4 - A criatura vem hoje

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ARTHUR


Sem dúvidas esse dia estava sendo uma loucura atrás da outra.


Como assim aquela mulher não era uma miragem? Ela é muito parecida com a Petra. Bem no dia que eu descubro que a Petra morreu, me aparece uma mulher bem parecida com ela!


Deve ser coisa do inimigo.


Eu que não deixo esse projeto de Petra chegar perto da minha casa!


- César, você dê um jeito de mandar aquela mulher embora. Eu não quero aquela esquisita perto das minhas terras! - avisei enquanto ele tomava um café na sala da minha casa e eu andava de um lado para o outro.


- Ela não está perto. Ela está em suas terras. Temos que ajudá-la, Arthur. É óbvio que aquela garota estava perdida.


- Seu senso de bondade me irrita.


- E a sua frieza me assusta. Você atirou naquela mulher!


- Eu achei que era um animal! - me justifiquei.


- Você precisa ir a um oftalmologista. - ele aconselhou.


- Ela estava atrás do arbusto. Aliás, eu não iria deixar nem que fosse animal nem ninguém entrar nas minhas terras. Existem placas por toda a redondeza mandando as pessoas ficarem longe. Vou comprar uma onça e soltar aí.


- A primeira pessoa que a onça vai matar será você. - ele assegurou com a xícara perto da boca.


- Sai pra lá com suas pragas! - cocei minha barba. Eu vou diminuir essa barba e esse cabelo também. - O que você ainda está fazendo aqui? Já são 18:30.


- Você tá me expulsando, Arthur? - ele me encarou incrédulo.


- Você já trouxe muita notícia ruim pra mim hoje.


- Estou esperando a sua sobrinha chegar e também o seu técnico voltar com notícias da garota.


- A criatura vem hoje? - meu coração disparou. - Eu não estou pronto para receber uma mulher na minha casa!


- Fique feliz que ela não sabe ler pra ver o quadro na sua parede e se decepcionar com isso. Ela é uma criança, Arthur. Ela não tem culpa do que a mãe fez no passado nem do que o pai fez. Ela não tem culpa de nada. A coitada é uma vítima. Tão pequena e não tem mais os pais. Imagino que ela esteja desolada.


- Não venha com conversas tentando me amolecer. - procurei um funcionário. Encontrei na cozinha. - Jorge, me dá uma garrafa de vinho barato pra eu tomar. Um copo de uísque, porque se me der uma taça eu quebro na cabeça do César.


- Eu quem deveria ganhar o prêmio do evento lá. Por te aturar, Arthur.


- Você aturava o meu pai, que certamente era pior que eu! - esperei o vinho na porta da cozinha.


- O seu pai não tinha regras.


- São regras para boa convivência. - reforcei a ideia e Jorge me entregou a garrafa e o copo, então agradeci e voltei para a sala.


- Você precisa é de terapia. Não sabe enfrentar seus medos. Medo de mulher!


- Eu não tenho medo de mulher. Eu só às odeio mesmo. - sentei no sofá e enchi o copo com vinho, depois deixei a garrafa na mesa de centro.


- Essa criança será a sua salvação.


- Eu não tô condenado!


- Tá sim. Você próprio se condenou a viver nessa vida solitária...


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