O silêncio...
Pode-se dizer que o silêncio é algo que Daisuke sabe apreciar, justamente por serem raros os casos que acontece.
Deitado em sua cama, o jovem não sabia dizer ao certo o que sentia, neutro, ele julgaria. O moreno estava confuso, a casa estava em silêncio, nunca havia acontecido antes.
Seu pai... Não conhecia, sua mãe... Uma boa mulher, mas certamente, uma péssima mãe, pelo menos para ele. O rapaz também possuía um irmão, onze anos mais novo, filho de sua mãe com seu atual padrasto. O padrasto de Daisuke era uma boa pessoa, um bom pai para seu irmão, às vezes se culpa por sentir inveja do relacionamento entre eles... Pai e filho.
O Kyuan não tinha um bom relacionamento com a mãe, nem ao menos morava com ela, só passava os finais de semana na casa da mulher, a mesma fazia questão de buscá-lo toda sexta-feira a noite, mas não era motivo de alegria para o jovem, já que ele sabia que a mãe só o buscava para cuidar do seu irmão enquanto ela e o marido trabalhavam. No domingo eles saíam com o filho mais novo e deixavam o moreno sozinho na casa, esses sim eram momentos de silêncio.
Com o tempo, Daisuke acabou aceitando e apreciando a própria companhia, não reclamava por ficar só, na verdade ele gostava. O rapaz de 16 anos já era independente, sabia tudo sobre as responsabilidades de um adulto e as vezes acabava até agindo como um inconscientemente, era maduro demais para sua idade, afinal, desde muito novo teve que aprender a se virar para cuidar dele e do irmão menor.
Ah o irmão menor... Esse era terrível, batia no mais velho, gritava com ele e repetia diariamente frases como "Eu odeio você", "Saia dessa casa", "Não quero você aqui", "Não gosto de você", "Não te amo"... Era só uma criança de 5 anos, mas já foi contaminado com as merdas do mundo. Essas palavras não machucavam tanto Daisuke, mas as vezes... Fazia estrago numa mente vazia.
E assim o filho que não deu problema foi aguentando, não compartilha nada sobre o que pensa com ninguém, guarda todo 'pra si mesmo até explodir em seu quarto nas madrugadas solitárias, Daisuke não confia em ninguém, somente nele mesmo já que apenas ele sabe sobre o que passa, o que sente, presencia.
O Kyuan não tem muitos amigos, na verdade, nenhum, mas não liga 'pra isso, são distrações afinal de contas. Ele não assiste TV, para o mesmo é só algo para entretenimento, era exatamente isso que Daisuke questionava! Os grandes criaram isso para entreter você, tirando-o do caminho para o sucesso, ninguém quer que você cresça na vida, os bilionários certamente não querem dividir sua fortuna com mais alguém, quando você começa a assistir se vai uma... Duas... Três horas... Talvez o dia todo na frente de uma tela... Você perdeu seu dia fazendo algo que não vai levá-lo a lugar algum, poderia estar estudando para adquirir conhecimento, já que esse é o segredo do sucesso, e era isso que Daisuke fazia, estudava dia e noite sem parar.
Sem distrações, sem se importar com outra coisa que não seja a busca por conhecimento, esse era Daisuke Kyuan, o que tirava as maiores notas na escola, o que tirava dez em todas as avaliações, esse era o garoto que todos conheciam. Quando chegava em casa, cumprimentava a avó, se trancava no quarto e treinava, socava o ar, treinava agilidade, pontaria, flexibilidade, força e mais, afinal nunca se sabe quando vai precisar.
Quando tinha 14 anos ele foi assediado dentro de casa enquanto dormia, na época, seu bisavô estava morando com eles, Daisuke o adorava, era um idoso gente boa, porém, numa noite quando o jovem finalmente dormiu, o velho entrou no quarto e tirou o membro para fora das calças, passando a mão asquerosa pelo corpo do rapaz, esfregando a palma sobre a pele crua. Tudo havia sido tocado pelo verme, quando chegou no rosto do menino, o mesmo abriu os olhos assustado e viu seu querido bisavô se tocando enquanto o alisava. Daisuke sentiu nojo, medo, ele estava tremendo de medo olhando nos olhos maliciosos do velho.
-Daisuke~ Vamos dar uma transadinha, vamos! Você vai gostar eu prometo, vem~
Arregalando ainda mais os olhos o moreno se debateu, escorregando para longe do velho, não conseguia falar estava paralisado de medo, medo pelo que vem a seguir.
O idoso nojento mudou sua feição para uma raivosa.
- Você não quer!? É isso!? Tcs.
E saiu. O jovem Kyuan agradeceu aos deuses por nada mais ter acontecido, Daisuke chorou muito naquela noite e não conseguiu mais fechar os olhos com medo do que aconteceria se o fizesse.
De manhã, ele levantou e viu que sua tia havia o ido visitar, ele tremia de medo sempre que avistava o velho, esse que sempre estava com os olhos vidrados no mais novo.
-T-tia, posso falar com você?
A tia do menor concordou e foram para o quarto dele.
-Pois bem Daisuke, me conte o que houve.
Logo os olhos do garoto marejaram de novo, a tia preocupada o abraçou protetoramente.
-E-eu t-tô com medo t-tia.
-Medo do que, Daisuke?
-Do bisa... E-ele...
A tia afastou a cabeça do menino de seu peito e olhou nos olhos dele.
-O que ele fez, Daisuke?!
-E-ele entrou no meu quarto de noite... E-ele começou a passar as mãos e-e...
-Espere, querido. OH MÃE! VENHA AQUI!
O garoto ficou tenso quando ouvia a tia chamar pela avó, chorando mais.
-Meus Deus, o que fo- Daisuke!? Por que está chorando? Kana o que aconteceu?
-O vô entrou no quarto dele à noite, tocou no Daisuke!
-O-o que? Não (risada nervosa), não é possível (risada nervosa), ele nunca fez isso antes e não é agora que...
-ELE TOCOU NO DAISUKE!
-Daisuke, isso é verdade?
O garoto concordou e contou à elas em detalhes, incluindo as falas.
-Daisuke, você tem certeza que não foi um sonho? Hum? Você pode ter imaginado isso e-
Kyuan estava em choque... Sua avó, sua própria avó estava defendendo aquele homem... Sonhando? Ele não estava sonhando! Caramba, o mundo dele havia caído, talvez seria melhor não ter nem comentado sobre isso... Imaginado? Daisuke ainda consegue sentir aqueles toques nojentos sobre ele, quando fecha os olhos consegue ver aquelas orbes maliciosas prontas para lhe pegar.
Depois desse dia, o moreno se fechou ainda mais, começou a treinar seus golpes com ajuda de um conhecido, não passaria por aquilo de novo, jamais! E defenderia qualquer um para que não passasse pelo mesmo que ele.
Takemichi achava que levava uma vida normal, teve uma infância boa até, meio solitária em questão de família, mas tinha seus amigos que eram incríveis.
Os problemas vieram quando ele começou o ensino médio, virou um completo saco de pancada dos outros alunos. Era considerado um alvo fácil, um gatinho indefeso, um bebê chorão. Estava tudo bem se ele apanhasse, desde que seus amigos estivessem bem e sem nenhum arranhão.
O garoto vivia coberto de ataduras, todo remendado, era normal vê-lo assim, seria estranho se ele aparecesse sem seus fiéis bandads cobrindo o rosto e o resto do corpo.
Takemichi era feliz apesar de tudo, mas as vezes... Ele sentia um vazio, como se faltasse algo...
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⫘⫘⫘⫘ 𝕁𝕖𝕒𝕝𝕠𝕦𝕤- 𝑇𝑎𝑘𝑒𝑚𝑖𝑐𝒉𝑖𝑋𝑂𝑐 𝑀𝑎𝑙𝑒
Fanfiction. | ╲ ╱ / ╲ ╱ ╲ ╱ - - ᴅᴀɪsᴜᴋᴇ ᴋʏᴜᴀɴ ᴇʀᴀ ᴜᴍ ɢᴀʀᴏᴛᴏ ᴄᴏᴍ ᴠᴀ́ʀɪᴏs ᴘʀᴏʙʟᴇᴍᴀs ғᴀᴍɪʟɪᴀʀᴇs, ɴᴀ̃ᴏ ɢᴏsᴛᴀᴠᴀ ᴅᴇ ᴅɪsᴛʀᴀᴄ̧ᴏ̃ᴇs, ᴏ ᴏʙᴊᴇᴛɪᴠᴏ ᴅᴀ sᴜᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴇʀᴀ ᴀʟᴄᴀɴᴄ̧ᴀʀ ᴏ sᴜᴄᴇssᴏ. ...