sem cores

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Only POV's

Algo me diz que eu irei amar essa escola.

- vamos! - puxei Wandinha para me acompanhar.

- eu sei andar sabia? - ela resmunga com a cara séria.

- para de resmungar e mexe mais rápido esses seus pés!

- mal chegaram e já estão animadas, que lindo - minha mãe fala como se estivesse orgulhosa, já que nunca demonstrei nenhum interesse por escola. E a minha prima é a mesma coisa. Nunca ligamos para a escola. Escola é um tédio, um lugar onde sempre vamos ser os excluídos, os indiferentes.
Sempre nos olharam torto.

Mas aqui seria diferente.

- acho que finalmente elas encontraram o seus lugares.

[...]

- oi amigas! - uma garota de cabelo curto aparece no quarto, nos tratando como se nós fossemos amigas, ou conhecidas.

- a gente nem te conhece... - murmuro.

- nossa... Como vocês estão pálidas! - exclama a garota.

- elas duas sempre tiveram uma aparência meio morta assim sabe... - fala meu tio.

- e vocês são tão sem cores...

- desculpa mas é que elas são alérgicas a cores.

- sério? - pergunta incrédula - o que acontecem com vocês?

- nós ficamos com urticária e nossa pele descola do nossos ossos! - responde Wandinha de uma maneira sinistra.

- uou...

- não liga pra ela, eu não sou alérgica a isso, só ela mesmo. - falei, tentando ser amigável.

- então essa é Enid, a garota que vocês irão dividir o quarto.

Nossa que colorido...

Não falei nada apenas fiquei observando, julgando na mente.
Não gosto de cores muito vividas. Então não gostei muito da decoração do quarto. E com certeza Wandinha também não. Ela odeia mesmo coisas coloridas.

Não é como se odiasse cores, é só que eu gosto de algo mais neutro.

- os uniformes de vocês estão ali em cima da cama. Os pais de vocês deram uma dica no uniforme, então a gente mudou um pouquinho.

Vou até a cama e olho o uniforme, mudou de cor para preto.

Chamo Wandinha para ver como o uniforme estava, logo ela veio e falou que gostou.

- eu falei que ela gostaria. — meu tio falou.

- não se gabe.

- não estou me gabando.

[...]

Era a hora da despedida.

- eu vou sentir sua falta... - fala a minha mãe quase chorando.

E meu pai já estava lá dentro do carro. Adivinha o que ele estava fazendo. Chorando! Ele se faz de durão mas na verdade ele é mais sensível que eu e mamãe.

Depois deles irem embora eu vou pra perto da Wandinha. Os pais dela já estavam de partida. Assim que o carro sai, eu vejo o mãozinha saindo do carro e indo escondido atrás de Wandinha.

Solto um sorriso de lado e me aproximo dela. Posso usar isso ao nosso favor. Vou contar a ela quando eu ter certeza que estamos sozinhas. Se ela não perceber antes, é claro.

O Impossível - Xavier Thorpe Onde histórias criam vida. Descubra agora