Como devo te chamar?

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Amanheceu, era domingo. O lado bom disso era que não tinha que dar aulas naquele dia, o lado ruim é que teria que fazê-lo no dia seguinte, e o lado pior ainda era que tinha que descobrir como lidar com a pequena coisa agarrada a suas roupas.

O homúnculo segurava fortemente o pijama do homem, com um sorriso idiota de quem parecia estar tento um sonho muito bom, e com saliva escorrendo pelo canto de sua boca. Era um milagre que Severus não o tivesse esmagado durante a noite, tendo em vista que o homem tinha muitos sonhos ruins e sempre rolava bastante enquanto dormia. (Mas, por algum motivo, tinha dormido muito tranquilamente na noite passada. Que estranho, não?).


Levantando calmamente para que o monstrinho não acordasse (o que funcionou muito bem, visto que este continuou roncando baixinho) Severus foi ao banheiro para fazer sua higiene matinal, deixando a camisa de seu pijama para trás, servindo de cama para o pequeno.
Tomou um banho morno e demorado, para recuperar as energias. Escovou os dentes e penteou os cabelos, enrolou uma toalha na cintura e saiu para buscar suas tão costumeiras roupas pretas, se preparando para mais um novo dia.


Quando voltou, percebeu que o homúnculo havia acordado, mas fora do comum, não estava chorando: seus olhinhos estavam entreabertos, e sua boca abria em um longo bocejo. Talvez o sono não o tenha deixado perceber a ausência de Severus.


O professor jamais admitiram, mas aquela visão era sem sombra de dúvidas adorável.


A criatura coçava os olhos enquanto terminava de acordar, e percebendo que seu criador já não estava mais na cama, se sentindo abandonado e começou a berrar mais uma vez. Não percebendo o homem que estava a poucos paços de distância o encarando do lado do guarda-roupa.


-Escute aqui.- começou Severus se aproximando da cama enquanto abotoava sua camisa- Se você continuar chorando assim, eu não vou nem ligar para toda a fortuna que estarei perdendo, eu vou jogá-lo pela janela!- ameaçou com um grito, já sem paciência em pleno começo de manhã.


Como era de se esperar, a ameaça não funcionou e o pequeno chorou mais ainda.


-Ok, ok, me desculpe...- falou o homem se sentando na cama derrotado, pegando sua criação nas mãos com cuidado.- Eu não vou atirar você pela janela está bem? Não vou te machucar. Só pare de chorar, por favor...- implorou, mesmo que ele não tivesse o costume de implorar.


Aos poucos, a criaturinha foi se acalmando com as palavras calmas e o carinho que recebia na cabeça. Em pouco tempo, nem parecia que já tinha chorado em algum momento da vida, apenas sobrando um sorriso bobo, acompanhado de uma risadinha.


-Isso, viu só? Não há razão para ter medo, pequeno...


"PEQUENO?!" Gritou Severus mentalmente depois de perceber o que havia falado, largando o homúnculo na cama, que ralhou se sentindo abandonado. "Por quê raios eu estou sendo tão gentil com essa bolota de carne mal desenvolvida? Ele é apenas um experimento que vou vender depois. Eu não posso crer em mim mesmo, devo estar enlouquecendo..." concluiu balançando a cabeça para afastar qualquer pensamento estranho.


-Vamos apenas tomar café da manhã logo.- falou o homem se levando.- Venha aqui...- chamou estendo a mão e se dando conta de algo enquanto o serzinho subia em suas mãos: Como deveria chamar o homúnculo?


Mesmo que seja só um experimento, teria de ficar com ele por um bom tempo até redescobrir a fórmula que usou e preparar todos os documentos necessários para patentear sua descoberta, não poderia ficar apenas o chamando de "coisa" ou "homúnculo" o tempo inteiro.

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⏰ Última atualização: May 03 ⏰

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