In another life • Harry Styles

48 | Torment

Fui ao médico como pediu, ele mesmo havia marcado um horário durante a tarde, no meio da semana, tirei folga só para ir até lá.

Não fiz porque pediu, simplesmente aceitei que se procurasse ajuda naquele momento, estaria evitando maiores problemas no futuro, e eu queria muito estar estável emocionalmente, para conseguir seguir bem com os objetivos.

Ele era simpático, um senhor, imaginei que uns cinquenta e poucos anos, e muito experiente, parecia empolgado enquanto conversava comigo e me perguntava o que havia me levado até lá.

Imaginei, mesmo antes, que me recomendaria um remédio.

Início de depressão, e disse que eu me reprimia demais, aconselhou que eu praticasse algo, voltasse com os treinos de handebol, mesmo se fosse a noite, alguma atividade me faria bem, o que explicava facilmente o motivo de eu conseguir me manter tão firme em razão a morte do meu irmão na época que dava aulas.

A escola me ajudava muito, as crianças, para ser mais precisa, fazer o que eu gostava me ajudava constantemente, por aquele motivo quase nada me abalava.

Porém, com toda aquela onda de acontecimentos, era esperado que eu explodisse em algum momento, e ele me explicou que os remédios eram um tratamento para impedir que algo pior acontecesse, como se fosse uma espécie de segurança.

Além de praticar algo que mantivesse minha mente ocupada, também recomendou que eu voltasse com a terapia, talvez algo em grupo, ou até individual se não estivesse disposta a me abrir para tantas pessoas.

Fui para casa depois, esperava que Harry chegasse pelo menos as dez da noite, mas não, estava lá quando cheguei.

Olhei estranho para ele, que apenas piscou um dos olhos, jogado no sofá, assistindo ao jogo do Manchester.

- Por que está em casa? - Deixei minha bolsa na mesa.

- Não queria perder o jogo. - Rolei os olhos, rindo baixo. - Como foi?

- Bom. - Dei de ombros.

- E...?

- O quê? - Não sabia exatamente o que dizer.

- Você gostou? Ele foi legal? Te receitou algo? Ou...Sei lá, disse o que você tem? - Sentei no sofá, no mínimo espaço, já que estava deitado.

- Ele foi bem agradável, me receitou um remédio, já comprei. - Dei de ombros, nada tão animador. - Meus sintomas são de...depressão. - Rolei os olhos, odiava aquela palavra. - Disse que preciso encontrar algo que tome mais meu tempo, sabe, quando eu dava aulas, era mais controlável...

- Entendo. - Sorriu, sentando no sofá com o mínimo de movimento. - Mas agora vamos cuidar de você, e tudo vai dar certo. - Tocou meu rosto, deixando um beijo molhado na minha bochecha.

Sorri para ele, não era falso, sabia que queria me ajudar e cuidar de mim, e nunca falava comigo como se eu fosse a pessoa mais problemática do mundo.

Deixei ele na sala, o conhecia bem para saber que não sairia de lá até o jogo acabar. Aproveitei para ir até o banheiro, banho demorado com direito a depilação, hidratação de pele e no cabelo.

Quando sai de lá ainda não havia saído da sala, provavelmente ainda assistindo ao jogo, e meus pensamentos estavam certos quando escutei o grito de raiva dele, ainda no closet, procurando algo para vestir.

Short jeans e uma camiseta simples, estava a fim de sair para algum lugar diferente, algum lugar que me fizesse ocupar o tempo.

- Eles são pagos para jogar! - Olhou para mim incrédulo, franzi o cenho. - Ganham milhões para fazer isso...cansei de viver!