Capítulo Um - Boa Viagem Chloe!

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Era a temida aula de matemática, e Chloe estava quase suplicando para que os ponteiros do relógio se movessem mais rápido, a mesma olha para o lado e vê sua melhor amiga Anne, que fazia sua atividade como se estivesse fazendo a coisa mais fácil do mundo, até que à encara.
- O que senhora perfeição está achando do inferno em papel que a Sra. Jonnes passou? – Diz Chloe.
- Sabe que odeio quando me chama assim. – Responde Anne.
- Odeia que diga a verdade? Vamos ver, corpo dos sonhos, ballet clássico, piano, pintura em tela, líder de torcida, a garota mais rica de Ladysburry, roupas de marca, todos os garotos babam em você... devo continuar? – Retruca a mesma:
- Se esqueceu do francês. – Diz a amiga com sarcasmo. – Chloe revirou seus olhos, mas quando foi responder o sinal do intervalo a interrompe.

Chloe tinha cabelos loiros e um par de olhos castanhos quase sem brilho, tinha lábios em um tom levemente rosados, um corpo com lindas curvas, mas que por alguma razão ela sempre fazia questão de esconde-las com um moletom, e naquele dia em específico, usava uma calça jeans larga, uma camiseta de botões branca com gola, por debaixo de um moletom marrom com alguns cogumelos desenhados em branco, seu tênis branco de sempre e sua bolsa estilo carteiro no tom de amarelo vitoriano, com dois bolsos na frente, e um sapinho pendurado do lado direito.
- Finalmente! – Afirma Chloe enquanto caminha rapidamente até a porta de saída.
A amiga da mesma fecha seu caderno, guarda a caneta em seu estojo e os colocam em sua mochila de grife, enquanto tenta acompanhar os largos passos da loira pelos corredores.
Anne carregava consigo um lindo e sedoso cabelo ruivo, um belo par de olhos cor de mel, lábios no tom avermelhado, quadris largos, cintura fina, coxas grossas, nariz arrebitado, seios levemente grandes, tornozelos finos. Aquela manhã estava usando uma blusa de mangas longas na cor branca, juntamente a uma saia estilo xadrez em diferentes tons de vermelho feita de veludo e claro, com seus coturnos pretos.

Quando finalmente conseguiu alcançar Chloe pelos corredores as duas se sentaram em uma mesa, quando uma garota chamada Susie Summer foi se aproximando da garota de olhos castanhos.
- Pensei que a comida nojenta dessa escola estava cheirando à esgoto, mas aí eu percebi que era só a Chloe Stevens ou então, a mendiga com um pai farmacêutico. – Falou em um tom debochado.
Chloe apenas baixou sua cabeça em resposta para a maior.
A ruiva vendo a situação levantou-se da cadeira, ficando cara a cara com a garota:
- É melhor ter um pai farmacêutico presente, do que um pai empreendedor de sucesso que vê sua filha uma vez no mês, deve ser porquê nem mesmo o seu pai aguenta ter uma primogênita como você.
Susie arregalou seus olhos azuis, que pareciam um pouco marejados com o tom de voz escolhido pela ruiva, e se afastou da mesa.
- Tá pegando pesado demais. Vai com calma ruiva. – Comentou Kevin, enquanto se juntava as amigas na mesa.
- Eu acho que você pegou pesado demais Anne. – Disse Chloe concordando com o garoto.
A ruiva tirou seus olhos de sua salada e os direcionou para a amiga de cabelos loiros:
- Essa garota é uma babaca com você! Como ainda pode sentir pena dela? – Disse Anne em um tom firme.
- Eu só acho que você pegou numa ferida dela, só isso. – Disse a amiga em um tom ainda meio chateado pelas palavras de Susie.
Anne percebendo que a amiga estava meio entristecida, disse:
- A Susie Summer é uma puta que só fala merda agora, coloca um sorriso nesse rosto e termina seu sanduíche vai. – Falou tentando animar Chloe.
- Valeu Anne. – Disse a loira tentando forçar um sorrisinho de canto.
Tentando cortar o clima pesado Kevin começou a falar sobre um novo filme de ação que seus atores preferidos estavam participando.
Kevin tinha o cabelo castanho, na altura das orelhas. Não era grande, mas parecia que se o mesmo o deixasse crescer um pouquinho mais, com certeza nasceriam alguns cachos ali. O garoto também era dono de um par de olhos verdes claros - do qual as garotas costumavam achar um chame. Apesar das roupas que usava, podia era notável que existia um abdômen e braços definidos debaixo daquele pano.
Naquele dia usava uma regata de moletom branca e uma jaqueta cara preta, juntamente a uma calça jeans no mesmo tom de sua jaqueta.

Enquanto isso, Chloe se encontrava totalmente dispersa em seus pensamentos:
- O que acha Chloe? – Disse o amigo chamando atenção da mesma.
- hm? O que disse? – Falou ainda um pouco dispersa.
- Tá no mundo da lua? Eu e Anne vamos assistir o lançamento de amanhã nos cinemas, vamos? – Disse Kevin olhando para a amiga.
- Não vai dar gente, eu vou viajar. - Disse a menina. Apesar de parecer triste, alguma coisa indicava que a mesma estava determinada a fazer aquilo.
- E só nos diz isso agora?! Para onde vai? Nova Iorque, Los Angeles ou Madrid? – Perguntou Anne com certo entusiasmo, enquanto o garoto de olhos verdes olhava animado para a amiga.
— Eu vou até a casa de uma tia distante, no final dessa tarde. – Disse Chloe, enquanto tomava um pouco de seu suco.
— Nossa, Chloe. E porquê não nos avisou antes? Poderíamos ao menos ter feito alguma despedida. - Falou Anne um pouco chateada.
— Desculpe, Anne. É que eu decidi ir de última hora, então..
— Vamos fazer um vídeo chamada a noite então. – Sugeriu Kevin tentando cortar aquele clima.
- Bom, lá não tem internet.– Disse a amiga usando o mesmo tom de voz confuso de antes.
- Anne e Kevin trocam olhares, e o garoto dirige a palavra a Chloe:
- E quanto tempo ficará? – Disse o amigo tentando esconder sua decepção.
- Eu ainda não sei ao certo, talvez uns cinco meses... – Disse ainda olhando para o sanduíche que não terminou de comer.
Anne estava achando tudo aquilo muito estranho, de uns meses para cá sua melhor amiga agia de forma esquisita, só usava moletons e seu jeito feliz havia mudado, mas ficou sabendo por algumas pessoas que seus pais estavam enfrentando uma crise no casamento, e até estavam cogitando o divórcio então, a garota pensou que até faria bem para sua amiga visitar uma parente longe de toda aquela confusão. Anne retirou uma correntinha de ouro que havia ganhado de seu pai, que tinha a seguinte frase escrita.
"A noite irá se pôr e o escuro e o frio tomarão conta da madrugada, mas o caloroso sol voltará a brilhar pela manhã, e com ele uma nova razão de viver. "
A ruiva termina de retirar seu cordão, e estende sua mão esquerda em direção à Chloe.
- Para que se lembre de mim durante esses cinco meses. – Disse Anne em um tom reconfortante que raramente usava.
- O que? Não Anne! Este colar foi presente de seu pai, não posso aceitar. – Falou Chloe um tanto quanto perplexa, pelo presente da amiga.
Anne soltou um sorrisinho de canto, e falou com o mesmo tom de voz utilizado anteriormente:
- Por favor, aceite. Você é o ser com quem mais me importo, e quero que se lembre dos meus olhos todas às vezes de que olhar para ele. – Disse Anne enquanto colocava o cordão nas mãos de sua amiga, e fechava a palma da mesma lhe dando um selinho demorado em sua mão, e finalmente, soltando suas mãos. – Cuida dele por mim? É promete se lembrar da sua água de salsicha (apelido carinhoso que a loira a chamava) – Falou a ruiva.
- É claro que eu cuido. E por mais que eu quisesse, eu nunca poderia te esquecer de você Anne. – Disse Chloe abrindo as mãos e vendo a correntinha, e dando um sorriso de canto.
- Permita-me senhorita. – Anne disse enquanto levantava da cadeira e ia até Chloe, calmamente pegou o colar de suas mãos e levou até o pescoço, colocando-a em sua melhor amiga. Anne tira um espelhinho do bolso de sua saia e o abre, fazendo a loira admirar como o colar tinha ficado em seu pescoço:
- Ficou muito melhor em você. – Falou Anne enquanto tira suas pupilas do espelho e as direciona até Chloe, e aconchegando sua cabeça em seu ombro.
- Eu também tenho algo para você.
Chloe tirou de sua mochila dois anéis pretos.
- Se lembra deles? – Ela disse.
- Aí meu Deus Chloe! Onde você os achou?
- Se lembra daquela caixa de lembranças que fizemos aos seis anos? Então, há algumas semanas eu estava mexendo em algumas caixas no sótão de casa, e encontrei uma caixa toda enfeitada de papelão com nossos nomes, e resolvi abri-la e encontrei várias lembranças nossas e com elas estes anéis. – Chloe terminou dando um piscar de olhos. – Promete não se esquecer de mim Anne Jophson?
- Nem nos meus piores pesadelos poderia me esquecer de você Chloe Stevens. – Disse enquanto puxava sua amiga para um abraço.
Anne afasta Chloe e pega um dos anéis, a mesma estende a mão da loira e coloca em seu dedo anelar um dos anéis:
- Melhores amigas? – Perguntou a ruiva.
Chloe olha para sua mão e sorri, ela pega o outro anel que estava na mesa do refeitório, e coloca também no dedo de sua amiga.
- Até que a morte nos separe. – Respondeu a loira
- Desculpa interromper o momento casal, mas eu tô aqui tá? – Disse Kevin em um tom de ironia, que fez as duas rirem, se juntando para um abraço coletivo.
- Esse momento merece uma foto! – Disse Anne sorrindo.
A mesma pega uma Polaroid em sua mochila e fotografa o momento especial. Segundos após o flash da câmera o sinal toca, chamando a atenção de todos os alunos para voltarem a aula.
Kevin revira os olhos fazendo as meninas rirem, e assim cada um deles seguem para a sua sala.
Já no final do dia Anne encontra com Chloe no corredor de seus armários:
- Vai trabalhar no teatro hoje? – Perguntou Anne.
- Não, hoje irei para casa. – Respondeu Chloe forçando um sorriso curto.
- Então, posso te dar uma última carona de Porsche? – A menina de roupas de marca disse.
- Para de drama! Você vai achar outra pessoa para andar de Porsche. – Disse a loira em um riso baixo.
- Por que precisaria arranjar outra pessoa para andar comigo? Você estará de volta em cinco meses. – Falou Anne enquanto terminava de guardar seus livros no armário do colégio.
- Cinco meses...é claro que estarei. - Disse Chloe em um tom de suspiro.
-Vamos? – Falou a ruiva enquanto entendia sua mão, para a amiga.
- Claro. – Disse a garota de olhos castanhos entrelaçando seus dedos nos de sua amiga.
Anne e Chloe caminharam juntas até o estacionamento, e a ruiva abriu o carro. A viagem foi como sempre, as amigas conversaram assuntos aleatórios, deram risadas das mesmas piadas e falaram mau das mesmas pessoas. Quando Anne chegou até a casa de sua amiga estacionou o carro em frente à casa da família:
Até daqui a cinco meses minha gostosa (apelido usado somente quando as duas estavam sozinhas) – Falou Anne dando um selinho na bochecha de Chloe.
- Vê se não faz nenhuma merda enquanto eu estiver fora, por favor. – Falou a menina enquanto pegava sua bolça.
- São só cinco meses, acho que consigo. – Disse Anne em um tom irônico.
- Eu sei, mas talvez esses cinco meses passem devagar e podem ser dolorosos, mas nunca se esqueça do quanto eu te amo. – Falou a loira que a cada palavra que dizia, mais parecia um sussurro.
- Do que está falando Chloe? Dolorosos? – Anne franziu o cenho enquanto olhava fixamente para a amiga.
- Quis dizer que talvez fique com saudade, já que nunca ficamos tanto tempo separadas, mas eu sei que dará conta. – Falou Chloe em um tom consolador.
Anne estava achando tudo muito confuso, mas preferiu não contestar a amiga, e apenas balançou a cabeça em concordância:
- Vou tentar não fazer nenhuma bobagem, amo você. – Disse a ruiva.
- Amo você. – Disse puxando a garota de olhos de mel para um longo abraço.
Chloe saiu do carro e caminhou até a farmácia de seus pais (que era embaixo de sua casa). Antes de entrar pela porta de madeira branca a garota se virou para trás, e avistou sua melhor amiga esperando que entrasse para ligar o carro novamente a loira deu um sinal de confirmação para Anne, indicando que a mesma poderia ir.
Ao entrar na farmácia de seus pais, os viu discutindo em um tom alto:
- Não tem como continuarmos assim Richard!! – Disse a mãe de Chloe.
- Eu vou dar um jeito Mary! Me diga o quer que eu faça! Eu posso abrir de noite, podemos transformá-la em uma drogaria vinte e quatro horas, ou sei lá! Só me diga o que quer! – Disse o pai da garota em um tom firme e um pouco alto.
- O que eu quero?! Quer mesmo saber? Eu quero que Chloe tenha uma adolescência feliz! A minha filha trabalha em um teatro para ajudar nas despesas, fora o esforço que teve para conseguir uma bolça de cem por cento! – Respondeu Mary aumentando seu tom de voz a cada palavra que dizia.
A garota de cabelos loiros continuava parada na porta do estabelecimento, quando seus pais perceberam sua presença tentaram dizer algo, mas Chloe correu até seu quarto, e apenas fechou sua porta.
Não aguentando mais a mesma se joga em sua cama, e apenas se desaba em suas próprias lágrimas. A vida de Chloe não estava sendo fácil, seus pais pensavam em se separar, Chloe sofria bullying, tinha medo de perder sua bolça escolar devido as suas notas estarem caindo, e ainda por cima, ela havia sido estuprada.

A Perfeição é imperfeita (romance lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora