1 | Bom dia, preta

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Beatriz Lima

É mais uma das manhãs que acordo na cama de Yuri. Me viro para o lado e ele não está deitado como de costume. Normalmente acordo antes para que ele não me veja indo embora e me peça para ficar mais um pouco, o que tem sido difícil de recusar ultimamente.

— Bom dia, preta — Yuri diz, adentrando o quarto com uma bandeja de café da manhã.

— O que é isso? — pergunto, me sentando sobre a cama.

— Fiz café da manhã — diz, sorrindo. Ele se senta sobre a cama, colocando a bandeja sobre minhas pernas e me dando um selinho.

— Por quê?

— Porque você merece — Me deu um selinho — E porque hoje faz um ano que nos conhecemos — Me deu outro selinho e sorriu — E eu também planejei outras coisas para o final do dia.

— Que amor — Massageio sua barba — Mas eu já estou de saída — Coloco a bandeja de canto e acabo sendo segurada pelo braço ao tentar me levantar.

— Para com isso.

— Isso o quê?

— Tentar negar que sente alguma coisa.

— Eu só disse que eu ia embora. Nós moramos juntos e eu não sei? — pergunto sarcasticamente.

— Mas você sempre faz isso. Corre de mim — diz. Suspiro e eu me sento na cama de novo.

— Já conversamos sobre isso, Yuri. Adoro quando nós fodemos ou quando nós brincamos de casinha por uns dias, mas isso... — Aponto para ele e para mim — Não vai acontecer.

— Beatriz, eu quero ser mais que umas fodas de fim de noite. Eu não sei porque você foge tanto disso.

— Eu não estou fugindo de nada.

— Certo — Yuri diz, suspirando, como se tivesse desistido do diálogo, se levanta e vai para o banheiro.

Não é a primeira vez que temos uma conversa assim e toda vez que acontece eu sinto um desconforto. Eu quero continuar o que nós temos, mas sem compromisso. Desde meu último relacionamento tenho evitado me envolver e já estou achando que estou ultrapassando os limites do casual com o Yuri. Eu gosto dele como pessoa, mas não tem chance de um relacionamento. Na verdade, é mais sobre mim do que sobre ele.

Vou até o banheiro e abro o boxe. Yuri nem se vira para me ver.

— Você está bravo? — Me encosto no vidro do boxe.

— Você não estava de saída? — pergunta, ainda sem olhar para mim.

— Detesto quando ficam de costas para mim.

— Que estranho você dando informação sobre sua vida pessoal — diz, se virando.

— Eu poderia estar dando outra coisa — Olho para seu membro sorrindo.

— É só isso que faz comigo, não é?

— Para com isso, moreno. Tem um ano que você come a melhor boceta da sua vida e é assim que você me trata?

— Você é assim comigo todos os dias. Hoje vai ter um jogo importante, fim de temporada e mesmo assim eu quis fazer algo para nós hoje e você nem vai.

— Quem disse que eu não vou? Vou até comprar um vestido novo.

— Você está falando sério?

Tiro a camiseta do moreno que estou usando e minha calcinha, entrando no boxe logo em seguida. Me aproximo do maior e o beijo.

— Por que eu não estaria, moreno? — pergunto e ele abre um sorriso.

Por essas e por outras, entendo que para continuar tendo um bom pau, preciso abrir mão de algumas coisas às vezes e ao mesmo tempo que isso me irrita, me diverte.

AMOR DE FIM DE NOITE yuri albertoOnde histórias criam vida. Descubra agora