Já estava tarde da noite, em alto mar, é claro que eu não passo mal em barcos eu nasci já nadando nas ondas do mar, mas estava um pouco cansado por usar tanto essas pernas, meus pés doem...
Kazuha tinha apenas aceitado que eu o beijei sem dar explicação, ele não questionava mais minhas ações e isso me deixou um pouco inseguro de certo modo, eu... Quero a atenção dele.
— Você pode dormir, eu preciso ficar tomando conta do barco. — Kazuha disse, enquanto ajeitava as velas. — Afinal não podemos perder tempo.
— Não, não... Não tem como deixar o barco quieto e vir dormir comigo? — Perguntei e ele coçou a nuca.
— Olha até tem... Mas é meio arriscado não ter ninguém olhando... — Fui para perto dele, o deixando corado. — A-ah...
— Por favor, Kazuha. — Falei, olhando para baixo e ele soltou um longo suspiro. — Eu não vou conseguir dormir sem você cuidando de mim.
— Certo, mas só até você dormir, depois eu volto ao trabalho. — Ele disse, completamente vermelho ajustando as coisas no barco, e eu desci até o quarto.
Me deitei na cama e fiquei esperando Kazuha descer, assim que ele entrou fechou a porta do quarto.
— Ah, está um pouco frio aqui embaixo. — Ele comentou, se sentando ao meu lado.
— Jura? Eu não acho. — Comentei, e ele deu um sorriso doce.
— Você deve estar acostumado a ficar no frio, por ser um tritão e o mar ser bem gelado. — Ele tirou os sapatos e se deitou. — Você deveria tirar os sapatos antes de deitar na cama.
— Porque?
— Porque eles tem sujeira.
— Ah, faz sentido. — Me levantei e retirei os sapatos também, voltando ao lado de Kazuha, este havia se deitado e se arrumado na cama.
—... Então, você vai... — Ele disse e eu me virei para ele com uma grande dor no peito.
—... Eu não sei se quero voltar. — Falei, me virando para encarar os olhos de Kazuha e vendo o garoto ficar sem palavras.
— Você... Como assim?! Kunikuzushi eu... Você tem uma família, um reino, você é um príncipe. — Fechei os olhos sentindo uma agonia enorme e quando os abri de volta coloquei a mão no rosto de Kazuha.
— Eu... Acho que quero ficar com você, eu não consigo suportar a ideia de que se eu voltar para o mar eu nunca mais vou te ver, talvez todo mundo esteja certo, talvez eu só seja um egoísta que não admite nem que... Que... — Coloquei a mão na garganta sentindo as palavras entaladas.
—... Tudo bem, eu entendi. — Kazuha se aproximou mais de mim, me abraçando e colocando meu rosto no seu peitoral. — Shh... Está tudo bem Kunikuzushi.
— Eu gosto... De você. Bastante, Kaedehara... — Falei sentindo meu rosto esquentar e ele só me abraçou mais forte.
— Eu também gosto bastante de você, Kunikuzushi...
Ficamos abraçados em silêncio por algum tempo, antes do idiota do Kazuha voltar a abrir a boca.
— Mas você ainda deve ir pro mar, e você sabe muito bem o porquê. — Ele comentou, acariciando meus cabelos e concordei com a cabeça, enquanto tremia um pouco. — Está tudo bem?
— Aah sim... É só que bem... Estava pensando se você poderia me mostrar... Algumas coisas sobre... Você sabe. — Kazuha desviou o olhar tapando o próprio rosto com a mão, me fazendo ainda mais envergonhado.
— Ah então é isso que você quer, eu sabia que aqueles papos estranhos sobre acasalamento deveriam ter alguma razão... Porque isso do nada?! — Ele respirou e me encarou sério, senti meu corpo estremecer observando os olhos vermelhos do outro. — Eu me sentiria honrado de ter a chance de fazer algo assim com você Kunikuzushi.
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Tempestades E Naufrágios
RomanceKaedehara Kazuha é o braço direito da grande capitã Beidou, sempre trabalhando para a Rainha Ningguang do modo mais leal possível. O que o rapaz não esperava era numa noite encontrar um jovem tritão amarrado na sua rede de pesca.