epílogo. here comes the sun

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As chaves fizeram um barulho gostoso quando caíram em cima do pote de vidro colorido que Taehyung fez na faculdade no ano passado

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As chaves fizeram um barulho gostoso quando caíram em cima do pote de vidro colorido que Taehyung fez na faculdade no ano passado. Ele ficou orgulhoso de ter conseguido mexer com o vidro quente e se empolgou ao colocar os estilhaços de diferentes cores na mistura translúcida, mas dourada pela temperatura abrasiva do fogo. A peça ficou bonita, tinha um formato estranho, quase como uma flor ao desabrochar no início da primavera, com algumas rugas e fissuras do uso frequente. Jeongguk gostou. Gostou tanto que decidiu que lá seria o lugar ideal para colocar as chaves e moedas perdidas, ou qualquer quinquilharia que pudessem encontrar por aí.

Acumular pequenos objetos faz parte dos costumes que um casal cria ao morar junto. Era natural que Taehyung e Jeongguk, portanto, fizessem o mesmo.

E ter pequenos costumes, dentro de sua casa com Taehyung, era o que fazia Jeongguk feliz.

Taehyung, os costumes e a casa deles.

Ou melhor, Taehyung, os costumes e o apartamento deles.

Era um pequeno apartamento, ok, situado em uma rua estreita, com uma calçada que só cabia duas pessoas em pé, mas extremamente aconchegante. Jeongguk amava os postes com lâmpadas redondas que faziam a noite ser clara e laranja. Amava as vizinhas idosas que cultivavam plantas e atraíam passarinhos e joaninhas para as varandas. Amava os beija-flores e amava o parque que ficava à esquerda, duas quadras a frente e do lado de uma padaria francesa, à l'ancienne.

Era perfeito e cheirava a paz e a amor. Cheirava a Taehyung com uma xícara de café, preso na varanda estreita, mas com grades brancas, atrás de um quadro enorme de pintura, tentando, da forma mais bela do mundo, pintar o céu. Paisagismo era o forte dele.

E tatuagens também.

Taehyung se inscreveu em um curso de tatuagem no mês passado e Jeongguk morria de orgulho dele.

O apartamento também tinha janelas grandes, no estilo antigo e colonial da palavra; arcos redondos no topo e parapeitos grossos. Mas, quando o sol batia nelas, no fim da tarde, a sala toda ficava laranja, e a visão do cabelo de Taehyung brilhando contra o contraste quente, trazia Jeongguk de volta para a rota 66, lugar onde toda essa história começou.

Taehyung também fez questão de pintar todas as paredes, não poupou uma sequer, e Jeongguk também não se importou com a escolha peculiar dos móveis e com o ladrilho amarelo da cozinha, bem como o tapete branco com a mancha rosa, fruto de quando Jeongguk inventou de transar com Taehyung enquanto segurava uma taça de vinho tinto. Era bonito e deles. Exatamente como era.

Jeongguk riu com a lembrança.

— Taehyung? — gritou para o vazio, checando, com o olhar, se algum sinal de que ele passou por ali se mostrava explícito o bastante.

O casaco estava jogado em cima do sofá azul e os chinelos estavam na porta, junto com todos os outros. A cozinha, no entanto, parecia intacta.

Jeongguk desamarrou os tênis e os colocou na sapateira. Agora, descalço, ele pôde sentir o contato da madeira com a sola dos pés; fresquinho.

You Are A Cosmic Child | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora