3 - Levei um tiro de um misógino

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DAPHNE BRANDÃO

Acordei sentindo dor na perna. Tenho uma breve lembrança do que rolou comigo.


Depois de tanto fugir, eu cheguei a lugar nenhum, mas também ninguém chegou atrás de mim. Digo, aquele homem lá não conseguiu me acompanhar.


Será que eu matei o cara?


Eu nunca matei ninguém.


Eu só dei uma malada na cara dele, ele se desequilibrou e caiu.


Mas também, se ele não tivesse desmaiado, teria vindo atrás de mim. Foi melhor assim.


Credo. Mas eu sou de sorte mesmo! Como fui pegar carona logo com o cara perigoso que passou no jornal e eu não vi?


Preciso me informar mais sobre esta cidade, sem dúvidas preciso.


Então eu cheguei a lugar nenhum e parei para descansar, mas aí eu ouvi disparos vindo em outra direção e me escondi atrás de um arbusto.


Deixei até uma mala para trás, do susto que tomei.


Depois tudo ficou silêncio na mata. Eu estava tentando ver se tinha alguém por perto. Alguém com quem selar a paz, porque eu já estava fodida dos pés à cabeça neste dia.


Eu meio que me desequilibrei ali de cócoras e apoiei a minha mão nas folhas, depois disso teve um disparo e quando eu olhei para minha perna, era ela quem tinha sido acertada!


Tudo bem que eu sou da Saúde e sou uma mulher, o que já familiariza com sangue. Mas mesmo assim, ver sangue saindo de um buraco que nem deveria estar ali me apavorou de um jeito que eu logo imaginei que iria sair mais sangue de buracos que também não existiam. Eu fiquei tão aflita com medo de morrer que apaguei.


Negócio louco. Eu nunca apaguei por nada. Nunca tinha desmaiado na minha vida.


Como a pessoa nunca desmaia e acaba desmaiando bem onde não tem quem me socorra?


É ter muita sorte.


Mas parece que depois que eu desmaiei, aconteceu alguma coisa. O caçador deve ter visto que eu era a bela donzela machucada e me trouxe para uma casinha.


Eu estava numa cama que quando eu me mexia fazia muito barulho. Um casebre simples, não muito diferente da casa que eu morava com minha família.


Minhas malas estavam ali do lado. Já me deu uma esperança de não ser roubada.


Tentei me levantar, mas a minha perna doía muito. Tirei o cobertor de cima e vi que a minha calça tinha sido rasgada. Agora eu tenho uma calça/short. Fora da moda não estou, mas eu queria saber quem fez isso.


O tiro foi na perna mesmo e atravessou de um lado a outro. Tinha um pano embaixo dela sujo de sangue. Não era tanto sangue para eu me preocupar de ter perfurado a artéria, mas ainda sim, estava inflamando. Quando me mexi doeu muito e fui tentar levantar mas não aguentei a dor.


Alguém abriu a porta da casa e logo em seguida passou por ela. Um homem com uma sacola branca.


Ele aparentava ter uns 40 anos e pela tensão na testa estava preocupado comigo.


- A senhora acordou.


Eu nem casei ainda e já virei senhora?


- Isso mesmo, adivinho! Foi você que me acertou um tiro? - meu lado rude se manifestou.


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