Minha mão tremia sobre o peito de Lucien.
Em nenhum momento durante todo esse tempo que o conheço imaginei que um dia ele iria me beijar, muito menos que seria assim, em um corredor rumo a cozinha, enquanto uma briga acontecia do outro lado.
Ele se afastou de mim, mas não completamente. Com nossas testas juntas ele olhava fixamente em meus olhos.
— Eu não entendo. — Consegui dizer.
— Violet... — Sussurrou. — Eu não estava pensando em ser tão direto, mas realmente não consegui me segurar. Vou entender se você não quiser ouvir o que tenho pra dizer e querer brigar comigo...
— Não, não irei fazer isso. Eu realmente quero te ouvir. — Não sei que tipo de interpretação ele teve, mas abaixou minha mão e acariciou as costas dela com o polegar.
— Eu estava decidido a manter distância de relacionamentos. A dor que passei quando a mulher que eu amava foi morta parecia nunca ir embora. — Aquela informação me pegou de surpresa. Eu nunca imaginaria que Lucien tinha passado por tal coisa, e isso me faz pensar em quanta dor ele esconde por trás desses olhos afiados e os sorrisos atrevidos. — E junto à maldita insistência de Ianthe, acabei ignorando relações e não dando importância aos sentimentos que guardei. Mas quando conheci você... Eu tive vontade de volta a ser como era. Então te perseguia. Te irritava e fiz o máximo de mim para poder ver o máximo de você. Ver como você realmente era.
— Dirá que se encantou por minha beleza e graciosidade? — Perguntei e ele sorriu.
— Não. Mas me encantei pela sua chatisse, pela sua sinceridade desnecessária e por você não ter filtro. — Pensei em retrucar, mas fiquei quieta. Suas palavras estavam mexendo tanto comigo, que se eu não estivesse escorada na parede e Lucien me segurando pelo outro braço, teria caído por fraqueza nas pernas. — Mas estarei mentindo se disser que sua aparência não me chamou atenção, por que ela chamou. Até de mais.
Engoli em seco quando Lucien colocou uma mecha branca de cabelo atrás de minha orelha.
— Você parece ser outra pessoa quando fica perdida. Te surpreendi?
— Muito. — De minha orelha sua mão desceu e pousou em meu ombro esquerdo. O braço ele que segurava levantou, e então beijou a palma de minha mão.
Foi de mais para mim.
Uma sensação estranha explodia em meu peito. Eu não queria que Lucien beijasse somente minha mão, queria que ele me beijasse como fez antes.
Segurei seu rosto e o beijei desta vez. De início ele pareceu surpreso por minha iniciativa, mas então segurou minha cintura com uma mão e a outra afagou meus cabelos.
Eu queria tanto dizer pra ele o quanto sua presença me fazia bem. Dizer o quão feliz suas implicâncias me fazia.
Mas... Eu não consigo.
— Eu queria conseguir me abrir pra você. — Falei sem olhá-no nos olhos. — Assim como você fez comigo.
— Violet, não se pressione para dizer algo que... — O interrompi colocando um dedo em seus lábios. Lucien sabia do que tinha acontecido comigo, sabia que tive que me esconder para não ser levada por Amarantha. E tinha noção do quão reprimida fiquei por ficar sozinha tanto tempo.
— Você me faz bem, até mesmo quando me faz raiva. — Respirei fundo. — Estar com você faz com que eu me sinta viva de novo. Seus sorrisos, sua voz, seu olhar... Você é tão... insuportável e... que ódio, você é tão perfeito! — Ele sorriu e fiz o mesmo sem conseguir me segurar.
— Você conseguiu. — Se referiu a como consegui falar o que pensava. — Estou orgulhoso.
— Pare com isso. Falou como meu irmão agora.
— Violet, Violet... Se você soubesse há quanto tempo eu me perco em seus olhos... Querida... — Sussurrou. — Eu me apaixonei por você.
— E eu por você. — Respondi no mesmo tom.
Ele depositou um beijo em minha testa e deu alguns passos para trás.
— Preciso ir agora. Tenho que ver a situação da noiva.
— Aposto que ela está bem acompanhada. — Provoquei.
— Não brinque com isso. Rhysand está longe de ser uma boa companhia. Falando nisso... Realmente se esqueceu do quê aconteceu de quando Amarantha chegou?
— Me lembro do que houve, mas não de como aconteceu. — Admito pensando nas lembranças que tenho. — Quando olho para o passado só consigo ver as luzes dos olhos, a cor dos cabelos e das roupas. Mas tudo não passa de rostos desfocados. Eu era jovem. Muito jovem. E para superar minha mente transformou acontecimentos em memórias disformes.
— E isso é bom?
— Acredito que sim. — Outro rugido de Tamlin atravessou o lugar. Cruzei os braços e encarei Lucien com uma sobrancelha arqueada. — Eu te disse que o belo senhor do caos estava com a noiva.
Lucien revira os olhos.
— Melhor ir acalmar a fera.
— É.
O acompanhei até o lado de fora. Estava uma bagunça. Os convidados estavam indo embora pois o anfitrião estava fora de controle. Tive pena de Lucien em pensar que ele ficaria aqui com Tamlin desse jeito.
— Acho que o Grão-senhor não irá querer receber visitas por um bom tempo...
— Irei visitá-la em breve. Não se preocupe.
— Eu não quis dizer isso...
— Mas pensou.
— Até breve Lucien. — E assim me despedi, entrando em minha carruagem. Meu irmão e minha prima me aguardavam lá dentro.
— Demorou hein. — Ignorei o comentário de Cresseida.
— Não implique com ela. Esse casamento foi um caos. — Tarquin comenta, mas não presto atenção, minha mente só focava em tudo o que aconteceu entre mim e Lucien.
Olhei pela janela uma última vez e enquanto a carruagem se afastava, vi Lucien acenando e sibilando para mim, me fazendo sorrir:
— Até breve gordinha.
🍁
Agradecimentos
Chegamos ao final da fanfic. Bem curtinha, não acham?
Resolvi escrever por que sou apaixonada pelo Lucien mas infelizmente ele só se ferra nessa vida kkkkk
Eu não sabia se iria ter leitores na verdade, mas mesmo assim escrevi e postei. E vendo que tive sim leitores me deixou muito feliz. Obrigada pela atenção e pela presença.— Kelly.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DE FOGO E ÁGUA | lucien
Fanfiction[...] E Lucien segurou minha mão, a levando para seu peito. Seus batimentos estavam acelerados e me fizeram tremer em nervosismo. "Lucien..." "Não diga nada." Pediu dando outro passo para frente. "Me deixe aproveitar esse momento, antes que a noite...