Tempestades E Naufrágios

Condenado Pela Própria Culpa

—... Devo admitir Kazuha, essas roupas ficaram muito boas. — O rapaz de cabelos azuis disse, com as bochechas levemente avermelhadas enquanto virava e observava o próprio corpo.

Eu estava com olheiras nos olhos de ter passado praticamente 20 horas costurando para terminar a tempo, porém acho que ficou perfeito, estou orgulhoso do meu próprio trabalho, sabia que aprender a costurar ia ser útil... A Beidou me apoiou muito quando eu comecei, mesmo estragando algumas roupas dela e desperdiçando tecido... Sinto falta dela.

Bem, eu fiz uma camisa branca larga com uma abertura no peito relativamente grande, já que ele está acostumado a viver sem nada achei que seria mais confortável, as mangas são largas e longas e prendem nos pulsos e na barriga uma faixa de modo bem estiloso.

Quanto a calça é preta e colada, algo simples mesmo, a Signora fez a gentileza de dar duas botas de presente pro Kunikuzushi não ficar machucando os pés delicados também.

— Que bom que gostou... Ahhw... — Bocejei, me deitando na cama.

— Agh certo, eu deixo o Kazuha ficar aqui umas horas a mais só porque eu sei que você não deixou o pobre coitado descansar nada, e também porque eu adorei a roupa, será que ele faz vertidos? Heh. — Ouvi a conversa dos dois enquanto estava deitado na cama quase dormindo.

— Eu?! Eu estava aprendendo a andar! Ele que quis fazer roupa, Humf. — Vi Kunikuzushi andando pelo quarto, ele ainda tropeçava facilmente e demorava algum tempo para se estabilizar, porém já é o suficiente para se passar por um bêbado qualquer, algo comum em Mondstadt.

— Certo, certo, muito bom princesa, você deveria começar a trabalhar no seu plano, não se arranja um barco do nada. — Signora disse, cruzando os braços e o observando.

Vi Kunikuzushi estremecer e me observar, alguma coisa naquele olhar me passava um "Me desculpe Kazuha, eu preciso da sua ajuda... " Porém, eu só vou ajudar se ele abrir a boca e me pedir.

— Sim, eu vou... Preciso voltar para casa. — Vi o rapaz se virando para Signora, e passando pela mulher.

— Ele vai voltar para cá chorando ou amaldiçoando com raiva a cidade toda em 5 horas. — A mulher disse rindo, e me juntei a ela na gargalhada.

— 5 horas? Eu não dou nem duas. Se ele se ajoelhar e falar: "Oh Kazuha, eu estava errado, eu não consigo fazer isso sozinho, por favor eu vou ser mais legal com você." Daí quem sabe eu ajude o pobrezinho. — Sorri me cobrindo com as cobertas. — Agora eu vou descansar um pouco...

— Bom descanso. — A mulher saiu do quarto e apagou a luz.

Tomara que o Kunikuzushi fique bem... Eu sei que briguei com ele, zoei ele agora mesmo com a Signora e disse que não precisava dele para nada, mas ele precisa de mim. E se ele fizer algo estranho e os humanos tentarem matar ele?! É eu preciso ir atrás-

Tentei levantar da cama mas meu corpo estava cansado demais, acabei deitando de novo... Oh acho que vou descansar só um pouquinho, que também não sou de ferro.

* * *

Andei pela pequena cidade, era difícil não tropeçar principalmente com essas roupas, elas estão confortáveis mas sinto falta do meu corpo livre, tinham muitas crianças correndo também algumas quase me derrubavam!

— O-ow! — Tropecei numa pedra e cai com tudo em cima de alguém. — Agh, que merda...

—... Oh meu deus! — Uma garota loira de olhos azuis com vestidinho branco disse espantada. — Você está bem?!

— Sim... Não... Digo, Ah minha cabeça! — Me levantei com dificuldade, e ela fez o mesmo sozinha.

— Shh! Por favor, ele não pode me ver! — Ela disse, colocando um capuz de volta e abaixando a cabeça. — Mas você parece estar mal... Não é da cidade certo? Suas pernas estão bem?! Eu te vi tropeçando várias vezes antes.