pouco na festa e ir para um after depois com alguns meninos que ela conheceu.

Vou para o lado de fora e pego o meu celular, chamando um uber que está a cinco minutos daqui.

Ele chega e eu entro, passo a maior parte do tempo observando as grandes ruas e prédios altos, o asfalto largo e algumas pessoas andando por ela.

Pego o meu celular de novo e abro no contato do Levi, bloqueando ele. Tenho que seguir a minha vida como eu sempre fiz, fingir que nada aconteceu.

mas poderia ser recíproco, não é?
por que ele não poderia ter os mesmos sentimentos que eu sinto?

por que não é recíproco?

Chego no hotel, que tem cores neutras e luzes amareladas, entro no quarto que tem uma janela do chão ao teto, com vista dos prédios altos. Duas camas de solteiro, com suíte e uma varanda grande.

Vou para o banheiro e tiro a minha maquiagem com a água da pia e coloco um pijama de algodão. Fico me observando por alguns minutos no espelho a minha frente...

queria voltar no passado, e não ter destruído a nossa amizade, por uma porra de sentimento.

não deveria ter falado o que sentia, era eu ter ficado de boca fechada, maya você é muito burra.

odeio ter criado sentimentos, eu me odeio por amar ele, mais do que uma melhor amiga, odeio não ter mais ele por perto.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto, enquanto eu vou em direção pra cama. Abafo os meus soluços com o travesseiro de penas. Até que eu caio em um sono profundo.

twelve hours later
twelve hours later

Pousamos em Los Angeles a alguns minutos, e agora é hora de fingir que está tudo bem, por mais que meu rosto já diz tudo, e ainda mais do lugar onde vivo, Califórnia, não gosto daqui, me traz muitas lembranças de nós dois.

Quando chego em casa, a Isle corre em meus braços, como se eu tivesse ficado fora por um mês, mas já o Bryson, bom, ele me joga um travesseiro na minha cara e bagunça o meu cabelo.

Agora estamos nós três, deitados no meu quarto, assistindo uma corrida da fórmula um. A Kinsley dormiu em meu peito, com os braços ao redor da minha cintura, e o Bryson está tão concentrado que nem pisca.

— bry, preciso falar uma coisa pra você. - eu digo com a cabeça encostada no seu braço, e olho pra ele, seus olhos encontram o meu, suas sobrancelhas franziadas e com um olhar preocupado e duvidoso.

— pode falar, sou chato, mas estou aqui pra te apoiar. - ele diz e dou um sorriso fraco.

— em chicago, ele estava lá! - eu digo, ainda olhando pra ele, mas pelo sua feição ele não entende. — o levi, estava na festa que eu estava, ele falou comigo dizendo que tinha coisas pra dizer.

— e o que você disse? - ele pergunta, ainda olhando pra mim, mas vejo que seus olhos escurecem.

— que talvez outro dia... - eu digo, e prendo a minha respiração e pisco algumas vezes para afastar as lágrimas, que estão prestes a cair.

— maya, sei que você fica se culpando por ter criado sentimentos por ele, e sei que o Levi deveria ter se esforçado um pouco mais pra te ter por perto. Mas tudo tem um motivo, talvez não foi a hora certa pra vocês dois terem um caralho de relacionamento ou ambos não estavam preparados pra isso. - ele diz e em seguida se arruma na cama, se sentando. — quando você se sentir confortável, ouve o que ele tem a dizer, mesmo ele ter te machucado com aquelas palavras inúteis. No seu tempo, não importa quanto demore.

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⏰ Última atualização: Dec 06, 2022 ⏰

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𝘀𝘄𝗲𝘁𝗲𝗿 𝘄𝗲𝗮𝘁𝗵𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora