O caminho de volta tinha sido silencioso, sem palavras a serem ditas, mas muitos pensamentos na cabeça. Entretanto, entre eles, havia um em comum na mente de Namor e Shuri, queriam dar uma chance ao amor improvável que tinham encontrado naquele casamento arranjado de antigos inimigos.
-Shuri - Namor achou melhor começar - eu farei o que você escolher, me dê a ordem e eu te deixarei em paz, só peço que não me deixe.
-Você sempre me deu todas as opções que eu quisesse - ela respondeu mais contida e sábia - o que eu quero de você Namor, é que você decida o que quer de mim, porque eu sei que eu pertenço a você, eu amo você de verdade, e no fim das contas, quero que você me queira, que me aceite como eu sou, com todos os meus medos e traumas.
-Eu a amo por quem você é, não quero que mude quem é, seus conflitos são os meus, desde que nos casamos, até hoje, até agora - ele se aproximou dela, oferecendo sua mão, mais uma vez - tudo que eu quero é amá-la minha rainha, me permita amá-la, todos os dias, durante todo o tempo que tivermos juntos, até quando um de nós se for.
-Eu permito, eu deixo... - Shuri se aproximou ainda mais, ousando beijá-lo apesar das lágrimas frias que corriam por seu rosto, buscou os lábios dele com intensidade, sem querer se afastar por um longo tempo.
Entrelaçou as mãos atrás do pescoço dele, o puxando para mais perto de si, enquanto Namor deixou as mãos na cintura dela, a mantendo ali, retribuindo o beijo da melhor maneira que podia, da melhor maneira que conhecia. Soltaram-se quando o fôlego acabou, tocando as testas um do outro, num momento solene de silêncio.
Conseguiram compartilhar o mesmo espaço do quarto enquanto se trocavam antes de dormir, Namor decidiu ficar com as calças que eram presentes de sua esposa, enquanto ela estava com o mesmo pijama de sempre. Shuri se ajeitou primeiro ali, esperando que ele não demorasse a se deitar ao lado dela.
Namor a fez companhia, se ajeitando ao lado dela, não desviando o olhar dessa vez. Seus rostos estavam a meros centímetros de distância um do outro. Ele se levantou um pouco para admirá-la mais uma vez naquela noite. Passou um braço por cima do ombro de Shuri, se apoiando sobre sua mão, sem deixar de olhar no mais profundo dos olhos dela. Ela não era apenas uma mulher bonita pela aparência externa, seu marido conseguia ver sua alma agora, mais clara do que nunca, intensa e nobre, bondosa e gentil, um presente entregue pelos deuses a ele.
-Eu te amo, Shuri - ele declarou novamente, delicadamente - meu coração é seu.
-E o meu é seu - ela respondeu de volta, com o mesmo amor e afeição.
Namor então se inclinou para beijá-la, enquanto sentia as mãos delicadas dela afagarem seu braço e seu rosto. Dessa vez, um beijo mais que apropriado, como Shuri desejava desde o casamento, e agora entendia exatamente o motivo para isso. Amavam um ao outro igualmente.
Para os soberanos de Talokan, na manhã seguinte, sentirem-se nos braços um do outro era um tremendo alivio, uma alegria genuína. Estavam mais que unidos agora.
Dessa vez, Shuri tinha acordado primeiro se encontrando envolta pelos braços do marido e ela agarrada ao seu tronco, mantendo-o por perto. Sorriu ao perceber como estavam, não tendo muita pressa de se levantar. Sentiu a respiração profunda dele, o peito que subia e descia num ritmo lento e calmo, pacífico, era exatamente como ela se sentia também. Erguendo a cabeça de leve, olhou para cima, observando o rosto dele com cuidado, sua expressão era igualmente calma. Apesar de sua força e verocidade, tudo que ela via agora era sua doçura e delicadeza, a proteção e segurança que ele sempre a ofereceu. A inocência de alguém que nunca tinha encontrado o amor romântico antes, mas estava disposto a se entregar por inteiro ao sentimento, por ela.
Acabou rindo baixinho por tudo que estava pensando, por estar feliz, cruzou os braços sobre o peito dele, colocando as mãos sobre o próprio queixo, o encarando um pouco mais. Sentindo a movimentação dela, Namor decidiu acordar, abrindo os olhos lentamente, dando de cara com uma Shuri muito feliz tão perto dele.
-Bom dia, minha amada - ele disse, com a voz ainda um pouco rouca pelo sono.
-Bom dia, um belo dia com certeza - ela assentiu, sorrindo um pouco mais.
-Um dia que começa belo por você ser a primeira coisa que vejo hoje - Namor a elogiou e antes que ela pudesse responder com algum comentário sagaz, ele segurou o rosto dela e a beijou mais um pouco - este aqui está do seu agrado?
-Está perfeito - ela sabia exatamente ao que ele estava se referindo - e eu sempre sou a primeira coisa que você vê todos os dias, espero que isso tenha tornado todos os seus dias belos desde então.
-Meus dias eram bons, mas sombrios sem você - ele admitiu – você deu um sentido maior à minha vida, Shuri, eu posso continuar cuidando de Talokan, muito melhor agora, porque você está aqui comigo.
Antes que ela formulasse uma resposta para aquilo, a emoção que sentiu ao ouvir palavras tão gentis a impediu de qualquer coisa. Namor observou a expressão comovida dela.
-Ninguém nunca me disse palavras tão profundas - ela murmurou emocionada - pra mim também é um prazer estar aqui, eu tenho um lar aqui também por sua causa, por causa da sua companhia, da nossa parceria, isso é a melhor coisa que eu tenho aqui, diante de tudo que você me mostrou, ter você, eu amo você.
Agora que tinha descoberto e admitido o sentimento, Shuri iria declará-lo em voz alta ao dono do seu amor, sem reservas.
Ela o beijou dessa vez, o abraçando novamente, ficando ali em profundo silêncio, gratos um pelo outro.
-Eu me sinto diferente - ele confessou, pensativo, enquanto acariciava a cabeça da esposa distraidamente.
-Diferente como? - Shuri ergueu o olhar para ele, inspecionando sua expressão.
-Desde que você se casou comigo é como se eu fosse um novo homem - ele elaborou mais um pouco - eu tinha muito receio do passado entre nós, eu notei sua cicatriz uma noite, algo que eu fiz, junto com tudo mais que eu a fiz sofrer, eu pensei não ser digno de você, talvez eu não seja...
-Talvez não seja mesmo, em circunstâncias comuns não seria esperado nos amarmos, mas acho que isso é o maior mistério do amor - ela se ergueu para olhar para ele - ele brota de lugares inesperados, eu sei o que você fez, tem uma parte de mim sempre atenta a isso, mas ela é suprimida por uma parte maior que eu não posso evitar, que simplesmente ama o homem que um dia foi meu inimigo, hoje eu amo Ku'kul'kan.
-Você quase não me chama assim - ele apontou.
-Porque pra mim é um nome que se refere ao rei respeitado pelo seu povo - Shuri explicou - Namor tem um significado curioso, que nós dois mudamos.
-O que quer dizer? - seu marido respondeu num tom de encantamento, hipnotizado pelas explicações e sinceridade dela.
-Você não é mais a criança sem amor, tudo o que você fez foi por amor, mas agora consegue demonstrá-lo com gentileza - ela tocou o rosto dele delicadamente - você se tornou diferente porque agora é um homem com amor, mais do que imagina.
-Não imagina o quanto me deixa feliz ao dizer isso - Namor sorriu e beijou a testa dela afetuosamente - você é minha redenção, Shuri, minha amada.
Chorando de emoção ao ouvir palavras tão tocantes e sinceras, a rainha de Talokan beijou seu marido docemente, provando mais uma vez que ele havia encontrado o amor por ela.
Seus lábios se separaram em um momento, e o olhar que trocaram, tinha um significado forte e presente.
Era uma decisão tomada entre os dois, certamente, assim, consumaram seu casamento, mais um símbolo do amor que os envolveria para sempre.
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Grãos de Areia à Beira Mar
FanficDepois do enorme conflito entre Talokan e Wakanda, as coisas começam a se acalmar entre os dois reinos. Porém, uma proposta pode colocar tudo a perder ou finalmente solidificar os laços até então hesitantes entre as duas nações.