1 - Daphne Brandão

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DAPHNE BRANDÃO


Há duas semanas atrás eu soube que a minha irmã mais velha morreu. Ela não era a pessoa mais próxima a mim, pois ela era alguns anos mais velha que eu e já vivia muito longe de mim, mas quando perdemos nossa mãe tudo mudou. Nossa mãe era a última pessoa que tínhamos de parente, além de uma a outra é claro, e quando eu digo última é porque a gente só tem agora uma tia que mora em outro estado e não temos contato nenhum com ela.


Então eu e Petra nos reaproximamos.


Eu conheci a minha sobrinha e seu marido e me dava muito bem com eles. Nos víamos 1 vez por ano, quando eu saía de férias da faculdade, a qual ela me ajudou muito também.


Mesmo assim não posso dizer que éramos grudadas, pois não conversávamos como converso com minhas amigas, mas a gente se amava e ambas sabíamos disso. Sabíamos que tínhamos uma a outra para qualquer coisa, independente da distância.




Eu fiquei muito triste, sofri muito nesse últimos dias. Era a última semana de aulas do semestre e eu mal consegui me concentrar nas provas, mas passei em tudo para poder fazer o que era preciso. A única coisa que poderia fazer pela minha irmã e meu cunhado: cuidar da Antonella, minha sobrinha de 5 anos.


Por isso que viajei até uma cidade, que eu nunca visitei, chamada Belo Monte, para encontrar a minha sobrinha, que segundo a justiça ficará com o seu tio, Arthur Molina. O único irmão de meu cunhado.


Eu sei que a justiça fez isso porque eu não tenho condições financeiras de ficar com a minha sobrinha. Eu vivo do dinheiro da faculdade e de trabalhos que faço para os outros na própria faculdade, mas o meu namorado, Murilo, me assegurou que tenho chances de ficar com a guarda da Tontom se nós tivermos uma casa e uma renda. Ele acha que é uma boa ideia a gente casar e eu ir morar com ele.




Ele é policial e ganha bem. Não nos casamos antes porque eu ainda estudo e achamos melhor ir devagar, mas agora temos um motivo, um bom motivo para agilizar isso e se o Murilo fizesse algo assim pela minha sobrinha seria a maior prova de amor que ele poderia me dar.


Mas enquanto isso, que leva um tempo, para garantir a segurança da minha sobrinha eu vou ficar com ela na casa desse tio o qual eu nunca vi na vida. Eu não posso deixar a minha sobrinha nas mãos desse cara! Me lembro bem o que meu cunhado dizia sobre ele: "Arthur é um Gangster. Ele não faz nada certo e agora que ficou com as terras dos nossos pais não durará muito, ele acabará com tudo. Ele é um caos. Só se mete em problemas".


Eu, em pleno juízo, vou deixar a minha sobrinha nas mãos de um Gangster? Óbvio que não. Faço o que for preciso para vê-la bem. A minha sobrinha já está sofrendo o bastante com a perda dos pais. Ela só tem 5 anos. Fico me perguntando quem cuidou dela nesses últimos dias. Meu coração dói só de pensar.


Fui de busão. 3 dias de viajem. Eita lugar longe da poxa.


Dormi o que pude. Tinha dois moleques pequenos no ônibus que choravam que só, também tinha duas pessoas que de 4 em 4 horas vomitavam.


Eu tenho que me lembrar de trazer um pregador de roupa na volta, para colocar no meu nariz e me poupar dessas coisas.


Enfim, chegamos. Eu estava tão ansiosa que fui a primeira a descer do busão e também fui a distraída que meteu os tênis brancos dentro de uma poça de lama.


Eu estava olhando a cidade. A poça estava bem onde o busão parou.


Eu comprei esse tênis na C&A e usei umas 3 vezes. Agora ele está marrom e minha calça está toda respingada de lama.


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