54 | My wife, according to myself

452 34 144
                                    

ANNA

- Espera, só um momento. - A voz dele tinha certa urgência. - Tome cuidado com esse, é um quadro muito importante.

O vi falar com o homem responsável pela nossa mudança, não teriam muitos móveis, apenas algumas coisas pessoais que eram grandes demais, e não dava para levar em um caminhão já que estaríamos indo para outro continente.

Malas com muitas roupas, eletrônicos, os instrumentos dele, algumas coisas que complementavam os móveis, porque eu me recusava a deixar o jogo de lençóis novinho que comprei para a cama.

Um espelho redondo que eu mesma levei para a casa dele depois que sai do apartamento, alguns quadros grandes do corredor.

E quando passei de um cômodo para o outro, carregando uma das caixas, o vi agachado no chão do escritório, parado na frente de uma das caixas.

Apoiei minha caixa no chão e fui ver o que era. Simplesmente os três troféus dele, estava embalando um com muito cuidado.

- Tudo bem?

Pareceu se surpreender com a minha presença, apenas assentiu e mostrou um sorriso mínimo, voltando ao que estava fazendo.

- Por que essa carinha? - Me abaixei para ficar na altura dele.

Me encarou como se pensasse no que deveria falar, e por um momento pensei que estivesse arrependido da mudança.

- Nem fui indicado para a premiação desse ano. - Levantou levemente o troféu. - Prêmios não importam, mas acho que passei tanto tempo me decidindo entre a clínica e a emergência, que acabei com um baixo desempenho. - Suspirou. - Não fui tão bom para os meus pequenos...

- Foi sim. - Minha mão automaticamente foi parar no cabelo dele. - Para mim você é o melhor de todos, sabia? - Sorriu grande. - Não fale essas coisas, você sempre dá o seu melhor quando está trabalhando.

Realmente, aquilo tudo era a vida dele, não suportava fazer um trabalho pela metade, mesmo que estivesse exausto, bravo, irritado, qualquer coisa, tudo sumia quando estava no consultório.

A maioria das pessoas o viam sorrindo, mesmo quando ele não queria, aquela era a realidade sobre trabalhar com o público, todos precisavam saber fingir ao menos um pouco.

Últimas caixas e nossas malas já estavam lá, estávamos nos despedindo da casa em Washington, e quando saímos pelo portão, prestes a entrar no carro e seguir para onde o avião estava, outro estacionou muito rápido logo atrás.

E eu reconhecia o carro, Lizzy no seu pleno desespero de chegar a tempo, antes que saíssemos, segurei o riso pela preocupação dela.

Tivemos um jantar agradável em família um dia antes, e alguns amigos chegaram mais tarde, apenas para se despedir, mas ela não pode, disse que ficou presa no trabalho e não tinha jeito de ir, e tudo bem, disse a ela que não havia problema.

- Cheguei a tampo. - Suspirou. - Um minuto...trouxe uma coisa para você, antes que se mude e esqueça de nós...

- Para de drama, não vou esquecer você. - Jamais poderia.

Harry entrou no carro, nos deixou sozinhas do lado de fora, esperaria por ali.

- Vai ser bom para você, aproveite a nova fase, Londres pode ser o lugar certo para vocês, longe de tudo isso. - Assenti leve. - Olha, é simples, mas pode usar no seu primeiro dia trabalhando como professora de novo.

Abri a caixa, uma camisa novinha, das que eu usava quando costumava dar aulas, sorri no mesmo momento, um rosa bem claro, quase branco.

- Sei que vai conseguir um emprego por lá, porque tem talento, e é o seu sonho, e eles vão ser reais. - Meus olhos estavam cheios de lágrimas. - Vou sentir sua falta, pode apostar.

In another life • Harry Styles Onde histórias criam vida. Descubra agora