Mais de quatro anos que sou completamente, perdidamente apaixonada pelo meu melhor amigo.
Nesse tempo já pensei em contar pra ele, pensei em me distanciar, vi ele se apaixonando por outra, beijando outra, namorando outra e também os vi terminar.
Não é possível que ele nunca tenha sentido nada por mim. Aqueles olhares e aqueles sorrisos sem jeito, tem que significar alguma coisa!
Talvez não tenha nada demais entre nós dois e eu esteja apenas me iludindo sozinha.
Já tem uma meia hora que cheguei na casa dele. A gente combinou de assistir alguma coisa, é uma tradição nossa no final de semana. Como tenho uma cópia da chave, posso entrar e esperar por ele.
Em poucos minutos ele entra pela porta e caminha em minha direção para me dar um abraço. Não posso evitar o frio na barriga quando nossos corpos se juntam.
Ele tenta se afastar, mas eu continuo o segurando, então ele me abraça novamente. Ficamos assim por alguns instantes. Afundo meu rosto na curva de seu pescoço e inspiro, sentindo o cheiro dele. Eu poderia fazer isso pra sempre.
- Tá tudo bem?- ele se afasta me olhando nos olhos.
- Tá sim!- respondo desviando o olhar. Não consigo encará-lo por muito tempo. É uma tortura!
- Ei, olha pra mim!- ele segura meu queixo, me fazendo olhar para ele. -Você tem certeza? Sabe que pode me falar.
- Não... Eu não posso!- sinto um nó na garganta e meus olhos marejam. Ultimamente tenho andado muito sensível, qualquer coisa me faz chorar. Não que isso não seja um bom motivo para chorar. É claro que é! Só eu sei o quanto é difícil esconder isso. Lutar contra a vontade de beijá-lo quando estamos assim tão próximos e, não conseguir dizer a ele, o quanto eu o amo, por medo de arruinar nossa amizade e acabar perdendo meu melhor amigo. Uma das pessoas mais importantes da minha vida. Isso dói. Machuca!
- Como assim, não pode me contar? Olha pra mim. Me diz oque aconteceu!- ele segura meu rosto com as duas mãos, juntando nossas testas. Eu desabo em lágrimas.
- Eu preciso ir. Não dá!- eu o afastado, pego minha bolsa em cima do sofá e quando estou prestes a abrir a porta para ir embora, sinto a mão do moreno em meu pulso. Ele me segura, me fazendo ficar de frente para ele.
- Me solta Richarlison!- desabo novamente.
- Ei, vem cá! Calma. Tá tudo bem!- ele me abraça forte. Enterro minha cabeça em seu peito e continuo a chorar. Ele fica em silêncio alí comigo.
Uma mão acariciando minha nuca e outra, meu ombro.
E então ele me faz olhá-lo novamente. Não falamos nada, apenas ficamos assim, analisando o rosto um do outro. Uma de suas mãos acaricia minha bochecha. Seu toque me acalma.
É tudo o que eu preciso!
E então, sou surpreendida com um beijo. Um beijo calmo.
Seus lábios macios pressionam os meus, revivendo as borboletas mortas em meu estômago. Uma de suas mãos segura os cabelos em minha nuca, de uma forma carinhosa. Nossas línguas se encontram, o beijo se aprofunda, mas continua sereno e assim, permanece até que o ar se faça ausente em nossos pulmões.
- Por que voc...- sou interrompida.
-Por que acha que terminei com ela?
Não tem um dia em que eu não pense em como seria estar com você. Em como seria acordar e ver você do meu lado. Eu tentei mentir pra mim mesmo. Tentei me convencer de que eu amava ela e não você. Mas eu não consegui. Eu amo você!-
- Eu te amo!- sorrimos um para o outro e voltamos a juntar nossos lábios.
