O Reino

O Castelo do Reino Azul | Capitulo 4

-Abner, agora vira o celular de cabeça para baixo, e foca no alimento sendo cortado e no movimento da faca - Vinicius disse enquanto orientava Abner

Vinicius era muito famoso na internet por preparar deliciosos pratos, ele fazia vários vídeos cozinhando e os editavam muito bem. No começo quase não tinha feedback, mas com o tempo foi ganhando notoriedade. 
Confesso, que a beleza dele ajudou muito, afinal muitas mulheres amam assistir homens cozinhando. Alto, musculoso, cabelo liso e preto, pele branca, boca marcada, olho puxadinho, era realmente um homem para parar o trânsito. 
Faziam quase dois meses que Abner e Vinícius estavam morando juntos, e nesse momento Vinicius viu uma forma de aproveitar o amigo para contribuir com a criação de seus vídeos. 
Para Abner, realmente era algo novo, nunca tinha filmado nada tão elaborado. Mas como sempre teve facilidade para aprender, conseguiu ajudar o amigo e ficou feliz em fazer isso. 
Abner era extremamente grato ao ser superior por ter encontrado Vinicius, porque ele era um cara muito bacana. 
Vinicius tem sido um ótimo anfitrião, recebeu Abner muito bem, e viraram ótimos amigos. Como tinham uma rotina muito parecida, faziam praticamente tudo juntos. Iam a faculdade, a academia, jogavam video game, faziam companhia no preparo das refeições, e agora também eram parceiros de filmagens. Abner sofreu muito nas mãos dos primos, e por isso não tinha conseguido experimentar esse tipo de parceria durante a vida. 
Abner também achava Vinicius peculiar, ele era muito bonito, e as mulheres sempre iam ao seu encontro. Mas de forma educada, Vinicius recusava, porque dizia que estava esperando a mulher dele. 

- Como assim sua mulher? - indagou Abner curioso 
- Mano, acredito que cada um tem a sua pessoa nesse mundão. E eu gosto de mulheres discretas, mas autênticas. Mulheres que se respeitam. Mulheres que conheçam e sirvam por amor a Melchior. E ainda não encontrei essa mulher, quando eu encontrar vou dá uma chance, para conhecê-la, porque provavelmente será minha esposa.
- Interessante, e quem é esse tal de Melchior cara? Aquela menina que recebeu a cura, também falou dele. Quem é esse homem? 
- Não é um homem, é um Ser. É o Rei do Reino Azul.
- Que Reino cara? Que saco, muito mistério
- Amanhã vou te levar a um lugar e te conto mais sobre esse Reino

Uma coisa, Abner, tinha acertado, era realmente muito mistério, apesar de nem imaginar, ele estava a um passo de saber da existência de Veras. 
No dia seguinte, era um feriado e Vinícius acordou Abner cedo para saírem. Hoje iria ser o início da descoberta, será que Abner iria acreditar?
Só tem acesso ao mundo oculto quem acredita nele, quem não acredita acha que é só mais uma história de conto de fadas.

- Para onde vamos ? - perguntou Abner 
- Não estava tão interessado em saber sobre o Reino Azul? 
- Que Reino cara, está louco? 
- Melchior Abner, Melchior, não lembra? 
- Ah! E isso é longe? 
- Abner apenas coma o café da manhã, para não gastarmos na rua. Vou só escovar os dentes e pentear o cabelo, para sairmos

Os dois foram no carro de Vinícius, já que era o único que tinha carro. Durante a viagem Abner estava muito curioso e não parava de fazer perguntas. “Você parece uma criança” disse Vinicius a ele, achando graça do seu comportamento.
Abner ligou o som, e começou a se distrair com as músicas que tocavam, não eram do seu estilo musical, muito pelo contrário, quem gostava daquele tipo de música era Vinicius, mas de tanto escutar Abner já podia cantarolar e foi isso que fez até chegar ao local. 
O Castelo do Reino Azul ficava em torno de duas horas da casa deles, e durante a viagem cada um ficou em seu próprio mundo. Assim que chegaram, Abner ficou maravilhado com a beleza do grande castelo, mas antes de saírem do carro, Vinícius começou a  alertar Abner sobre a existência de Veras. 
Abner, segundo a história que aprendemos na escola, o mundo surgiu de uma grande explosão. E essa teoria é verdade em parte, porque o que nos ensinaram é que do nada a explosão surgiu. Mas não foi exatamente assim que aconteceu. 
Porque está me falando isso cara? Não vamos entrar? - Abner disse interrompendo o amigo
Vamos entrar, mas antes escute o que vou dizer, algo há milhares de anos aconteceu, causando essa explosão. E agora nós vamos entrar e lá dentro vou terminar de contar a história. 
O Castelo não era só impressionante por fora, era ainda mais belo por dentro. As colunas do castelo pareciam ser de ouro puro, no teto tinha uma pintura parecendo veludo representando o céu, era tão perfeito que parecia ter sido desenhado a mão. Os detalhes arquitetônicos do castelo, eram realmente únicos. O chão era de porcelanato, e brilhava tanto que era possível ver o reflexo no chão.
Abner estava pisando, nada mais, nada menos do que em um dos maiores e principais centros do Reino Azul. Mas ele ainda não sabia disso.
Para Vinicius assim que pisou no local, conseguia enxergar claramente os Atimitas preenchendo aquele grande castelo. Os Atimitas -  seres com poderes, que também possuíam grandes asas - percorriam pelo local, alguns estavam conversando uns com o outros, outros voando em alta velocidade com uma carga de papel nas mãos, um grupo ainda fazia reuniões em grupo. A verdade é que cada Atimita tinha uma função, e eles costumavam se encontrar na sede para cumprir essas funções. 
Em seu pulso direito, Vinicius possuía a marca que o tornava um Filmita, as três estrelas. Em Veras existia uma hierarquia muito bem definida para todos, para os Filmitas, existiam até a sexta hierarquia. Cada estrela representava uma hierarquia, Vinicius estava na hierarquia três dos Filmitas, era por isso que ele conseguia ver claramente o Mundo Oculto. 
Abner não, ainda não tinha nenhuma estrela, por isso não conseguia ver nada do que realmente estava acontecendo naquele castelo. Para Abner, parecia mais que estava em uma exposição de arte, já que tinham muitos quadros espalhados pela parede. Os quadros contavam a história de veras, e consequentemente do reino azul, mas só quem acreditava em Veras podia ver os quadros e entender a história. Quem não acreditava como Abner, só via os quadros, não conseguia entender que tinha uma história, uma conexão entre os quadros.